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Haiti em estado de choque após assassinato do presidente Moïse

O presidente haitiano Jovenel Moise foi assassinado por um comando na noite de terça para quarta-feira, 7 de julho. Homens armados atacaram sua residência. O primeiro-ministro cessante, Claude Joseph, anunciou a notícia chocante, pedindo calma à população. Dom Quesnel, bispo de Fort-Liberté, espera que os haitianos se sentem ao redor de uma mesa para resolver seus problemas.

Xavier Sartre - Cidade do Vaticano

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Tudo aconteceu na noite de 6 para 7 de julho na residência do presidente, quando um comando armado ainda não identificado, formado por estrangeiros, invadiu o local. Alguns falavam espanhol outros inglês. A esposa do presidente Martine Moïse foi baleada e está hospitalizada. Um dos filhos do presidente estava presente durante o ataque e agora está em local seguro.

O primeiro-ministro Claude Joseph disse que a polícia e o exército estão encarregados de manter a ordem na ilha e decretou estado de sítio. Em seu comunicado de imprensa divulgado às 5h, hora local, ele condena “o ato odioso, desumano e bárbaro", garantindo que todas as medidas seriam tomadas para garantir a continuidade do Estado e proteção da Nação. A democracia e a República irão vencer, assegurou.

O presidente Moïse acabara de nomear um novo primeiro-ministro na segunda-feira, Ariel Henry, para organizar as eleições. A notícia desestabilizou profundamente o clima político e de segurança deste pequeno país, o mais pobre do Caribe, já muito frágil porque atormentado por gangues que praticam sequestros para obter resgates. Quase 18.000 haitianos, por exemplo, já tiveram que fugir de suas casas para escapar desses criminosos.

Choque e apelo à união

 

“É uma grande surpresa para nós”, disse por sua vez Dom Alphonse Quesnel, bispo de Fort-Liberté, a 200 km de Porto Príncipe. “Não pensávamos que iríamos repetir o que aconteceu há mais de um século, em 1915”, quando o então presidente Vilbrun Guillaume Sam foi assassinado, levando à intervenção do Exército dos Estados Unidos.

“Por algum tempo, sentimos que havia muita tensão no país, principalmente com o surgimento de grupos armados. Toda esta situação criou pânico”, explicou o prelado, que recorda que várias vezes a Conferência Episcopal tratou do assunto.

Enquanto se espera para ver quem está por trás deste assassinato e como a população irá reagir, o bispo Quesnel está tirando algumas lições desses eventos recentes. "Quando você tem as rédeas do poder, tem que aprender a ser flexível [...] e humilde", disse ele, referindo-se ao endurecimento do presidente Moïse nos últimos meses. “Estávamos em uma situação muito caótica”.

Para sair dela, o bispo de Fort-Liberté recomenda sentar-se e enfrentar a realidade e submeter-se a "uma verdadeira conversão". Além disso, a Conferência Episcopal tem um grande papel a desempenhar, considera Dom Quesnel ao inculcar os valores do Evangelho. O assassinato do presidente deve ser uma oportunidade para "mudar de opinião". "Agora somos forçados a nos unir porque existe uma nação em jogo."

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07 julho 2021, 16:47