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Papa: Igreja sair¨¢ das tempestades mais bela e purificada

As afli??es e as alegrias na Igreja marcaram o discurso do Papa Francisco aos membros da C¨²ria Romana, por ocasi?o do Natal.

Bianca Fraccalvieri ¨C Cidade do Vaticano

O Papa Francisco recebeu na manhã desta sexta-feira os seus colaboradores da Cúria Romana, para as felicitações de Natal ¨C uma das audiências mais tradicionais e aguardadas do ano ()

Como nos anos precedentes, o Pontífice fez um longo discurso, franco, falando das mazelas e das alegrias que afligem o trabalho de quem se dedica à Igreja.

Ouça a reportagem com a voz do Papa Francisco

Tempestades e furacões

¡°No mundo turbulento, a barca da Igreja viveu este ano e vive momentos difíceis, sendo acometida por tempestades e furacões¡±, analisou o Papa.

¡°Entretanto, a Esposa de Cristo prossegue a sua peregrinação entre alegrias e aflições, entre sucessos e dificuldades, externas e internas. Com certeza, as dificuldades internas continuam sempre a ser as mais dolorosas e destrutivas.¡±

Aflições

Para o Pontífice, muitas são as aflições, citando os migrantes que encontram a morte ou aqueles que, ao sobreviverem, acham as portas fechadas. ¡°Quanto medo e preconceito!¡±, lamentou Francisco.

¡°Quantas pessoas e quantas crianças morrem diariamente por falta de água, comida e remédios! Quanta pobreza e miséria! Quanta violência contra os frágeis e contra as mulheres! Quantos cenários de guerras declaradas e não declaradas! Quantas pessoas são sistematicamente torturadas.¡±

Francisco falou também que se vive hoje uma ¡°nova era de «mártires»¡±. ¡°A cruel e atroz perseguição do Império Romano parece não conhecer fim¡±, constatou.
Outro motivo de aflição apontado pelo Papa é o contratestemunho e os escândalos de alguns filhos e ministros da Igreja através do flagelo dos abusos e da infidelidade.

Abusos

¡°Desde há vários anos que a Igreja está seriamente empenhada em erradicar o mal dos abusos¡±, garantiu o Pontífce.

Hoje, afirmou o Papa, também existem homens consagrados que ¡°cometem abomínios e continuam a exercer o seu ministério como se nada tivesse acontecido; não temem a Deus nem o seu juízo, mas apenas ser descobertos e desmascarados¡±.

Francisco então foi contundente:

¡°Fique claro que a Igreja, perante estes abomínios, não poupará esforços fazendo tudo o que for necessário para entregar à justiça toda a pessoa que tenha cometido tais delitos. (...) Esta é a opção e a decisão de toda a Igreja.¡±

A propósito, o Pontífice citou o encontro de fevereiro próximo, no Vaticano, com todos os presidentes das Conferências Episcopais, para reiterar a vontade da Igreja de prosseguir pelo ¡°caminho da purificação¡±.

Ainda sobre o tema dos abusos, Francisco agradeceu o trabalho dos jornalistas ¡°que foram honestos e objetivos e que procuraram desmascarar estes lobos e dar voz às vítimas¡±.

¡°Por favor, ajudemos a Santa Mãe Igreja na sua tarefa difícil que é reconhecer os casos verdadeiros distinguindo-os dos falsos, as acusações das calúnias, os rancores das insinuações, os boatos das difamações.¡±

Aos abusadores, o Papa pediu que se convertem e se entreguem à justiça humana e se preparem para aquela divina.

Infidelidades

Outra aflição apontada por Francisco é a da infidelidade, citando o famoso provérbio: «De boas intenções, o inferno está cheio».

São as pessoas que ¡°traem a sua vocação, o seu juramento, a sua missão, a sua consagração a Deus e à Igreja; aqueles que se escondem, por detrás de boas intenções, para apunhalar os seus irmãos e semear joio, divisão e perplexidade; pessoas que sempre encontram justificações, até lógicas e espirituais, para continuar a percorrer, imperturbáveis, o caminho da perdição¡±.

Para fazer resplandecer a luz de Cristo, portanto, o Papa recorda que todos temos o dever de combater a ¡°corrupção espiritual¡±.

Alegrias

Francisco deixou para o final do seu discurso os motivos de alegrias:

¡°O bom êxito do Sínodo dedicado aos jovens. Os passos realizados até agora na reforma da Cúria: os trabalhos de clarificação e transparência na economia¡± são alguns deles.

Também são motivos de alegrias os novos Beatos e Santos, de modo especial os recentes dezanove mártires da Argélia.

Acrescentam-se o aumento do número de fiéis, as famílias e os pais que vivem seriamente a fé e a transmitem diariamente aos próprios filhos e o testemunho de muitos jovens que escolhem ¡°corajosamente¡± a vida consagrada e o sacerdócio.

¡°Um verdadeiro motivo de alegria é também o grande número de consagrados e consagradas, bispos e sacerdotes, que vivem diariamente a sua vocação com fidelidade, em silêncio, na santidade e abnegação. São pessoas que iluminam a escuridão da humanidade, com o seu testemunho de fé, esperança e caridade.¡±

Transformar as trevas em luz

O Santo Padre recordou que a força de toda e qualquer instituição não reside em ser composta por homens perfeitos, mas na sua vontade de se purificar continuamente:

¡°Por isso, é necessário abrir o nosso coração à verdadeira luz: Jesus Cristo. Ele é a luz que pode iluminar a vida e transformar as nossas trevas em luz.¡±

O Papa concluiu seu discurso com uma mensagem de esperança, recordando que o Natal dá a certeza de que ¡°a Igreja sairá destas tribulações ainda mais bela, purificada e esplêndida¡±.

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21 dezembro 2018, 11:15