Pandemia: pais e filhos, convívio em família
Mariângela Mantovani Psicóloga
No início da Covid-19, foi novidade, entramos quase que de férias, descobrimos que ficar em casa era gostoso, o convívio em família ficou valorizado e isso foi muito positivo. Pois bem, agora o “bicho pegou”, o tempo passou e os filhos entraram em “parafuso”. Confesso que tenho conversado com pais dizendo não saberem mais como conduzir os filhos dentro de casa ansiosos, ociosos e deprimidos.
Para o jovem é de suma importância o convívio social e o buscar refúgio nas telas: computador, celular, tablets, videogame. Mas isso vem repondo a necessidade do convívio social até certo ponto, porém nem tanto, pois os adolescentes precisam do calor humano olho no olho. As crianças pequenas se contentam muito com a companhia dos pais, mas quando crescem querem turma de amigos.
Os pais e os filhos estão experimentando, por vezes, de forma bem exagerada: ANSIEDADE e DEPRESSĀO. Quero aqui alertar aos adultos sobre esses sentimentos que parecem fazer parte do dia a dia dos lares.
Primeiramente vamos aos sintomas gerais e mais frequentes:
Na ANSIEDADE os sintomas são claros: sofrer por antecipação, nervosismo, intolerância, irritabilidade, falta de concentração e insônia. Os pais não aceitam que seus adolescentes fiquem tanto tempo trancafiados no quarto em volto das telas, trocando o dia pela noite. Até com certa razão.
Será que sua família está sofrendo com DEPRESSĀO? Preste atenção, veja se algum individuo apresenta desânimo profundo acompanhado de tristeza, mudança no apetite com ganho excessivo ou perda rápida de peso, auto estima muito baixa, tedio e sono exagerado. Se isso tudo está acontecendo esse indivíduo precisa ajuda.
Vamos para algumas dicas que poderão ajudar a lidar com esses vários sintomas:
- No seu lar a TV corre solta nas notícias jornalísticas mostrando o lado negativo do momento, notícias das mortes e das UTIs? Ora, chega disso, basta estar bem informado e se cuidar.
- A pessoa ansiosa precisa ser ouvida, pois ela se sente caótica e falando pode ir se ajustando internamente.
- A família pode fazer exercícios, andar, tomar sol, dançar, cantar reunida.
- Que tal juntos cozinhar comidinhas diferentes e gostosas. Veja os sabores que mais os atraem, do brigadeiro a uma simples pipoca está valendo.
- Coloque músicas para relaxar a mente, outras que incitem religiosidade, outras a alegria de cantar e dançar.
- Assistir programas interessantes que provoquem um bom bate papo como um documentário, uma boa série, um bom filme e conhecimentos gerais.
- Jogos de tabuleiro que incitem a competição podem trazer sentido de luta e diversão.
- Use de criatividade, como desenhar, pintar, organizar os cantos entulhados de coisas que não se usa mais e aproveitar para doar roupas e objetos sem utilidade para seu lar. Isso tudo vai fazer muito bem e ensinar a desenvolver a empatia e solidariedade ao próximo.
E sobre os limites e regras. Muitos pais me dizem: eu não sei mais o que fazer, meus filhos não me obedecem e não aceitam nada que eu sugiro. Aí eu digo que os problemas que já existiam e se tornaram exacerbados com o isolamento social e a overdose das relações. Talvez tenha chegado a hora de uma boa orientação com profissionais habilitados.
Nada acontece por acaso, a falta de diálogo, falta de respeito, xingamentos, resistência nas relações afetivas não aconteceram só por conta da pandemia. O seu lar, talvez, já vinha adoecendo e você não enxergava.
Comece por um bom diálogo abrindo o coração e falando dos sentimentos. Pratique o ato da escuta profunda e tente ter empatia com seus filhos sabendo também elogiar e mostrar o quanto os entende. O amor tem que estar presente através da compreensão e do carinho.
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