S¨¦ria escassez no Norte de Darfur: confirmados os piores temores
Pope
Após mais de 15 meses de guerra no Sudão, a catastrófica situação de conflito, a fuga de pessoas e o acesso humanitário limitado causou a fome em um campo, que acolhe centenas de milhares de refugiados na região do Norte de Darfur, no Sudão.
O relatório do ¡°Comitê para o Controle da Fome¡± (IPC) confirma a cruel situação de escassez no campo de Zamzam: esta é ??a primeira conclusão do Comitê, em mais de sete anos e apenas a terceira vez que foi detectada uma fome semelhante, desde que foi criado o sistema de monitorização, há 20 anos. O Comitê adverte que outras áreas do Sudão correm o risco de morrer de fome, se não houver uma intervenção urgente.
A notícia sobre esta escassez confirma os temores da Comunidade humanitária, seguidos por uma recente análise, que mostra um declínio dramático na segurança alimentar e nutricional de 755 mil pessoas, que se encontram em condições catastróficas de fome.
O UNICEF e o Programa Alimentar Mundial (PAM) alertam sobre este risco crescente para o povo sudanês, especialmente para as crianças, se não for enviada ajuda urgente às comunidades encurraladas em focos de conflito, como Darfur, Cartum, Kordofan e Al Jazirah. Mas, a situação continua crítica em todo o país: estima-se que, este ano, 730 mil crianças passarão por desnutrição aguda grave, uma forma de desnutrição com maior risco de vida.
Uma declaração de escassez como esta significa que pessoas, inclusive crianças, estão morrendo de fome, devido a desnutrição e infecções. Ao contrário da crise de Darfur, há vinte anos, esta crise de fome, alimentada por conflitos, estende-se por todo o país, incluindo a capital Cartum e o estado de Jazirah, outrora celeiro do Sudão.
A grave limitação do acesso humanitário é uma das principais causas das condições de fome em Zamzam. Embora o UNICEF tenha conseguido fornecer gêneros alimentícios e terapêuticos, que, em El Fasher, salvam a vida de cerca de 4.000 crianças, gravemente desnutridas, sobretudo no campo de Zamzam, a contínua falta de um acesso seguro e duradouro significa que as necessidades continuam enormes e a distribuição de ajudas humanitárias é imprevisível.
A diretora Executiva do Programa Alimentar Mundial (PAM), Cindy McCain, afirmou: ¡°Precisamos, com urgência, de uma expansão massiva do acesso humanitário para deter a fome, que se instalou no Norte de Darfur, e evitar que se espalhe por todo o Sudão. As partes em conflito devem levantar todas as restrições e abrir novos itinerários de abastecimento, através das fronteiras e as linhas de conflito, de modo que as agências humanitárias possam chegar até às comunidades isoladas para levar alimentos e outras ajudas humanitárias, tão urgentes e necessárias¡±.
¡°Faço um apelo, continua a diretora do PAM, também à comunidade internacional para que intervenha, imediatamente, para garantir um cessar-fogo neste conflito brutal e acabar com a fome no Sudão. É a única forma de reverter uma catástrofe humanitária, que está desestabilizando toda a região africana¡±.
A diretora geral do UNICEF, Catherine Russell, declara: ¡°As últimas notícias confirmam alguns dos nossos piores temores: a escassez, em alguns lugares no Sudão, está infligindo sofrimentos inimagináveis às crianças e famílias, que já sofrem pelo impacto de uma guerra horrível. Trata-se de uma fome totalmente provocada pelo homem. Por isso, apelamos, mais uma vez, a todas as partes em conflito, que proporcionem ao sistema humanitário acesso seguro e sem entraves às crianças e às famílias mais necessitadas. As crianças do Sudão não podem esperar, mas precisam de defesa, serviços básicos e, sobretudo, cessar-fogo e paz".
O UNICEF e o PAM continuam a fazer seus prementes apelos a todas as partes, para que garantam acesso humanitário seguro, sem obstáculos e prolongados, para permitir uma maior expansão da resposta humanitária e permitir que as agências façam suas entregas de alimentos rapidamente. O PAM e o UNICEF deram uma resposta humanitária, em grande escala, com parceiros locais e internacionais, no Sudão e nos países vizinhos, de onde mais de dois milhões de sudaneses fugiram em busca de maior segurança.
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