Papa no Angelus: “Nenhuma doença é causa de impureza"
Silvonei José - Cidade do Vaticano
“Nestes domingos, o Evangelho, segundo a narração de Marcos, nos apresenta Jesus que cura os doentes de todos os tipos. Neste contexto, se insere bem o Dia Mundial dos Enfermos que se celebra precisamente hoje, 11 de fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes. Portanto, com o olhar do coração dirigido à gruta de Massabielle, contemplamos Jesus como o verdadeiro médico dos corpos e das almas, que Deus Pai enviou ao mundo para curar a humanidade, marcada pelo pecado e suas consequências”. Com essas palavras o Papa Francisco iniciou a sua alocução que precedeu a oração mariana do Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro, no Vaticano.
O estigma social jamais deve nos afastar daqueles que sofrem. “Nenhuma doença é causa de impureza: a doença certamente envolve toda a pessoa, mas de modo algum afeta ou impede seu relacionamento com Deus. Pelo contrário, uma pessoa doente pode estar ainda mais unida a Deus”, disse o Papa Francisco.
“O pecado, esse sim nos torna impuros!”, disse o Pontífice enfatizando que “o egoísmo, o orgulho, o entrar no mundo da corrupção, essas são doenças do coração das quais é preciso sermos purificados, dirigindo-se a Jesus como o leproso: ‘Se queres, tens o poder de purificar-me'. “Ao ouvir isso - recordou o Papa – Jesus sente compaixão, muito importante para fixar a atenção sobre essa ressonância interna de Jesus, como fizemos longamente durante o Jubileu da Misericórdia. Não se entende a obra de Cristo, não se entende o próprio Cristo, se não entrarmos no seu coração cheio de compaixão. É isso que o leva a estender a mão ao homem que sofre de lepra, tocá-lo e dizer-lhe: “Eu quero, fica purificado”.
“No Antigo Testamento – recordou Francisco - era considerado uma grave impureza e comportava a separação do leproso da comunidade. A sua condição era realmente dolorosa, porque a mentalidade do tempo o fazia sentir-se impuro diante de Deus e dos homens”.
Segundo o Papa, “o fato mais perturbador é que Jesus toca o leproso, porque isso era absolutamente proibido pela lei mosaica. Tocar um leproso significava ser também contagiado também dentro, no espírito, isto é, tornar-se impuros. Mas, neste caso, o influxo não vai do leproso a Jesus para transmitir o contágio, mas de Jesus ao leproso para dar-lhe a purificação. Nesta cura, admiramos, além da compaixão, também a audácia de Jesus, que não se preocupa nem com o contágio, nem com as prescrições, mas é movido somente pela vontade de libertar aquele homem da maldição que o oprime”.
Então o Papa pediu aos fiéis presentes na Praça São Pedro para fazerem um exame de consciência e depois repetir com ele as palavras do leproso: ‘Se queres, tens o poder de purificar-me'. “Toda vez que nos aproximamos do sacramento da Reconciliação com o coração arrependido, o Senhor – explicou Francisco - repete também a nós: “Eu quero, fica purificado!”. Assim a lepra do pecado desaparece, voltamos a viver com alegria o nosso relacionamento filial com Deus e somos readmitidos plenamente na comunidade”.
Francisco concluiu invocando a intercessão da Virgem Maria, Nossa Mãe Imaculada: “peçamos ao Senhor, que trouxe aos enfermos a saúde, que cure também as nossas feridas internas com a sua infinita misericórdia, para assim nos dar novamente a esperança e a paz do coração”.
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