ʲܾã corre risco de crise alimentar como a de países em guerra
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O Paquistão sofre com a insegurança alimentar como se fosse um país em guerra, devido à instabilidade política, aos choques econômicos e como consequência das inundações devastadoras do ano passado, das quais o país ainda não se recuperou.
Relatório Fao e PMA
O último relatório de alerta contra a fome publicado na segunda-feira, 29 de maio, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA) enfatiza que a insegurança alimentar aguda deve aumentar nos próximos meses em 22 países do mundo, a maioria deles devastados por conflitos: Burkina Faso, Haiti, Mali, Sudão e Sudão do Sul, Afeganistão, Nigéria, Somália e Iêmen são as nações para as quais o alerta máximo foi lançado. Mas a República Centro-Africana, o Congo, a Etiópia, o Quênia, o Paquistão e a Síria também estão entre os países que suscitam grande preocupação, juntamente com Mianmar, devastado por mais de dois anos pela guerra civil resultante do golpe militar de 1º de fevereiro de 2021. Essas são áreas onde um grande número de pessoas em situação de insegurança alimentar aguda corre o risco de piorar suas condições devido a fatores políticos, econômicos e ambientais que prejudicam a vida da população.
Classificação da fase de segurança alimentar integrada
A segurança alimentar é medida de acordo com um índice internacionalmente chamado IPC - Integrated food security phase classification (Classificação da fase de segurança alimentar integrada). Há cinco fases, que vão desde a segurança alimentar geral até a insegurança moderada, passando pela fase aguda, pela emergência e, por fim, pela penúria.
No Paquistão, a ONU coletou dados de 3 províncias do país onde, entre setembro e dezembro de 2022, 6 milhões de pessoas sofreram insegurança alimentar aguda e 2,6 milhões enfrentaram uma situação de emergência em um estado com mais de 230 milhões de habitantes. A ONU estima que as condições correm o risco de piorar até o final do ano devido à crise política e financeira que está reduzindo o poder de compra das famílias e, portanto, sua capacidade de comprar alimentos. Efetivamente, Islamabad terá de pagar 77,5 bilhões de dólares de dívida externa até junho de 2026, um valor considerável, visto que que o PIB do Paquistão era de 350 bilhões de dólares em 2021.
Instabilidade política
A instabilidade política, caracterizada pelo confronto entre o governo apoiado pelo exército e o ex-primeiro-ministro Imran Khan, cuja prisão no início do mês desencadeou protestos violentos em todo o país, está impedindo uma nova linha de crédito do Fundo Monetário Internacional ou de países parceiros. Também se espera que as desordens aumentem antes das eleições programadas para outubro deste ano, enquanto a insegurança está crescendo em algumas áreas devido à ameaça terrorista.
A título de comparação, no vizinho Afeganistão, sem mais fundos internacionais e em crise econômica após a reconquista dos talibãs em agosto de 2021, espera-se que 15,3 milhões de pessoas enfrentem insegurança alimentar aguda entre maio e outubro de 2023, enquanto cerca de 2,8 milhões de pessoas estarão em situação de emergência.
Redução do poder de compra
A escassez de reservas estrangeiras e a desvalorização da moeda estão reduzindo a capacidade de importar gêneros alimentícios, causando o aumento da inflação e forçando o governo do Paquistão a impor cortes de energia devido à falta de combustível. A inflação dos alimentos subiu de 8,3% em outubro de 2021 para 15,3% em março de 2022, depois para 31,7% em setembro de 2022 e, por fim, atingiu 35% em dezembro do mesmo ano. Os trabalhadores, que ganham em média dois dólares por dia, perderam 30% de seu poder de compra.
Mas na raiz dessa situação estão as enchentes do último verão, que inundaram dois terços do país e causaram a morte de mais de 11 milhões de animais e a destruição de mais de 9,4 milhões de acres de terras cultivadas (cerca de 80% de todas as terras agrícolas do país) nas províncias de Balochistan e Sindh, áreas que já são inseguras em termos de disponibilidade de alimentos.
De acordo com o Banco Mundial, a produção de alimentos foi interrompida em todo o sul da Ásia devido a chuvas de monções superiores ao normal, enquanto outras áreas tiveram chuvas em quantidades mais baixas.
(com AsiaNews)
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