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O Papa Francisco estará aqui sexta-feira, 19 de janeiro O Papa Francisco estará aqui sexta-feira, 19 de janeiro  

P. Maldonado: indígenas e meio ambiente, os desafios do Papa

A reportagem do Pope foi até Las Pampas, a planície devastada pelo extrativismo ilegal onde a Caritas instaurou um projeto de resgate social.

Cristiane Murray – Puerto Maldonado

Deixando a cidade de Puerto Maldonado e dirigindo-se a sudoeste, rumo a Cusco, encontra-se uma região conhecida como ‘Las Pampas’, uma enorme e antigamente verde planície atualmente devastada pelos efeitos da mineração ilegal. Rica de rios e de ouro, grupos extrativistas escavaram esta terra com tratores em busca do metal precioso ao ponto que hoje mais parece um pântano. Um enorme lamaçal de águas contaminadas onde ao invés de peixes, boiam apenas dejetos de plástico. Um cenário desolador.

A atuação da Igreja na conversão 

A Igreja, através da Caritas, interveio com uma obra de resgate social destes povos, em maioria migrantes provenientes da ‘serra’  à procura de maiores ganhos.

Capacitando lideranças, sobretudo mulheres, foi instituída uma cooperativa de agricultores que cultivam principalmente cacau. Pessoas que eram submetidas a um trabalho à beira da escravidão, clandestino, agora cuidam de suas hortas e vendem diretamente o fruto de sua produção. De maio a agosto, é temporada de cacau; no resto do ano, a safra é variada. Readquiriram dignidade.

Pequeno centro é referência para os migrantes

Na pequena cidade de Santa Rosa, vivem 5 mil pessoas que contam com escolas e posto de saúde. Com transporte direto para Puerto Maldonado, recebe nestes dias grupos de índios provenientes do Departamento de Madre de Dios. É um ponto de concentração e partida para o Coliseu e a Esplanada aonde poderão ver o Papa Francisco sexta-feira (19/01).

Papa ouve os mais pobres e desprezados

O Papa, que como afirma o Presidente do CIMI e Arcebispo de Porto Velho, Dom Roque Paloschi, “não vem para ser o dono da verdade, mas vem para juntos construir caminhos de esperança e solidariedade, numa atitude sempre presente nas viagens do Bispo de Roma, acostumado a escutar os clamores dos mais pobres, daqueles que o mundo despreza, para assim poder ser voz que ressoa e interpela as consciências da humanidade, especialmente de quem detém o poder político e econômico”.

A cidade se prepara e se sente no ar o clima novo

Quem já está aqui em Puerto Maldonado começa a perceber a mudança no ritmo de vida da cidade. Policiais patrulham praticamente todas as esquinas e em algumas áreas, somente os credenciados podem passar.

O movimento é grande especialmente na sede da Caritas, situada ao lado da Catedral, onde são distribuídos passes, assim como na vizinha Rádio Madre de Dios. Reuniões do bispo com o clero, autoridades e membros da organização se sucedem durante todo o dia. Nesta quarta-feira, desembarca na cidade parte da delegação da Rede Eclesial Pan-amazônica, REPAM.  Ao Vice-Presidente, Dom Pedro Barreto, arcebispo de Huancayo, no Peru, somam-se o Cardeal Cláudio Hummes, Presidente,  a assessora, Irmã Irene Lopes, e o Secretário Executivo, Mauricio Lopez, para quem:

“O Papa tem a capacidade de erguer pontes com realidades muito diversas e sua naturalidade e capacidade de tocar os corações fizeram muitos povos indígenas sentirem-se hoje escutados e afirmados. Este é um grande desafio para a Igreja e para a REPAM: prosseguir, de certa maneira, dando substância a tudo aquilo que Francisco está estabelecendo”

Ouça a reportagem de Cristiane Murray
Veja a reportagem

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17 janeiro 2018, 01:01