Papa: Iquique, regi?o que soube acolher diferentes povos e culturas
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco celebrou a missa, nesta quinta-feira (18/01), no Campus Lobito, em Iquique, em honra a Nossa Senhora do Carmo, padroeira do Chile, e pela integração dos povos.
¡°Em Caná da Galileia, Jesus realizou o primeiro de seus sinais milagrosos.¡± Assim, o Pontífice iniciou a sua homilia, citando este versículo do Evangelho de São João.
¡°Este Evangelho que ouvimos, nos mostra a primeira aparição pública de Jesus: nada mais, nada menos que numa festa. Não poderia ser doutra forma, pois o Evangelho é um convite constante à alegria.¡±
¡°Logo no início, o anjo diz a Maria: «Alegra-te». Anuncio-vos uma grande alegria: foi dito aos pastores. O menino saltou de alegria no seio de Isabel, mulher idosa e estéril. Alegra-te, fez Jesus sentir ao ladrão, porque hoje estarás comigo no paraíso.¡±
¡°A mensagem do Evangelho é fonte de alegria: «Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa». Uma alegria que se propaga de geração em geração, e da qual somos herdeiros¡±, sublinhou Francisco citando mais um versículo do evangelho.
¡°Disto, bem vos entendeis vós, queridos irmãos do norte chileno.
As sua festas patronais, as suas danças religiosas (que duram uma semana), a sua música, os seus vestidos fazem desta região um santuário de piedade popular.
De fato, não é uma festa que fica fechada dentro do templo, mas consegue vestir de festa toda a aldeia.
Vocês sabem celebrar cantando e dançando «a paternidade, a providência, a presença amorosa e constante» de Deus.
Deste modo geram em vocês «atitudes interiores que raramente se observam no mesmo grau» naqueles que não possuem tal piedade popular: «paciência, sentido da cruz na vida quotidiana, desapego, aceitação dos outros, dedicação e devoção». Ganham vida as palavras do profeta Isaías: «Então o deserto se converterá em pomar, e o pomar será como uma floresta»."
¡°Neste clima de festa¡±, frisou ainda o Pontífice, ¡°o Evangelho nos apresenta a ação de Maria, para que a alegria prevaleça.
Está atenta a tudo o que acontece ao redor d¡¯Ela e, como boa mãe, não fica parada e assim consegue dar-se conta de que na festa, na alegria geral, acontecera algo: algo que estava para arruinar a festa. E, aproximando-Se de seu Filho, as únicas palavras que Lhe ouvimos dizer são: «Não têm vinho».¡±
"Maria é a Virgem da Tirana, a Virgem Ayquina em Calama, a Virgem das Penhas em Arica, que passa por todos os nossos problemas familiares, aqueles que parecem sufocar-nos o coração, para Se aproximar de Jesus e dizer-Lhe ao ouvido: Olha! «Não têm vinho».
Maria não fica calada, ¡°mas logo se aproxima dos que serviam na festa e lhes diz: «Fazei o que Ele vos disser». Maria, mulher de poucas palavras mas muito concretas, também se aproxima de cada um de nós para nos dizer apenas isto: «Fazei o que Ele vos disser».
E assim se abre o caminho ao primeiro milagre de Jesus: fazer sentir aos seus amigos que eles também participam do milagre. Porque Cristo «veio a este mundo, não para fazer a sua obra sozinho, mas conosco, com todos nós, para ser a cabeça dum grande corpo cujas células vivas, livres e ativas somos nós».¡±
¡°O milagre começa quando os serventes aproximam as vasilhas de pedra com água, destinadas à purificação. Do mesmo modo cada um de nós também pode começar o milagre; mais ainda, cada um de nós é convidado a participar do milagre para os outros¡±, frisou o Papa.
"Uma saída sempre baseada na esperança de obter uma vida melhor, mas sabemos que sempre se faz acompanhar por bagagens carregadas de medo e incerteza pelo que virá."
Eles, sobretudo quantos têm que deixar a sua terra, porque não encontram o mínimo necessário para viver, são ícones da Sagrada Família, que teve de atravessar desertos para continuar a viver.¡±
¡°Esta é terra de sonhos, mas procuremos que continue sendo também terra de hospitalidade. Hospitalidade festiva, porque sabemos bem que não há alegria cristã, quando se fecham as portas; não há alegria cristã, quando se faz sentir aos outros que estão a mais ou que não têm lugar para eles em nosso meio.¡±
¡°Como Maria em Caná, procuremos aprender a estar atentos em nossas praças e aldeias e reconhecer aqueles que têm a vida «arruinada»; que perderam, ou lhes roubaram, as razões para fazer festa. E não tenhamos medo de levantar as nossas vozes para dizer: «Não têm vinho».
O grito do povo de Deus, o grito do pobre, que tem forma de oração e alarga o coração, e nos ensina a estar atentos.
Estejamos atentos à situação de precariedade do trabalho que destrói vidas e famílias.
Estejamos atentos a quem se aproveita da irregularidade de muitos migrantes porque não conhecem a língua ou não têm os documentos em «regra»."
O Papa frisou que ¡°como os servidores da festa, tragamos o que temos, por pouco que pareça. Como eles, não tenhamos medo de «dar uma mão», e que a nossa solidariedade e o nosso compromisso em prol da justiça sejam parte da dança ou do cântico que podemos entoar a nosso Senhor.
Aproveitemos também para aprender e deixar-nos impregnar pelos valores, a sabedoria e a fé que os migrantes trazem consigo; sem nos fecharmos a essas «vasilhas» cheias de sabedoria e história trazidas por aqueles que continuam chegando a estas terras. Não nos privemos de todo o bem que eles têm para oferecer¡±.
¡°Deixemos que Jesus possa completar o milagre, transformando as nossas comunidades e os nossos corações em sinal vivo de sua presença jubilosa e festiva, para experimentarmos que Deus está conosco, para aprendermos a hospedá-Lo no meio de nós. Júbilo e festa contagiosa que nos leva a não excluir ninguém do anúncio desta Boa Nova.¡±
Francisco concluiu a homilia, pedindo a Maria, invocada nestas terras abençoadas do norte sob diferentes títulos, para que ¡°continue sussurrando aos ouvidos de seu Filho Jesus: «Não têm vinho»; e, em nós, continuem a fazer-se carne as suas palavras: «Fazei o que Ele vos disser».¡±
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