Mais de 100 casos anuais de abuso infantil s?o tratados pelo Hospital Bambino Ges¨´
Thulio Fonseca - Pope
O Hospital Pediátrico Bambino Gesù, em Roma, trata anualmente mais de 100 novos casos de abuso e maltrato infantil. Em reconhecimento ao Dia Internacional das Crianças Inocentes Vítimas de Agressão, celebrado nesta terça-feira, 4 de junho, a instituição do Vaticano compartilha sua vasta experiência de mais de 40 anos cuidando de menores vítimas de violência, inclusive aqueles vindos de zonas de guerra. Desde 2009, o hospital implementou um procedimento específico de triagem para identificar situações de risco entre os pacientes, registrando mais de 3.000 casos nos últimos 15 anos. A maioria dos abusos detectados envolve negligência ou excesso de cuidado, com uma idade média das vítimas em torno de 12 anos.
Formas de abuso e iniciativas de proteção
Os tipos de violência infantil abrangem maus-tratos físicos e psicológicos, "patologia dos cuidados" (negligência e excesso de cuidados), violência testemunhada (quando a criança presencia violência contra pessoas de referência) e abuso sexual. A triagem inicial é realizada durante qualquer forma de atendimento no hospital, seja emergência, internação ou consulta ambulatorial. Casos suspeitos ativam um protocolo clínico específico, onde uma equipe multidisciplinar avalia e define o tratamento adequado.
Desde 2009, o Bambino Gesù adota um protocolo baseado em uma série de indicadores para detectar abusos infantis. A maioria dos casos de abuso é detectada no pronto-socorro, com uma média anual de 80 casos, complementados por outros identificados em consultas ambulatoriais ou internações. O tratamento especializado é oferecido pela Neuropsiquiatria do Bambino Gesù, em um percurso hospitalar dedicado a vítimas de violência (¡°Child Care¡±), onde são encaminhados tanto casos internos quanto referenciados por outras instituições.
Dados do Bambino Gesù
Em mais de 40 anos, o Bambino Gesù tratou mais de 5.000 casos de abuso infantil, sendo 60% nos últimos 15 anos. Entre 2008 e 2022, 3.200 crianças e adolescentes foram atendidos pelo setor neuropsiquiátrico, com uma média anual de 200 casos. A maioria das vítimas sofre de "patologia dos cuidados", seguido de violência testemunhada, abuso sexual e maus-tratos físicos e psicológicos. Mais de 80% dos abusos ocorrem dentro da família, com uma incidência de abuso sexual três vezes maior entre meninas de 7 a 18 anos.
Prevenção e suporte
Além do atendimento clínico, o hospital desenvolve ferramentas de apoio a pacientes e famílias, visando a prevenção. Conteúdos informativos estão disponíveis no portal do hospital para ajudar jovens a reconhecer situações de risco e orientar os pais sobre sinais de alerta. O serviço de assistência telefônica "Helpline Lucy" oferece apoio gratuito 24 horas por dia, atendido por psicólogos especializados.
No campo da pesquisa, o Bambino Gesù promove estudos sobre o impacto do abuso infantil na saúde mental e desenvolve programas terapêuticos adequados. Projetos em andamento incluem suporte a crianças expostas à violência doméstica durante a pandemia de COVID-19 e intervenções psicoeducativas sobre violência, bullying e cyberbullying nas escolas.
¡®Sorria no Escuro¡¯: desenhos que retratam a violência
Um projeto criativo envolvendo crianças de 8 a 12 anos atendidas pela Neuropsiquiatria do Bambino Gesù permitiu que expressassem suas experiências de violência através de desenhos. As ilustrações revelam emoções profundas, como um rosto sorridente cercado de escuridão, um crocodilo devorando um coração e figuras assustadoras. A dra. Paola De Rose, neuropsiquiatra do hospital, destaca a importância de oferecer às crianças a chance de mudar o rumo de suas vidas e curar as feridas deixadas pela violência. O Bambino Gesù continua comprometido em proporcionar cuidados e suporte para que essas jovens vidas possam recuperar sua saúde e dignidade.
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