Covid-19 na DZô: Caritas denuncia crise humanitária nas prisões com a superlotação
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
A emergência sanitária na Colômbia, em quarentena obrigatória desde 25 de março para mitigar a propagação do coronavírus no país, também tem afetado as comunidades mais vulneráveis à doença. Segundo o boletim do Ministério da Saúde, são mais de 20 mil pessoas testadas positivas para a Covid-19 e quase 800 mortes registradas. Só no último sábado (23), mais de mil casos diários foram confirmados pela primeira vez, acelerando o crescimento da curva na Colômbia.
As autoridades também confirmam 130 focos de contágio espalhados praticamente por todo o território nacional, inclusive com casos confirmados em ao menos 9 prisões. A situação que mais preocupa, segundo o Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário, é em Villavicencio, no Departamento de Meta, a 67 quilômetros ao sul de Bogotá, com 867 dos 951 infectados da região.
A Covid-19 com superlotação das prisões
Na Colômbia, mais de 110 mil pessoas estão presas hoje em prisões com capacidade para cerca de 80 mil pessoas, o que indica uma superlotação de 40%. Os últimos dados falam de mais de mil casos positivos de Covid-19 entre a população carcerária do país, 16 internados e 4 mortes.
Com o aumento dos casos que podem afetar diretamente o sistema sanitário interno, o diretor da Secretaria Nacional da Pastoral Social, da Caritas da Colômbia, Pe. Héctor Fabio Henao Gaviria, divulga uma nota em que demonstra profunda preocupação. O organismo da Conferência Episcopal recorda, assim, “a urgente necessidade de enfrentar a crise humanitária nos cárceres com medidas que respeitem a dignidade humana e protejam a saúde dos detentos”.
Condições favoráveis sem distinção
O comunicado – que exorta a solidariedade de todos diante das pessoas privadas de liberdade, das famílias e agentes administrativos e penitenciários – também solicita a intervenção imediata para “humanizar os institutos”. Isso significa criar condições favoráveis de permanência “sem distinções”: não somente para os presos, mas para os profissionais que prestam serviço no local, garantindo “as medidas de segurança e prevenção”.
Essas medidas devem ser “globais e de qualidade para garantir o direito à vida e à saúde, com prevenção em relação ao vírus e o acesso adequado aos serviços sanitários”. A Igreja católica, assim, que há muito tempo denuncia “a situação crítica nos cárceres do país”, alerta para as atuais evidências diante da pandemia que “dolorosamente” agravaram as condições já presentes nos institutos penitenciários.
Olhar especial às mulheres presas
O pedido também se refere à tutela da população feminina nos cárceres, sobretudo, “às mães com filhos com menos de 3 anos, àquelas doentes e às idosas que, neste momento, são ainda mais vulneráveis”. O comunicado também solicita um programa de redistribuição dos presos, assim como a aceleração dos processos para superar os problemas da superlotação.
App para monitorar detentos
Diante dessa situação, a agência de notícias EFE divulga que uma empresa de tecnologia do Chile busca implementar na Colômbia um aplicativo que permite monitorar os presos que obtêm o benefício de prisão domiciliar. A ideia é trabalhar através da geolocalização e dos dados biométricos, contribuindo para evitar a propagação do coronavírus nos cárceres do país.
Trata-se do App de GeoVictoria, uma ferramenta para controlar a saída vigiada com reconhecimento facial, de voz e localização dos presos, afirma o diretor-executivo da empresa, Rodrigo Lewit. O Chile já usa o aplicativo através dos agentes penitenciários e a empresa pretende implementar o instrumento em outros países afetados pela emergência sanitária nas prisões.
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