Dom Jurkovič: Papa quer Santa Sé "na linha de frente" na ONU
Cidade do Vaticano
Foi celebrado na terça-feira (24/10) o Dia das Nações Unidas, na data que recorda a entrada em vigor do estatuto da ONU, 24 de outubro de 1945. Na segunda-feira, dia 23, o Papa Francisco recebeu em audiência o observador permanente da Santa Sé no escritório da Onu em Genebra, na Suíça, e em outras organizações internacionais na cidade helvécia, Dom Ivan Jurkovič.
Em entrevista à Rádio Vaticano foi solicitado ao arcebispo esloveno partilhar os temas da audiência com o Pontífice e que se detivesse sobre o papel do Papa e da Santa Sé nas organizações internacionais. Eis o que disse:
Dom Ivan Jurkovič:- “Foi um encontro não somente de encorajamento, mas também de orientação por parte do Papa. Foi um encontro muito importante. Suas primeiras palavras foram: “Vocês estão na linha de frente na ação da Igreja”. Foi mais ou menos o que disse, ressaltando a importância do trabalho que fazemos nas quatro missões da Santa Sé no mundo: em Nova York, em Genebra, em Viena e em Paris.
A atividade da Santa Sé, da Igreja e do Pontificado é muito relevante também junto aos organismos internacionais. Apresentei ao Papa um pouco dos temas específicos da missão da Santa Sé em Genebra. Com certeza, foi importante ressaltar a ação da Igreja em prol do desarmamento. É uma angústia para o mundo; jamais houve tantos armamentos, e jamais se gastou tanto dinheiro como agora. O outro tema diz respeito às migrações, um fenômeno que o Papa chama ‘A face humana da globalização’.”
RV: Para o Papa, qual a importância das Nações Unidas, da qual se celebra seu Dia este 24 de outubro?
Dom Ivan Jurkovič:-&Բ;“A expressão ‘na linha de frente’ surpreendeu-me de certo modo. Para qualquer pessoa que conhece um pouco como o mundo funciona, a Onu é importante. Indubitavelmente, a Onu é criticada e, como todas as grandes instituições, habitualmente é colocada sob a lente de aumento, olhando para as incapacidades que são quase congênitas e não tanto para o potencial que é absolutamente necessário. Porém, o importante é ter um ponto de referência nos momentos difíceis como o que, de certo modo, estamos vivendo agora.”
RV: Em sua experiência de observador permanente junto ao escritório da Onu em Genebra, até onde considera que a voz da Santa Sé, da Igreja, é ouvida, e onde, ao invés, encontra dificuldade?
Dom Ivan Jurkovič: “Creio que provavelmente, apesar de os pontificados das últimas décadas terem tido uma visibilidade enorme, a visibilidade, a sensibilidade do Pontificado do Papa Francisco é muito maior do que talvez tenham sido com os papas precedentes. Por que isso? Em certa medida deve-se ao estilo de Sua Santidade, a seu envolvimento direto em quase todas as questões que são de dor da humanidade. Isso é percebido de modo muito forte pelas organizações internacionais. São muito gratas pela ação da Santa Sé.
Ademais, a figura do Papa, o ensinamento: muitas vezes nos parece que nos são gratos por aquilo que a Igreja faz, a Santa Sé faz. Por outro lado, de modo particular o mundo ocidental está enfrentando um projeto de certo modo dramático relacionado à mudança dos valores tradicionais e, talvez, à atitude para com a religião como escolha de vida.”
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