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Dia 27 de setembro de 2008 foi uma das datas mais especiais na vida de Marcílio Haddad e Fernanda Rocha. Foi o casamento dos dois. Tradicional, com direito à cerimônia religiosa, festa para convidados, e uma felicidade que ficou registrada em muitas fotos. Apenas um detalhe quebraria a formalidade do evento: desta vez foi a noiva quem conduziu o noivo até o altar. Não por um capricho, mas por uma necessidade: há meses, Marcílio sofria com tonturas, visão dupla, convulsões severas e inexplicáveis e, justo naquele dia, havia passado por uma nova crise, pouco antes do início da celebração. Fernanda, então, não teve dúvidas: "Não vamos entrar separados, se vamos casar, vamos entrar juntos!". Mas esse não foi um episódio isolado de confiança, o que estava por vir exigiria uma fé inabalável de ambos

Vinte dias depois, Marcílio foi internado e só então um médico descobriu que ele tinha 8 abscessos  - infecções com pus no cérebro - com chance de sobrevida muito baixa, mesmo com a grande quantidade de medicação que passou a tomar. Foram quase dois meses de muita angústia, até que no dia 9 de dezembro, após uma dor de cabeça muito forte, Marcílio foi levado ao centro cirúrgico para colocar um dreno, pois havia muito líquido no cérebro. No entanto, a situação clínica do paciente não permitiu que a operação fosse realizada, o risco era muito grande.

Cerimônia na Praça São Pedro

Fernanda lembra que, naquele momento, parou e rezou: "Deus, eu sempre rezei, e eu rezo no Pai-nosso que seja feita a tua vontade, mas pelo menos agora, que a sua vontade seja a mesma que a minha, permite que Madre Teresa vá lá, pegue Jesus pela mão e toque no Marcílio e que ele seja curado. Mas, também se não for da tua vontade que a Madre venha, pegue o Marcílio pelas mãos e o leve para a morada eterna".

No dia seguinte a melhor notícia chegou: inexplicavelmente Marcílio havia passado bem a noite, novos exames apontavam que os abscessos haviam diminuído em 70% e o líquido no cérebro havia sido drenado naturalmente. Três dias após, uma nova ressonância foi realizada e descobriu-se que no lugar dos abscessos tinham 8 cicatrizes, como se Marcílio tivesse passado por uma cirurgia, uma intervenção médica que nunca aconteceu.

"Três dias depois do milagre eu já estava andando sozinho... desequilibrado, mas já estava andando sozinho; antes eu não conseguia dar um passo sem ter o apoio de alguém", recorda com alegria Marcílio.

A cura recebida pelo brasileiro foi considerada um milagre pela intercessão de Madre Teresa de Calcutá e possibilitou sua canonização em 2016, pelo Papa Francisco.

Cerimônia na Praça São Pedro

A devoção à Madre Teresa

A confiança em Madre Teresa de Calcutá começou também em 2008, na mesma época em que os sintomas da doença de Marcílio se tornaram mais intensos. Primeiro, por intermédio de uma amiga, que deu à Fernanda um livro de orações com uma novena em louvor à Madre; depois, através de um sacerdote amigo, Padre Elmiran.

"Nós iríamos nos casar dia 27 de setembro, era dia 5 e ele estava muito confuso, muito desequilibrado... As pessoas falando para eu não me casar. Então, foi um turbilhão. E o Padre Elmiran falou: 'Não era pra eu ir hoje na casa das Irmãs (Missionárias da Caridade), o padre que ia ficou doente, elas me ligaram e eu fui. E elas me deram essa oração' - e ele tirou do bolso a relíquia da Madre que ele havia ganhado e pediu pra eu rezar para ela".

Desde então, a relíquia não saiu mais das mãos de Fernanda. No hospital, ela a aproximava da cabeça do esposo, na região dos abscessos, de maneira que se formou um vinco na imagem, guardada com carinho pelo casal, como uma das provas da graça alcançada.

Hoje, Marcílio e Fernanda fazem um apostolado a partir do que viveram e do milagre que testemunharam. Eles sempre têm uma relíquia de Madre Teresa e entregam de bom grado a quem precisa.

Missionárias da Caridade

Fé sem dúvidas

"O que ia acontecer, eu não sabia, mas eu tinha uma certeza de que Deus agiria em nossa vida".  Confiante, Fernanda repete por várias vezes essa afirmação. Ela lembra que, certa vez, ouviu de um padre: 'quem tem fé, não tem dúvidas', palavras que fixaram em sua mente e seu coração.

Quando o Marcílio teve alta, o médico sugeriu ao casal não criar expectativas sobre ter filhos. Além de transplantado renal, ele havia tomado antibióticos muito fortes no hospital e isso poderia ser um fator agravante. Como se não bastasse, os próprios exames afirmavam menos de 1% de chance de uma gravidez natural.

Os dois aceitaram a condição e seguiram a vida, desta vez no Rio de Janeiro. Certo dia, em meio ao calor, Fernanda sentiu-se mal e foi ao hospital. Para surpresa e alegria, descobriu que estava grávida de Mariana, que nasceu em fevereiro de 2010. Depois, vieram Murilo, em 2012 e Marcela, em 2019.

"Nós tivemos a ousadia de nos abandonar, aquele abandono total nas mãos de Deus", conta Fernanda.

Amor Maior Não Há

A ligação da família com Madre Teresa não ficou restrita ao milagre, "nós estamos sempre em contato com as irmãs, vamos na casa delas, elas vêm aqui quando tem eventos importantes, o nascimento dos nossos filhos, primeira comunhão... nossa vida é toda permeada e acompanhada por elas", diz Fernanda, satisfeita por ver a história da fundadora das Missionárias da Caridade retratada no documentário Madre Teresa - Amor Maior não Há.

Filmada nos cinco continentes, a produção traz imagens inéditas de arquivos institucionais e do apostolado das Missionárias da Caridade em diversos países, inclusive no Brasil, de onde foi reconhecido o milagre, recebido por Marcílio e que corroborou para a canonização da religiosa. Para ele, "é importante ter um filme que mostre realmente o trabalho deixado por Madre Teresa e continuado pelas Missionárias".

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Fonte: Kolbe Arte Produções