Três anos de guerra na âԾ: que a Europa seja um ator de paz
Massimiliano Menichetti
Há três anos, em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia e a guerra voltou mais uma vez ao coração da Europa. Foram três anos difíceis em que a morte, o horror, o sofrimento marcaram o coração de milhões de pessoas. Não há números oficiais sobre as vítimas militares e civis. A imprensa de todo o mundo relata o êxodo de quase sete milhões de indivíduos, de acordo com dados das agências das Nações Unidas, que foram obrigadas a deixar tudo para trás para fugir nos países vizinhos que ofereceram hospitalidade ou uma rota de trânsito para outras metas de salvação. No interior do país, nesses meses esmagados pelo rigor de um inverno que chega a atingir vinte graus abaixo de zero, há quase quatro milhões de pessoas deslocadas que buscam abrigo contra a violência. Homens, mulheres, crianças, idosos que, muitas vezes, nas áreas de fronteira sob ataque, vivem em túneis para se proteger das bombas ou dos ataques de drones. Muitas cidades agora estão reduzidas a pilhas de escombros, muitas vezes não há energia elétrica, assim como não há possibilidade de aquecimento, de se alimentar, de assistência médica.
O Papa, na mensagem divulgada neste domingo (23/02) para a oração do Angelus, definiu a data de “dolorosa e vergonhosa para toda a humanidade” e, em todas as circunstâncias, continua a repetir com força que “a guerra é sempre uma derrota” para invocar incansavelmente uma “paz justa e duradoura” e a necessidade de diálogo. A ênfase está toda nesse adjetivo, porque a paz justa se baseia no princípio da equidade, do respeito mútuo e da sustentabilidade ao longo do tempo. Ao mesmo tempo, o caminho da negociação deve ser um compromisso de todos. Portanto, não se trata apenas de parar bombas e tanques, mas de reconhecer os erros cometidos, de ter a coragem de dar um passo atrás, de ver o rosto do outro, de construir e apoiar um sistema que garanta os direitos, a segurança e o bem-estar para todas as partes. Isso significa, por mais difícil que seja, recomeçar juntos.
Até o momento, o caminho percorrido tem colocado armamentos, proclamações e até mesmo hipóteses de cenários nucleares apocalípticos para o mundo inteiro. Os apelos e as tentativas de pôr fim ao conflito não tiveram êxito, mas a esperança não está perdida, assim como a solidariedade de muitas organizações, instituições e pessoas de boa vontade não cessa. São muitos os testemunhos que coletamos e divulgamos nesses anos sombrios: histórias de sacrifício, solidariedade, amor e paixão pela própria terra, pelo humano mesmo diante de torturas, mutilações ou afetos dilacerados, que demonstram a vontade de manter os corações longe do ódio, apesar da agressão sofrida e da consequente defesa, apesar de tantas pessoas soprarem contra a inimizade entre russos e ucranianos.
Há uma necessidade urgente de silenciar toda violência, de reconstruir a confiança, de relançar uma “conferência internacional”, como foi aventada há alguns meses pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, onde se recupere o que foi chamado de “o espírito de Helsinki”. Porque em 1975 foi precisamente a disposição de sentar-se juntos em torno de uma mesa que tornou possível promover a cooperação entre as nações europeias e diminuir as tensões durante a Guerra Fria. Portanto, o apelo também é para que a Europa se redescubra, volte às raízes dos pais fundadores: Robert Schuman, Konrad Adenauer, Alcide De Gasperi, e saiba ser um ator verdadeiramente forte e confiável de paz, de acolhimento e exemplo de fraternidade universal.
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