Cop27: Guterres, ainda não há resposta para a crise climática
Tiziana Campisi – Pope
Os conteúdos do documento final aprovados, no último domingo (20/11), pela Cop27 não são suficientes para combater as mudanças climáticas. Uma avalanche de críticas recaiu sobre as decisões da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas realizada de 6 a 18 de novembro, em Sharm el-Sheikh, no Egito, inclusive do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que pede para "reduzir drasticamente as emissões, agora". Guterres comentou que a Cop 27 não abordou o tema e o fato de que o fundo para os países vulneráveis, embora seja essencial, não é uma resposta à crise climática que "cancela uma pequena ilha do mapa, ou transforma um país africano inteiro num deserto”. “O mundo ainda precisa fazer um salto gigantesco na ambição climática – acrescentou o secretário-geral – a linha vermelha que não deve ser ultrapassada é aquela que leva nosso planeta além do limite de temperatura de 1,5 graus”.
É preciso reduzir as emissões rapidamente
Mariagrazia Midulla, responsável pelo Clima e Energia da WWF Itália, define o acordo sobre as perdas de pessoas e danos materiais causados pelos impactos da crise climática como um passo positivo, mas teme que se torne um "fundo para o fim do mundo" se os países não se moverem rapidamente para reduzir as emissões e limitar o aquecimento abaixo de 1,5 graus. "Os líderes perderam a ocasião para acelerar a eliminação dos combustíveis fósseis" – continua Midulla – "então continuaremos caminhando contra o muro das consequências mais catastróficas da crise climática. Sem cortes rápidos e profundos nas emissões, não seremos capazes de limitar a extensão das perdas e danos, que deve ser nosso primeiro objetivo".
As decisões da Cop27
A Cop27 convida a manter o aquecimento global em 1,5 graus em relação aos níveis pré-industriais - o que exige uma redução de 43% nas emissões até 2030 - e destaca a importância da transição para fontes renováveis, esperando a eliminação dos subsídios às fontes fósseis. No entanto, pede apenas a redução da produção de eletricidade a carvão com emissões não abatidas. Com os atuais compromissos de descarbonização, no entanto, o corte de emissões seria de apenas 0,3% até 2030 e os Estados que ainda não atualizaram suas metas de descarbonização (NDC) são convidados a fazê-lo até 2023. O documento não menciona a redução ou eliminação do uso de combustíveis fósseis, como vários países tinham pedido, mas há um convite a cancelar os subsídios aos combustíveis fósseis, mas apenas os "ineficientes". Para enfrentar o aquecimento global, exige-se aumentar os recursos necessários para os ajustes e, para chegar a zero emissões líquidas em 2050, investir 4 trilhões de dólares por ano em renováveis até 2030. Pela primeira vez, fala-se de um fundo para compensar as perdas e danos das mudanças climáticas nas nações mais vulneráveis, para o qual os Estados nomearão um Comitê de transição com a tarefa de preparar um projeto a ser apresentado na próxima Cop28 do próximo ano, em Dubai, com o objetivo de aprová-lo e colocá-lo em funcionamento até essa data. Também está previsto um sistema de alerta precoce para eventos climáticos extremos.
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