Livro propõe “infopastoral” como uma nova prática pastoral
Pope
O agir pastoral numa sociedade marcada pelo digital precisa de uma reconfiguração, que integre os dois movimentos da ação da Igreja: o movimento para dentro (ad intra) e para fora (ad extra). Para essa nova prática, a teóloga e jornalista brasileira Andréia Gripp criou o neologismo “infopastoral”, que é título de seu livro, lançado recentemente no Brasil.
Doutora em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a autora pesquisa a relação entre comunicação, cultura digital e pastoral. Seu argumento pode ser lido no livro da Paulus Editora, intitulado “Infopastoral: O agir pastoral numa sociedade em transformação”.
- Comunicar o evangelho é missão de todo batizado. Precisamos refletir como fazer isso na realidade atual, na qual as fronteiras entre o físico e o digital já não existem. Vivemos conectados 24h, numa dinâmica de vida que o filósofo da informação Luciano Floridi definiu como on-life, e essa nova realidade exige de nós uma profunda conversão pastoral. Esse é o tema da minha pesquisa -, explicou Andréia.
Fruto de sua tese doutoral, defendida em 2022, a obra traz uma importante reflexão para os agentes pastorais em geral e não somente para aqueles que atuam diretamente na comunicação eclesial. Aborda uma temática que tem preocupado a Igreja em todo o mundo: como cumprir a missão de anunciar a Boa Notícia, a Boa Nova do Reino de Deus, ao ser humano imerso e modificado pela cultura digital.
- Não é uma tarefa fácil, de fato, mas é muito necessária e perfeitamente possível. Mas, para tanto, é preciso romper paradigmas. Deve-se, primeiramente, compreender com qual ser humano estamos nos comunicando, para assim utilizarmos a linguagem adequada e o método mais eficiente e eficaz. Outro grande desafio é não permitir que a cultura digital transforme os valores pastorais, mas fazer justamente o inverso: impregnar a cultura digital com os valores do evangelho – pontuou.
A autora dá como exemplo a transformação da pastoral da comunicação numa pastoral voltada para o marketing, para a publicidade. Infelizmente, por falta de formação, isso pode acontecer em algumas realidades eclesiais. “É uma grande deformação, que precisa ser combatida”, destaca. “Para integrar a mensagem do evangelho à nova realidade informacional que vivemos é bom e necessário utilizar as técnicas disponíveis e profissionais, mas fazer isso tendo como preocupação primeira o anúncio da Boa Nova, o ser humano e sua experiência pessoal com a pessoa de Jesus Cristo, para que possa aderir à proposta do Reino de Deus em sua vida. Não podemos ter como meta apenas o sucesso de um perfil ou página específica - a quantidade de clicks, likes ou compartilhamentos -, porque a Igreja não é uma empresa ávida por lucros e o evangelizador não é um pop star”, concluiu.
A infopastoral, portanto, define Andréia, “tem como proposta, no movimento ad intra, refletir e aplicar uma metodologia referente à relação e à promoção da comunidade eclesial, envolvendo os aspectos formativos de seus membros e comunicativos de suas atividades; e no movimento ad extra, possibilitar a comunicação da Igreja com o ser humano que vive hoje num mundo em acelerada transformação. E isso será feito através de sua ação profética na sociedade e em favor do ser humano integral”.
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