Col?mbia, as ±¹¾±´Ç±ô¨º²Ô³¦¾±²¹s em Catatumbo e o papel da Venezuela
Giada Aquilino ¨C Pope
Grupos armados que se enfrentam ¡°pelo controle de economias ilegais¡± e lutam por fatias de poder ¡°social e territorial¡±. Durante uma reunião no Conselho de Segurança da ONU, nesta sexta-feira (24/01), em Nova York, o Representante Especial do Secretário Geral da ONU na Colômbia, Carlos Ruiz Massieu, definiu dessa forma os contínuos confrontos no país latino-americano entre guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (Eln) e organizações dissidentes afiliadas às extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Em menos de uma semana, a onda de violência, a pior dos últimos tempos, deixou cem mortos e 32 mil desabrigados na região de Catatumbo, no departamento de Norte de Santander, na fronteira com a Venezuela. Assim, os bispos colombianos - expressando ¡°profunda tristeza¡± pela grave crise humanitária em curso, pedindo a ¡°cessação das hostilidades¡± e a retomada das negociações ¡°com determinação¡± - convocaram um dia especial de oração pela paz neste domingo.
Controle do território
A origem da violência está no ¡°desejo do Exército de Libertação Nacional de fortalecer sua presença na região de Catatumbo¡±, explica Federico Nastasi, pesquisador do Observatório da América Latina e do Caribe do Centro de Estudos de Políticas Internacionais (Cespi). ¡°É uma região no nordeste da Colômbia¡±, continua ele, ¡°onde há uma alta concentração de plantações de coca e é uma área rica em petróleo. O fato de estar na fronteira com a Venezuela é um elemento-chave, porque o Eln é uma guerrilha que nasceu na Colômbia, mas agora é considerada binacional, justamente porque tem esse interior venezuelano onde se refugia em momentos de maior tensão, mas onde também desenvolve suas atividades ilegais, que neste momento são muitas. Elas têm a ver não apenas com o tráfico de drogas, mas também com a mineração ilegal, a extorsão. E controlar o território significa aumentar seu peso político, bem como seus lucros, expandindo em detrimento do grupo Farc, a Frente 33, que foi dissolvida, embora haja uma infinidade de grupos guerrilheiros na Colômbia¡±.
Venezuela, um porto seguro
Na reunião do Conselho de Segurança da ONU, o enviado de António Guterres falou de uma ¡°presença limitada do Estado¡± em várias áreas onde a violência ocorreu. Os municípios onde esses eventos ocorreram são pequenos, estamos falando de áreas agrícolas, pouco povoadas¡±, relatou Nastasi, ¡®portanto, a presença do Estado e, em particular, das forças armadas, é realmente reduzida, também devido à ausência de recursos: em comparação com alguns anos atrás, a Colômbia tem menos investimento no exército¡¯. No entanto, talvez seja interessante ressaltar que os 32 mil deslocados não se deslocam apenas dentro da Colômbia, mas também em direção à Venezuela¡±. O estudioso das dinâmicas latino-americanas também lembra como geralmente se fala ¡°de fluxos de venezuelanos para a Colômbia, mas hoje está acontecendo o contrário: o outro ator principal é, portanto, a Venezuela de Nicolás Maduro, que é o ¡®porto seguro¡¯ no qual esses grupos se refugiam¡±, justamente quando ¡°a Colômbia precisa conversar com Maduro para fazer avançar o processo de paz¡±.
Estado de crise na Colômbia
Devido aos acontecimentos em Catatumbo, o governo do presidente colombiano, Gustavo Petro, proponente do chamado plano de ¡°paz total¡± para o país, proclamou, entretanto, um estado de crise interna e reativou os mandados de prisão para 31 líderes do Eln, congelados nos últimos meses enquanto se aguarda o resultado das negociações de paz lançadas no final de 2022 pelas autoridades de Bogotá com os guerrilheiros. Nos últimos dias, o chefe de Estado havia suspendido as negociações com o Eln, além disso, em um momento particularmente delicado para a nação: de acordo com a ONU, o progresso feito na implementação do acordo de paz de 2016 com as FARC ainda é acompanhado de lentidão, por exemplo, na reforma agrária e na insegurança. ¡°Sem dúvida, há menos violência hoje do que no passado¡±, observa Nastasi, em um contexto no qual alguns atores, no entanto, parecem não ter ¡®nenhuma intenção real de cumprir os pactos que fizeram¡¯ com os acordos anteriores.
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