Iêmen: em 2022 todos os dias uma criança vÃtima da guerra
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No Iêmen, desde o início deste ano, todos os dias, uma criança "morre ou fica gravemente ferida por causa da guerra". Os dados dramáticos sobre a violência causada pelo conflito contra menores estão presentes no último relatório, publicado recentemente, pela ONG internacional Save The Children, segundo o qual pelo menos 330 crianças foram mortas ou feridas em 2022. A essas vítimas "diretas" devem ser acrescentadas as que morreram por falta de alimentos, água potável, medicamentos ou por doenças que estão se espalhando com incidência crescente.
O alívio da trégua
O número de crianças mortas ou feridas, já elevado, poderia ter sido ainda pior, dado que durante seis meses foi alcançada uma frágil trégua pelas partes com mediação internacional e que poupou mais massacres no país. “Antes da trégua", conta Diana de 14 anos, aos ativistas, "estávamos sempre em alerta, pensando que um míssil poderia cair a qualquer momento". Nunca estávamos em segurança. Com a trégua, sentimo-nos um pouco mais tranquilos brincando lá fora, além de irmos à escola e estudar". No entanto, ainda hoje registra-se "todos os dias" pelo menos uma criança morta ou ferida, uma vítima "colateral" do conflito.
Acabar com a impunidade por crimes contra crianças
De acordo com dados do Projeto de Monitoramento do Impacto Civil, preparado pelo Grupo de Proteção do Iêmen e relançado pela ONG ativista, o uso extensivo de ataques aéreos, artilharia, morteiros, minas antipessoais e outros meios relacionados ao conflito "tem causado enormes danos às crianças", diz a ONG, resultando em "mortes, feridos e com deficiências permanentes para o resto de suas vidas e a trágica destruição da infraestrutura civil". Rama Hensraj, diretor da Save the Children no Iêmen, apela para que a comunidade internacional para que acabe com a impunidade por crimes cometidos, particularmente os cometidos contra crianças. Não há nenhuma "justificação", acrescenta, para "a morte ou as violências" contra menores e "o mundo deve agir" para deter a escalada destas violências. "Devemos escutar", conclui, "as vozes das crianças e trabalhar ao seu lado para permitir-lhes construir um futuro melhor".
A guerra
O conflito iniciou em 2014 como uma luta interna entre rebeldes Houthi pró-Irã e as forças governamentais apoiadas pela Arábia Saudita; ao longo dos meses, se transformou em guerra aberta com a intervenção da Arábia Saudita em março de 2015 à frente de uma coalizão de nações árabes e causou quase 400 mil vítimas nos últimos anos. Segundo a ONU, causou a "pior crise humanitária do mundo", na qual a Covid-19 teve efeitos "devastadores"; milhões de pessoas passam fome e as crianças – 11 mil mortos no conflito - sofrerão as consequências por décadas. Há mais de três milhões de pessoas deslocadas internamente, a maioria delas vive em condições de extrema miséria, fome e epidemias de vários tipos, entre elas a cólera.
(com AsiaNews)
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