Abadia de Santo Antimo: arte e criação convidam a louvar a Deus
Pope
Santo Antimo, presbítero cristão romano, tem sua memória litúrgica no dia 11 de maio, dia em que morreu mártir na Via Salária, a vinte duas milhas de Roma no ano 305. A Abadia de Santo Antimo encontra-se no esplêndido vale de Val di Stravia, aos pés do borgo de Castelnuovo dell’Abate, na Toscana. Esta obra prima da arquitetura românica e pulmão de espiritualidade, foi moradia por muitos séculos da comunidade dos monges beneditinos. Agora, dia 13 de junho reabre suas portas aos fiéis e visitantes, dentro dos protocolos de segurança anti-Covid-19. As pedras desta prestigiosa estrutura sagrada conservam a ininterrupta oração e o trabalho diário oferecido a Deus pelos religiosos segundo as indicações de seu fundador.
Regra de São Bento
No prólogo da Regra, São Bento escreve: “Escuta, filho meu, os ensinamentos do mestre, abra mansamente o teu coração; aceita de bom grado os conselhos inspirados pelo seu amor paterno e coloque-os em prática com empenho. Dirijo agora a minha palavra a ti, quem quer que sejas, que, renunciando às tuas vontades, pronto a servir sob Cristo Senhor o verdadeiro Rei, retomes as fortes e valorosas armas da obediênciaâ€.
Origens precedentes ao século XII
A igreja atual foi construída no início do século XII, mas as origens da Abadia são precedentes e remontam à época do Sacro Império Romano. De fato, Carlos Magno é considerado o fundador da Capela Carolíngia, correspondente à atual sacristia. A existência do complexo monástico já foi atestada no ano 814, quando o Imperador Ludovico, o Piedoso o enriqueceu com bens e privilégios.
Um deambulatório com capelas radiais ou secundárias, o teto das naves laterais com abóbadas em cruz, a galeria com janelas de duas aberturas fazem com que a planta arquitetônica de Santo Antimo esteja em conformidade com o das igrejas localizadas nas antigas rotas de peregrinação. Maestrias italianas e francesas se alternam no grande canteiro de obras do prestigioso monumento: entre os principais o da escola do Mestre de Cabestany, autor do extraordinário capitel que representa Daniel na fossa dos leões.
Obras-primas da escultura de madeira
Voltar a visitar a Abadia de Santo Antimo significa admirar novamente duas obras-primas da escultura de madeira: o Crucifixo, datável entre o final do século XII e o início do século XIII, esculpido a partir de um único bloco de madeira e influenciado pela escultura borgonhesa. Em 1377, quando Santa Catarina de Sena se encontrava na região para pregar o Evangelho, também se ajoelhou diante do crucifixo. Não se pode deixar de mencionar uma outra escultura de madeira que remonta ao século XIII e representa Nossa Senhora de Santo Antimo, obra de um mestre da Umbria. A Virgem, Sedes Sapientiae, está sentada em um trono e segura o Menino Jesus nos joelhos tendo em mãos o globo coroado pela cruz.
Santa Hildegard de Bingen
A reabertura da Abadia de Santo Antimo oferece a possibilidade de passear pelas Hortas de Hildegard, a mística da Idade Média, estruturado segundo as visões da santa beneditina. Segundo a santa, a veriditas, a cor verde, indicava o frescor e o vigor: qualidades que se perdem quando falta a fé e a aridez do coração toma conta, premissa de todas as doenças. Os remédios são as muitas ervas medicinais presentes no local. Um lugar de contemplação e oração, em contato direto com a Criação, é também o grande Carvalho de Moreh, assim chamado em memória da aparição de Deus a Abraão narrada no décimo segundo capítulo do Gênesis.
Beleza e espiritualidade
A partir de 13 de junho, peregrinos e visitantes podem também voltar à farmácia do mosteiro, montada na antiga sala do tesouro. Em Santo Antimo ainda está viva a tradição dos produtos alimentares, produtos à base de ervas e a cerveja produzida segundo uma antiga receita. A espiritualidade beneditina, a liturgia, o canto gregoriano, a arquitetura, a arte e a paisagem circundante com oliveiras até onde a vista alcança, são uma constante lembrança da Beleza, reflexo do rosto de Cristo, inspiradora da oração e do louvor a Deus. Mesmo para o homem e a mulher do século XXI.
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