Papa: n?o ao clericalismo e a mundos ideais que n?o tocam a vida de ningu¨¦m
Cidade do Vaticano
Após o encontro com os sacerdotes e consagrados, nesta terça-feira (16/01), o Papa Francisco encontrou-se com os bispos do Chile na Sacristia da Catedral, em Santiago.
O Pontífice agradeceu as palavras a ele dirigidas pelo Presidente da Conferência Episcopal Chilena, Dom Santiago Silva Retamales, e a seguir, saudou Dom Benardino Piñera Carvallo, que celebra, este ano, sessenta anos de episcopado. ¡°É o bispo mais idoso do mundo, tanto na idade como nos anos de episcopado e viveu quatro sessões do Concílio Vaticano II. Maravilhosa memória vivente¡±, disse Francisco.
O Papa recordou em seu discurso que, em breve, irá completar um ano da visita ad limina dos bispos chilenos ao Vaticano.
¡°Agora coube a mim visitá-los e fico feliz por este encontro acontecer logo depois do encontro com o «mundo consagrado», pois uma de nossas tarefas principais consiste precisamente em estar perto de nossas pessoas consagradas, dos nossos sacerdotes.¡±
"Uma paternidade que não é paternalismo nem abuso de autoridade. Eis um dom que vocês devem pedir: estar perto de seus padres, com o estilo de São José. Uma paternidade que ajuda a crescer e a desenvolver os carismas que o Espírito quis derramar em seus respectivos presbitérios.¡±
O Papa retomou alguns pontos do encontro realizado em Roma, resumindo-os na frase: ¡°a consciência de ser povo¡±.
¡°Um dos problemas, que enfrentam atualmente as nossas sociedades, é o sentimento de orfandade, ou seja, sentir que não pertencem a ninguém. Este sentir «pós-moderno» pode penetrar em nós e no nosso clero; então começamos a pensar que não pertencemos a ninguém, esquecemo-nos de que somos parte do santo povo fiel de Deus e que a Igreja não é, e nunca será, uma elite de pessoas consagradas, sacerdotes ou bispos.
Esquecermo-nos disso ¨C como afirmei à Comissão para a América Latina ¨C «comporta vários riscos e deformações na nossa experiência, quer pessoal quer comunitária, do ministério que a Igreja nos confiou».
A falta de consciência de pertencer ao Povo de Deus como servidores, e não como patrões, pode-nos levar a uma das tentações que mais danifica o dinamismo missionário, que somos chamados a promover: o clericalismo, que é uma caricatura da vocação recebida.¡±
Segundo o Papa, ¡°a falta de consciência do fato que a missão é de toda a Igreja, e não do padre ou do bispo, limita o horizonte e ¨C o que é pior ¨C reduz todas as iniciativas que o Espírito pode suscitar no meio de nós. Digamos claramente: os leigos não são os nossos servos, nem os nossos empregados. Não precisam repetir, como «papagaios», o que dizemos.
«O clericalismo longe de dar impulso às diferentes contribuições e propostas, apaga pouco a pouco o fogo profético do qual a Igreja inteira é chamada a dar testemunho no coração de seus povos. O clericalismo esquece que a visibilidade e a sacramentalidade da Igreja pertencem a todo o povo de Deus e não só a poucos eleitos e iluminados»¡±.
Francisco convidou a vigiar ¡°contra esta tentação, especialmente nos seminários e em todo o processo de formação. Os seminários devem pôr o acento no fato de que os futuros sacerdotes sejam capazes de servir o santo povo fiel de Deus, reconhecendo a diversidade de culturas e renunciando à tentação de toda forma de clericalismo¡±.
¡°O sacerdote é ministro de Jesus Cristo, o protagonista que Se torna presente em todo o povo de Deus. Os sacerdotes de amanhã devem formar-se olhando para o amanhã: o seu ministério se realizará num mundo secularizado, e isso exige, de nós pastores, discernir como prepará-los para realizar a sua missão nesse cenário concreto e não em nossos «mundos ou situações ideais».¡±
¡°Uma missão que se realiza em união fraterna com todo o povo de Deus. Lado a lado, impelindo e incentivando o laicato num clima de discernimento e sinodalidade, duas caraterísticas essenciais do sacerdote de amanhã.
O Papa convidou a ¡°rezar, pedir ao Espírito Santo o dom de sonhar e trabalhar por uma opção missionária e profética que seja capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um instrumento mais adequado para a evangelização do Chile do que para uma autopreservação eclesiástica¡±.
¡°Não tenhamos medo de nos despojar daquilo que nos afasta do mandato missionário¡±, concluiu o Pontífice.
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