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“Nossa metodologia é simples, consiste em tratar o preso como pessoa e não como animal na jaula; tentamos implantar uma mudança de mentalidade, não apenas de comportamento, que se torne mais duradoura. Trata-se de uma mudança do coração." “Nossa metodologia é simples, consiste em tratar o preso como pessoa e não como animal na jaula; tentamos implantar uma mudança de mentalidade, não apenas de comportamento, que se torne mais duradoura. Trata-se de uma mudança do coração."  (Courtesy Galleria l’Affiche, Milano © 2019 Margherita Lazzati e Galleria l’Affiche, Milano)

APAC: o método brasileiro que revoluciona a reabilitação dos detentos

Em 1972, nasce a experiência Apac, associação para a proteção e assistência aos criminosos condenados. No Brasil, presos em “reabilitaçãoâ€.

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“Do amor não se escapaâ€: eis o segredo das Apac, instituições penais brasileiras, mais parecidas com comunidades do que com prisões, nas quais se aplica um método de reabilitação da pessoa, levada totalmente em consideração, sem excluir a família e a sociedade. Dedicamo-nos também à promoção da justiça reabilitativa e à ajuda às vítimas de crimesâ€: é o que explica Dênio Marx Menezes, responsável das “Relações Internacionais da Federação Brasileira das Apacâ€, que hoje conta 70 prisões “abertasâ€.

Em pouco mais de 50 anos, as Apac conseguiram reduzir as reincidências para 13%, no caso dos homens, e 2% para as mulheres, no grande país sul-americano, onde a taxa chega a 85%, em comparação com a média internacional de 70%. A este respeito, Dênio Menezes observa: “O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, com quase um milhão de presos. Os principais problemas das instituições tradicionais são a superlotação, a violência e a pertença às gangues... nesta situação não há reabilitação para ninguém!â€.

Por isso, em 1972, nasceu a Apac, “Associação para a proteção e assistência aos criminosos condenadosâ€. No início, esta sigla significava: “Amando ao próximo, amarás a Cristoâ€. Transcorriam os anos setenta, quando o advogado brasileiro, Mário Ottoboni, lançou a ideia de uma prisão sem polícia, sem arame farpado e sem algemas. A primeira, em caráter experimental, foi inaugurada numa região serrana de Minas Gerais. Depois, na década de 1980, pela primeira vez, o Estado confiou aos gestores da Apac todo um pavilhão de presos no presídio de São José dos Campos, em Humaitá, no Amazonas. Assim, começou a história do “terceiro método de reabilitação†de quem cometia crime, que ficava entre a prisão real e a comunidade de reabilitação. Nas Apac, quando os reclusos entravam, eram chamados pelo nome, pois a partir do nome e da sua identidade começava o resgate; a seguir, com a sua própria autogestão, davam um passo fundamental, que os transformava de prisioneiros ou detidos "por outros", em "reabilitação", responsáveis ​​por si mesmos. Enfim, eles não fugiam, porque ninguém foge de um lugar onde se sente respeitado e amado.

“Nossa metodologia é simples – afirma Menezes - porque consiste em tratar o preso como pessoa e não como animal na jaula; tentamos implantar uma mudança de mentalidade, não apenas de comportamento, que se torne mais duradoura. Trata-se de uma mudança do coração. Não devemos esquecer que uma pessoa regenerada é uma arma a menos que circula livremente nas ruasâ€!

“O método Apac – explica ainda o responsável das Apac - abrange uma formação escolar e profissional, atendimento psicológico ou especializado, no caso dos toxicômanos; leva em conta as relações entre os reclusos e seus entes queridos, que os esperam lá fora, mas também o caminho espiritual, o encontro com Deus e a oração. Mas, tudo isso nada adiantaria se faltasse a confiança e amizade. Na prática, o que muda, em relação à prisão tradicional, não é o objetivo, ou seja, a reabilitação pessoal, mas o modo de alcançá-laâ€.

Hoje, a Apac é reconhecida pela ONU como uma excelência no cenário mundial, como diz ainda Dênio Marx Menezes: “A Apac não pertence só ao Brasil, mas é um serviço à humanidade, pois, além de reduzir a reincidência, com seus custos sociais, reduz também os custos econômicos: instituir uma Apac custa três vezes menos que construir uma nova estrutura carcerária; o custo de uma reabilitação Apac, custa também três vezes menos que a manutenção de um prisioneiro na prisãoâ€.

Com o passar dos anos, a experiência da Apac se espalhou pelo Chile, Argentina, Paraguai, Costa Rica, México e Colômbia. Cada um dos Estado adaptou a estrutura e a metodologia ao seu próprio contexto social, econômico e cultural. Além da América Latina, a Apac está presente na Coreia do Sul, Alemanha e Portugal.

“Ultimamente, conclui Dênio Marx Menezes, responsável das “Relações Internacionais da Federação Brasileira das Apacâ€, iniciamos esta atividade também em três países africanos: Malawi, Quênia e Ruanda. Na Itália, há cerca de vinte anos, a realidade da Apac inspira as Comunidades que educam os presos, como a Comunidade João XXIII, que representa um dos principais modelos de alternativas aos cárceres existentes no país.

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14 setembro 2024, 14:44