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Nelson Mandela est¨¢ ao lado do ex-presidente e l¨ªder do Partido Nacional Frederick W. De Klerk em Pret¨®ria. (Photo by Walter Dhladhla) Nelson Mandela est¨¢ ao lado do ex-presidente e l¨ªder do Partido Nacional Frederick W. De Klerk em Pret¨®ria. (Photo by Walter Dhladhla) 

O perd?o vos libertar¨¢: a li??o de Nelson Mandela

As Na??es Unidas celebram hoje o Dia Internacional de Nelson Mandela, um dia para lembrar a figura do l¨ªder sul-africano que lutou e derrotou o apartheid. Para Guterres, Mandela ¨¦ um exemplo que nos inspira a melhorar o mundo. Central em sua batalha civil foi o perd?o, um tema que o coloca em particular harmonia com o magist¨¦rio do Papa Francisco.

Alessandro Gisotti

"A única maneira legítima de olhar para uma pessoa de cima para baixo é quando tu estendes a mão para ajudá-la a se levantar". Esta frase, repetida muitas vezes pelo Papa Francisco, descreve com particular eficácia o que testemunhou um grande homem do nosso tempo, do qual hoje ¨C no dia do seu nascimento ¨C as Nações Unidas celebram o Dia Internacional: Nelson Mandela.

Em sua batalha civil não violenta, em seu compromisso de ¡°sonhador que nunca se rendeu¡±, como ele mesmo gostava de se descrever, Mandela mostrou exatamente que ninguém é superior ao outro, porque todos temos a mesma dignidade. E é precisamente por tal razão, para ilustrar com uma expressão cara a Jorge Mario Bergoglio, que "ninguém se salva sozinho".

Para o líder sul-africano, que pagou por suas ideias de justiça e igualdade com 27 anos de prisão, a dominação branca sobre os negros não era aceitável, mas tampouco o contrário. Por isso, quando finalmente voltou a ser um homem livre em 11 de fevereiro de 1990 e, alguns anos depois, foi eleito presidente de seu país, rejeitou radicalmente a toda tentação de retaliação por parte dos negros e iniciou um corajoso processo de reconciliação e cuidado das feridas profundas que o apartheid infligiu ao povo sul-africano. Este empenho que lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz e que o torna ainda hoje - nove anos após a sua morte - uma das figuras mais inspiradoras para as novas gerações.

 

Como observou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em uma mensagem para o Nelson Mandela Day deste ano, o líder sul-africano "mostrou que cada um de nós tem as habilidades - e a responsabilidade - de construir um futuro melhor para todos". Para todos. Não apenas para uma parte. Porque, como recorda uma de suas declarações mais citadas, ¡°é fácil demolir e destruir. Os verdadeiros heróis são aqueles que fazem a paz e constroem¡±.

Mas o que permitiu a Mandela resistir à privação de liberdade por quase trinta anos de sua vida e depois ser aquele construtor da paz que todos admiraram e continuam admirando? O perdão.

Claro que Madiba, como o chamavam em sua tribo, não conseguiu perdoar seus algozes sem esforço, não foi uma conquista "barata". Ele mesmo confidenciou que, nos primeiros momentos após sua saída da prisão, a raiva era o sentimento que predominava nele. Mas foi justamente nessa passagem-chave de sua existência (e da história da África do Sul) que, como ele conta, ouviu esta advertência do Senhor: ¡°Nelson, enquanto estavas na prisão, eras livre; agora que estás livre, não se torne seu prisioneiro¡±. Mandela decidiu assim não ficar preso ao passado, deixar de lado a amargura. Ele estava ciente, como afirmará mais tarde, que "o perdão liberta a alma, afasta o medo. É por isso que o perdão é uma arma poderosa¡±.

Quem sabe o que Mandela diria hoje sobre a afirmação do Papa Francisco de que o perdão deve ser considerado ¡°um direito humano, porque todos temos o direito de ser perdoados¡±.

Sua filha Makaziwe já nos deu uma indicação em uma entrevista à mídia do Vaticano em dezembro passado. À nossa pergunta sobre qual foi o maior ensinamento recebido de seu pai, ele respondeu: ¡°Que ninguém nasce odiando o outro pela cor da pele, cultura ou fé religiosa. Somos ensinados a odiar, e se somos ensinados a odiar, também é possível sermos ensinados a amar, porque o amor é natural ao espírito humano¡±.

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18 julho 2022, 10:27