Menos armas nucleares no mundo, mas mais modernas
Silvonei José - Cidade do Vaticano
O número de ogivas nucleares no mundo diminuiu ainda mais no último ano, mas os arsenais existentes estão se modernizando cada vez mais. É o que afirma o último relatório do “Stockholm International Peace Research Institute” (Sipri). A Rússia tem o arsenal nucelar mais rico do planeta com 6.500 ogivas. Os Estados Unidos têm 6.185. Juntos, os dois países acumulam 90% do total mundial. O número de armas atômicas diminuiu drasticamente desde o seu pico em meados da década de 80, quando atingiu quase 70.000 unidades.
Hoje, o número total de ogivas planetárias é de 13.685, com uma diminuição de 600 unidades em relação ao início de 2018. Os números também incluem ogivas prontas para serem desmontadas. As armas estão se tornando cada vez mais modernas e o desenvolvimento não se detém. Em particular, existiriam cerca de 2.000 ogivas que poderiam ser usadas em tempos relativamente rápidos. A tendência dos Estados dotados de armas nucleares é, portanto, a de modernizar os seus arsenais, disse Shannon Kile, pesquisador da Sipri. Nove Estados possuem armas nucleares: EUA, Rússia, Grã-Bretanha, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte. Os Estados Unidos e a Rússia reduziram os seus arsenais com base no acordo New Start assinado em 2010.
Outros países nucleares
O redimensionamento, que também envolveu armas obsoletas produzidas durante a Guerra Fria, de acordo com o Sipri diminuiu em comparação com 10 anos atrás. Além disso, ainda nem sequer tiveram início as conversações para prever uma simples prorrogação do acordo, que deverá expirar em 2021. A análise do instituto também chama a atenção para outros países, começando pela Índia (130-140 ogivas) e Paquistão (150-160). À Grã-Bretanha são atribuídas 200, à França 300 e à China 290. O arsenal israelense deve compreender 80-90 ogivas, enquanto de acordo com a pouca informação disponível, acredita-se que a Coréia do Norte possua 20-30.
Kile revela várias tendências preocupantes, como a acumulação de armas nucleares em ambos os lados da fronteira indo-paquistanesa, o que aumenta o perigo de que um conflito convencional possa se transformar num confronto nuclear. O ex-Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou recentemente às potências nucleares para que "levem o desarmamento a sério" e sublinhou o "risco muito real" de que décadas de trabalho no controle internacional destas armas acabem num impasse depois de os Estados Unidos se retirarem do acordo internacional sobre a energia nuclear iraniana.
Os esforços globais de desarmamento sofreram outro revés este ano, quando a Rússia e os Estados Unidos suspenderam sua participação no Tratado de Desarmamento Nuclear do INF sobre Armas de Alcance Intermediário (500-5.500 km) assinado durante a Guerra Fria, acusando-se mutuamente de o terem violado.
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