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Quadro-negro danificado em uma escola que foi atingida por um ataque aéreo realizado pelos militares de Mianmar contra a Força de Defesa do Povo, em Sagaing. Quadro-negro danificado em uma escola que foi atingida por um ataque aéreo realizado pelos militares de Mianmar contra a Força de Defesa do Povo, em Sagaing. 

Mianmar: conflito civil desestabiliza população

Crianças são vítimas de ataque da junta militar e Save the children faz apelo ao Conselho de Segurança da ONU.

Laura Lo Monaco - Cidade do Vaticano

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O ataque do exército birmanês à uma escola no dia 16 de setembro que deixou ao menos 11 mortos e 17 feridos é um claro exemplo de que em uma guerra os primeiros a sofrerem são os inocentes.

Desde o golpe de Estado de 1 de fevereiro de 2021, quando os militares derrubaram o governo eleito de Aung San Suu Kyi, a população de Mianmar vem sofrendo as consequências dos combates entre o exército e as forças de resistência, conhecidas como Forças de Defesa Popular.

 

“Quantos incidentes como esse devem ocorrer antes que uma ação seja tomada?", questiona Hassan Noor, diretor da Save the Children para a Ásia. “Exigimos que o Conselho de Segurança realize urgentemente uma reunião aberta sobre Mianmar e aprove uma resolução para proteger os direitos das crianças no país, incluindo seu direito à uma educação segura”.

Além da escola Dapayin, locais de culto também têm sido alvos de ataque por parte dos militares do exército, como é o caso da Igreja católica Mãe de Deus, na pequena cidade de Moebye, que foi ocupada entre os dias 8 e 12 de setembro e deixada suja, destruída por dentro e circundada de minas. O conflito civil tem transformado o país em um campo de guerra e a população, sobretudo os mais inocentes, tem visto os seus direitos tolhidos. “Mais de um ano e meio depois do golpe, as pessoas estão realmente cansadas do conflito e querem voltar à vida normal. Como católicos, continuamos a esperar e rezar, seguindo os nossos pastores que nos convidam a viver com fé este momento de sofrimento e de provação, nos guiando na via da não violência, pedindo justiça e paz”, diz Joseph Kung, católico de Yangon, responsável por um instituto universitário privado.

O tema da paz, tão caro ao povo de Mianmar, foi destaque na recente ao “VII Congresso de líderes do mundo e religiões tradicionais” no Cazaquistão. Na abertura do evento, o Santo Padre recordou a importância do diálogo na resolução dos conflitos e promoção da paz. “Deus é paz, e sempre conduz à paz, nunca à guerra. Por isso empenhemo-nos ainda mais a promover e reforçar a necessidade de que os conflitos sejam resolvidos não com as razões inconclusivas da força, com as armas e as ameaças, mas com os únicos meios abençoados pelo Céu e dignos do homem: o encontro, o diálogo, as negociações pacientes, que se levam por diante a pensar particularmente nas crianças e nas jovens gerações”.

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21 setembro 2022, 08:55