Milhares de migrantes provenientes de Honduras chegam a Guatemala
Elvira Ragosta ¨C Pope
Estima-se que 9.000 hondurenhos tenham atravessado a fronteira com a Guatemala. Eles partiram a pé de San Pedro Sula, uma cidade no norte de Honduras, levando o pouco que podiam, e começaram uma longa viagem a pé em pequenos grupos desde a última quarta-feira (13). Abandonam um país saturado pelo desemprego, pela violência, pela pandemia e pelos graves danos causados pelos dois furacões que atingiram a América Central. Inicialmente a polícia guatemalteca recebeu ordens para deixar passar os migrantes, devido à presença de famílias com crianças, mas no domingo (17) no departamento de Chiquimula, a 200 quilômetros da Cidade da Guatemala, agentes tentaram bloquear o fluxo de cerca de 6.000 pessoas, usando gás lacrimogêneo contra parte da caravana. Informações do país centro-americano falam de 3.000 hondurenhos que em alguns casos conseguiram avançar, enquanto que parte da multidão recuou ou decidiu voltar atrás. Atualmente, as autoridades guatemaltecas falam de 1.383 repatriados. Entre eles, indica o Instituto de Migração da Guatemala, há 192 crianças. Desde 2018, pelo menos 12 caravanas de migrantes tentaram, quase sempre sem êxito, chegar à fronteira entre o México e os Estados Unidos.
A preocupação do governo de Honduras
Em uma declaração, o governo hondurenho pediu ao governo da Guatemala "que investigue e esclareça as ações das forças de segurança guatemaltecas e reitera mais uma vez que somente unidos como região, pode-se continuar a trabalhar para enfrentar a migração irregular". Esta migração, acrescenta a nota de Tegucigalpa, é "causada pelas condições sociais que estão passando os nossos países e que, infelizmente, é explorada pelo crime organizado que lida com o tráfico de pessoas". "Estamos falando de segurança nacional", replicou o diretor do Instituto Guatemalteco para as Migrações, Guillermo Díaz, sobre a posição do país em relação à proibição da passagem dos migrantes hondurenhos. O exército guatemalteco enviou mais de 5.000 soldados em sete departamentos do país e também é apoiado por milhares de outros agentes da Polícia Nacional Civil como parte de um plano organizado pelo governo para impedir o avanço dos migrantes.
O medo da difusão da Covid-19 entre os migrantes
As autoridades de saúde da Guatemala, por sua vez, informam que pelo menos 21 migrantes hondurenhos da caravana testaram positivo para a Covid-19. A diretora de comunicações do Ministério da Saúde da Guatemala, Julia Barrera, disse que todos os infectados foram transferidos para centros de tratamento específicos para o coronavírus para que permaneçam em quarentena, assegurando que nenhuma das pessoas positivas foi repatriada para Honduras, pois devem primeiro manter a quarentena na Guatemala.
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