Paquistão: “a perseguição é o preço do testemunho da nossa fé”
Rosa Martins - Pope
A expressão é dom Joseph Indrias, bispo da diocese de Faisalabad, por causa das perseguições e discriminações que os cristãos paquistaneses têm sofrido. “Ajudem-nos, falem de nós e rezem pela nossa minoria cristã”, pede com insistência.
Em 16 de agosto deste ano, a cidade de Jaranwala, pertencente à diocese de dom Indrias teve casas e igrejas cristãs incendiadas e destruídas. Centenas de famílias foram desabrigadas por causa de supostas acusações de ofensa ao Islã e violação da lei da blasfêmia.
De acordo com o bispo “é a terceira vez que incidentes desse tipo acontecem”. Ajuda material, psicológica e social tem chegado constantemente da Caritas Paquistão. Mas ainda assim, “as pessoas estão chocadas e lutam para superar esse trágico incidente”, acrescenta.
Crescimento demográfico é uma preocupação
Segundo país muçulmano mais populoso do mundo depois da Indonésia, o Paquistão conta com 224 milhões de habitantes. Destes 2,5 milhões são cristãos. Neste contexto, a pobreza extrema é uma das grandes preocupações de dom Indrias. Há um crescimento econômico e ao mesmo tempo demográfico. A taxa média de fertilidade é de três filhos por mulher.
Em entrevista à Agencia SIR, o bispo explicou que apesar do clima de medo e insegurança que vive a comunidade cristã, foram fundadas três escolas onde as crianças podem estudar. Os jovens foram enviados para a escola técnica Dom Bosco, para aprender habilidades e manter as famílias.
Como estratégias para evitar novos ataques, a diocese tem organizado reuniões com líderes muçulmanos e de outras religiões, com políticos, em vista da garantia da paz nas comunidades. “Mas é um processo muito lento, é preciso começar da base para chegar aos níveis mais altos. Temos que conscientizar os líderes e educar as pessoas”, afirma.
É a terceira vez, conta o prelado, que ataques dessa natureza acontecem em sua diocese, por causa da lei da blasfêmia. “É difícil porque temos de trabalhar duro para proteger nosso povo, para prevenir e garantir que eles fiquem em lugares seguros”. E pontua que “a perseguição é o preço que pagamos por testemunhar nossa fé.
Sobre a questão dos corredores humanitários para refugiados afegãos, administrados pela Caritas italiana, o bispo ressalta a importância da colaboração também da Caritas Paquistão. “Gostaríamos que não fosse apenas para os afegãos, porque muitas pessoas no Paquistão também estão em dificuldades, especialmente para colocar em segurança as vítimas de ataques”, concluiu.
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