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O arcebispo de Colombo, cardeal Malcolm Ranjith, fala durante uma coletiva de imprensa em Colombo em 13 de janeiro de 2023.  (Foto AFP) O arcebispo de Colombo, cardeal Malcolm Ranjith, fala durante uma coletiva de imprensa em Colombo em 13 de janeiro de 2023. (Foto AFP) 

Sri Lanka: ex-presidente condenado por negligência nos atentados na Páscoa de 2019

Os ataques no dia da Páscoa, em 21 de abril de 2019, foram perpetrados por ao menos nove kamikases afiliados ao grupo islâmico National Thowheed Jamath, que detonaram explosivos em três igrejas, em hotéis e em um conjunto residencial.

A Suprema Corte do Sri Lanka decidiu que o ex-presidente do Sri Lanka Maithripala Sirisena e quatro outros altos funcionários foram negligentes, pois, apesar dos avisos de inteligência bem fundamentados, não tomaram as medidas preventivas necessárias para impedir os ataques terroristas no domingo de Páscoa, 21 de abril de 2019, que mataram 279 pessoas.

Em sentença histórica proferida no dia 13 de janeiro, o Tribunal estabeleceu precisas responsabilidades de omissão contra Sirisena, por não ter tentado impedir os ataques, que consistiram em atentados suicidas coordenados contra hotéis e igrejas, nos quais mais de 500 pessoas ficaram feridas. Sirisena, de 71 anos, foi condenada a pagar Rs 100 milhões (US$ 273.000) como indenização às famílias das vítimas que entraram com o processo. Junto com ele, ex-chefes da polícia, da inteligência e defesa do Sri Lanka foram responsabilizados e instruídos a indenizar os parentes das vítimas.

 

É a primeira vez que um chefe de Estado do Sri Lanka é responsabilizado por não ter evitado um ataque terrorista. A decisão gerou ampla satisfação na opinião pública do Sri Lanka. A comunidade católica do país sempre criticou a investigação inadequada do governo sobre os atentados da Páscoa e fez uma petição às Nações Unidas pedindo uma investigação internacional.

O cardeal Malcolm Ranjith, arcebispo de Colombo, pediu veementemente ao governo e às instituições estatais que honrassem seu compromisso de garantir justiça às vítimas e "purificar o país de todos os elementos do terror".

Quase quatro anos depois dos atentados, que causaram mortes e destruição sobretudo entre a comunidade cristã, as investigações revelaram-se insuficientes e as recomendações da Comissão presidencial de Inquérito, constituída para tal fim, não foram implementadas. 

Bispos, sacerdotes e leigos católicos pediram transparência e apoiaram o recurso judicial, chamado a apurar as possíveis responsabilidades do governo ou de pessoas em cargos de poder. Nas últimas semanas, o cardeal  Ranjith afirmou dolorosamente que “até agora não se fez justiça por eles, o que demonstra que alguns homens não foram processados ​​pelo mal que fizeram”.

“Como Igreja Católica, sempre pedimos e continuaremos pedindo verdade e justiça, para que as responsabilidades sejam apuradas. É preciso descobrir os instigadores e os propósitos não declarados desses ataques”, observa à Agência Fides pe. Basil Rohan Fernando, sacerdote da Arquidiocese de Colombo e diretor nacional das Pontifícias Obras Missionárias no Sri Lanka. "É um passo necessário - continua - enquanto nosso povo, além disso, sofre uma das piores crises econômicas de sua história. Nos últimos anos estivemos próximos das famílias das vítimas dos ataques e ainda tentamos apoiar eles nesta árdua jornada de recuperação".

* Agência Fides 

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14 janeiro 2023, 07:18