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O administrador apost¨®lico de Makeni, em Serra Leoa, dom Natale Paganelli O administrador apost¨®lico de Makeni, em Serra Leoa, dom Natale Paganelli

Os muitos v¨ªrus da ?frica. Dolorosa reflex?o de um bispo em Serra Leoa

¡°Devemos deter o grande v¨ªrus da corrup??o que est¨¢ bloqueando a ?frica. Caso contr¨¢rio, a covid-19 pode se tornar, para alguns, uma oportunidade de obter recursos para benef¨ªcio pessoal¡±, afirma o administrador apost¨®lico de Makeni, dom Natale Paganelli. ¡°Infelizmente, h¨¢ aqueles que querem a ?frica pobre e aqueles que querem a corrup??o, porque desta forma eles controlam os minerais. ? preciso estar vigilante¡±, diz o bispo italiano origin¨¢rio de Bergamo

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Em Serra Leoa, neste período de pandemia, ¡°outras doenças e a fome matam mais que a covid-19¡±: é o que afirma o administrador apostólico de Makeni, dom Natale Paganelli, que descreve a situação de um dos países africanos mais pobres do mundo.

Sessenta e três anos de idade, originário de Bergamo, norte da Itália, o missionário xaveriano está à frente da Diocese de Makeni desde 2012; uma área rural, atormentada há uma década por um conflito entre rebeldes e forças governamentais, também conhecida pelo triste fenômeno das crianças-soldados.

Aqui e em toda Serra Leoa, até alguns anos atrás o ebola fez vítimas de forma implacável: pelo menos cinco mil pessoas. ¡°Víamos pessoas ficarem doentes e caírem¡±, conta dom Paganelli em vídeo chamada.

População duvida do perigo da covid-19

Também a malária aflige severamente o país: a cada ano morrem mil crianças menores de cinco anos e 40% dos pacientes visitados nos hospitais têm sintomas desta doença. ¡°A população duvida do perigo da covid-19¡±, revela o prelado, ¡°as pessoas abandonaram os hospitais e vão aos médicos nativos para tratamento¡±.

Além disso, estes dias os poucos médicos leoneses (apenas mil numa nação carente de infraestruturas de saúde) estão em greve devido à falta de materiais de proteção pessoal, como luvas e máscaras. Eles exigem do governo o pagamento do bônus prometido por causa da pandemia e jamais obtido.

Desde o início da emergência declarada, até hoje, foram registrados oficialmente 1.959 casos positivos (dados atualizados) e 69 mortes, não muitos em comparação com os aproximadamente 7.900.000 habitantes.

Impacto econômico da pandemia numa população já pobre

Num país com maioria muçulmana, os católicos são cerca de 7% da população, mas estão presentes com escolas e serviços comunitários. ¡°Honestamente, em minha diocese vi poucos contágios e aqueles poucos que vi, inclusive dois envolvendo padres, não eram sintomáticos¡±, observa o administrador apostólico de Makeni.

¡°O que mais o preocupa, como está acontecendo em outros Estados africanos, é o impacto econômico sobre uma população já pobre, que está lutando para ganhar o necessário para trazer comida para casa todos os dias.¡±

As minas ainda estão fechadas por causa do bloqueio, houve um toque de recolher, as pessoas não puderam sair às ruas para vender seus produtos no comércio informal. A fome aumentou desmedidamente, e da pobreza se passou rapidamente para a miséria.

¡°Há muita solidariedade¡±

A Caritas diocesana começou a distribuir alimentos, inclusive com o apoio da Caritas Italiana e da Conferência Episcopal Italiana. Por sua vez, as Pontifícias Obras Missionárias estão apoiando sacerdotes, religiosos e catequistas engajados na promoção humana e em atividades pastorais, inclusive na capital Freetown.

¡°Tivemos que pedir ajuda para poder distribuir arroz, cebola, sal e condimentos para assegurar a sobrevivência dos mais pobres¡±, continua dom Paganelli, que acrescenta: ¡°Há muita solidariedade¡±.

¡°Vimos pessoas indo trabalhar nos campos dos que estão em quarentena. Agora as medidas restritivas estão sendo reduzidas, mas daqui a dois meses veremos os efeitos sobre a economia real. É um problema estrutural.¡±

Deter o grande vírus da corrupção

A este ponto da vídeo chamada, a colocação do administrador apostólico de Makeni se estende de forma crítica a nível geopolítico e macroeconômico: ¡°É conveniente manter a economia africana pobre e dependente da ajuda externa, de modo a poder controlar suas riquezas¡±. Serra Leoa ¨C lembra o bispo ¨C é rica em minerais, mas mais de 70% da população está na pobreza.

¡°Uma intervenção internacional eficaz deveria criar uma classe governante séria para o país. Devemos deter o grande vírus da corrupção que está bloqueando a África. Caso contrário, a covid-19 pode se tornar, para alguns, uma oportunidade de obter recursos para benefício pessoal.¡±

¡°Infelizmente ¨C conclui dom Paganelli ¨C, há aqueles que querem a África pobre e aqueles que querem a corrupção, porque desta forma eles controlam os minerais. É preciso estar vigilante.¡±

(L¡¯Osservatore Romano)

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20 agosto 2020, 10:50