Crian?as-soldado, uma dram¨¢tica realidade que continua
Francesca Sabatinelli ¨C Pope
Carregam espingardas e Kalashnikovs, usam facas e facões e são recrutados por forças armadas ou grupos armados. E são muito pequenos, até mesmo com 6 anos de idade, as crianças-soldado são usadas em conflitos como combatentes, como espiões, mensageiros ou, no caso de meninas, como escravas sexuais.
Há pelo menos 18 países africanos e do Oriente Médio envolvidos neste fenômeno e são indicados pelas Nações Unidas. Padre Faustino Turco, missionário xaveriano na República Democratica do Congo nos fala sobre o fenômeno:
Encontrar segurança em um fuzil. As meninas escravas
O fenômeno das crianças-soldado é um flagelo que afeta o futuro dos países envolvidos. "Nas diversas atividades pastorais", conta Padre Turco, "recebemos os jovens e eles nos dizem que por causa do desemprego, por causa da falta de escolaridade, eles encontram mais segurança com um fuzil na mão. Há também outro triste fato, que deixa traumas físicos e psicológicos muitas vezes irrecuperáveis, e é o das meninas. Na paróquia, assim como nos centros de escuta, recebemos jovens mulheres que estiveram com soldados quando eram menores. No início são escolhidas para trabalhos domésticos, mas depois sofrem estupros e violência de todos os tipos".
A dificuldade de recuperar e reintegrar as crianças
O dia de hoje quer enfatizar acima de tudo a necessidade de resgatar e reintegrar essas crianças que estão passando por uma das mais graves violações dos direitos da infância. Os efeitos são devastadores, a recuperação física e psicológica dessas crianças é muito difícil, a maioria, se não todas, são atordoadas com o álcool e drogas e tornam-se viciadas em narcóticos, como o khat, uma planta local com substâncias alcaloides que anula a fome e o medo. Para reintegrá-los deve-se seguir um caminho muito difícil, longo, mas não impossível. Os missionários que estão na República Democrática do Congo tentam intervir em pequenas cidades, assim como na capital Kinshasa.
Eles trabalham com as crianças de rua e também com menores que estão na prisão e que muitas vezes são precisamente crianças que tiveram experiência com as milícias. Para o Padre Turco o aspecto fundamental é sobretudo a prevenção, onde não há possibilidade de estudar ou trabalhar, ele intervém com os centros juvenis, envolvendo-os em atividades culturais e esportivas, realidades que muitas vezes também têm ajudado as crianças-soldados a se reintegrarem em um ambiente de trabalho, ou a entrar no mundo do esporte, como árbitros de futebol, por exemplo. "O que é bonito - continua o missionário - é ver como os pais apoiam estas iniciativas em favor de seus filhos, porque a inclusão destas crianças na sociedade leva lentamente à aceitação, ao retorno às suas famílias de origem".
Investir nas crianças significa salvar o futuro
O grande trabalho dos que tentam recuperar estas crianças tem como objetivo devolvê-las às suas famílias, estas crianças muitas vezes se tornaram desajustadas, capazes de conceber apenas a violência. "É uma grande ferida para as famílias - acrescenta o missionário - muitas vezes os pais têm que enfrentar o sentimento de culpa". Um dia mundial dedicado a estas crianças, portanto, quer apoiar os direitos da infância, "se investimos na cultura da criança - é a conclusão do Padre Turco - investimos no futuro".
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