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A igreja de São Sebastião em Negombo depois do atentado A igreja de São Sebastião em Negombo depois do atentado 

Cardeal de Sri Lanka: "Sigamos o exemplo de Cristo na cruz”

O cardeal Albert Malcolm Ranjith Patabendige Don, entrevistado pelo Pope, pede justiça, mas convida à calma, para não envenenar o clima de convivência na Ilha. Nesta segunda-feira (22) irá visitar os feridos nos hospitais para levar seu conforto

Cidade do Vaticano

Mais de 290 mortos e 500 feridos nos ataques terroristas no Sri Lanka no Domingo de Páscoa. As investigações revelam que os atentados foram perpetrados por sete kamikazes, e por trás destas ações de terror, diz um porta-voz do governo, está o movimento islâmico local, o National Thowheeth Jama'ath (NTJ). Já subsecretário do governo Rajitha Senaratne, declarou ao ThGuardian que estes ataques seriam impossíveis sem o apoio de alguma rede internacional.

Até o momento foram detidas 24 pessoas e imposto um novo toque de recolher das 20 horas até às 4 da manhã. O governo declarou estado de emergência nacional. As explosões do domingo (21), atingiram três igrejas e três hotéis de luxo da Ilha. Dez dias antes dos atentados, um alto funcionário da polícia nacional havia lançado um alerta – segundo a Agência France Presse – baseado em informações provenientes de serviço secretos estrangeiros, segundo os quais um movimento islamita organizava “atentados suicidas contra importantes igrejas”.

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O Pope entrevistou por telefone o cardeal Albert Malcolm Ranjith Patabendige Don, arcebispo de Colombo e presidente da Confederação Episcopal dos Bispos do Sri Lanka:

Logo depois de receber a notícia do atentado, fui visitar a igreja em Colombo onde morreram 50 pessoas. Aconteceu durante a Missa do Domingo de Páscoa: a igreja estava praticamente lotada por fiéis, quando entrou um atentador suicida e se explodu, provocando mortes, feridos e graves danos. Logo depois tivemos a notícia de outra bomba que explodiu na região norte de Colombo, causando mais de 120 mortes e destruindo completamente a igreja. Não sabemos quem foi e nem como isso pode acontecer. Agora o governo e a polícia estão investigando e esperamos que logo sejam encontrados os responsáveis.

O senhor fez um apelo também para a doação de sangue, porque há muitos feridos…

Sim, há cerca de 500 feridos. Era Domingo de Páscoa e as igrejas estavam todas lotadas.

Neste momento, qual é a maior necessidade? O senhor pediu também para os médicos que estavam no dia de descanso para voltarem ao trabalho…

Sim, porque tratando-se de um domingo, havia poucos médicos nos hospitais, foi por isso que lancei um apelo para voltarem ao serviço e "salvarem pelo menos uma vida".

Qual é o sentimento da comunidade cristã neste momento? Há medo?

Sim, há muito medo e também insegurança porque as notícias não são precisas: dizem que ainda há células destes pequenos grupos extremistas que querem matar. Fiz um apelo ao governo e às agências de segurança para que apurem as investigações para que esta situação não se repita.

O senhor pediu uma investigação “sólida e imparcial”…

Sim porque temos que investigar de modo correto. Aparentemente parece um grupo particular, mas pode ser que por trás destes atentados tenha muito mais.

Qual é a resposta da Igreja local?

Fizemos um apelo a todas as comunidades para manterem a calma e a não fazerem justiça com as próprias mãos, garantindo que os funerais sejam feitos em clima de tranquilidade. Fiz um apelo aos católicos para que sigam o exemplo de Jesus Cristo, que na Cruz perdoou os que o tinham crucificado.

No Sri Lanka estes ataques mortais acontecem há anos. Vocês esperavam um ataque semelhante?

Não, ficamos surpresos, porque há dez anos que não acontecia algo assim. A situação era bastante tranquila e pacífica e os turistas estavam voltando ao país. A economia estava retomando caminho e tínhamos muitas esperanças. Este atentado é um pouco estranho: havia algumas tensões entre as comunidades islâmicas e aquela majoritária, mas não creio que fosse tão dramática, a ponto de causar um atentado deste tipo. Por trás deste deste ataque deve existir alguma matriz internacional. Nós não podemos dizer qual grupo está por trás de tudo, porque não se pode acusar uma comunidade em particular: devemos ser inteligentes.

Como o senhor vê o futuro neste momento?

Se o governo exercer a sua autoridade e investigar bem o caso, pode-se encontrar o grupo particular – trata-se de pequenos grupos – e neutralizando-os, a situação voltará à normalidade. Entre a comunidade islâmica e as outras comunidades há muita paz e concórdia: podemos melhorar ainda mais esta situação.

O senhor conseguiu falar com alguns fiéis que tiveram lutos em família ou feridos?

Sim, falei com algumas pessoas. Hoje irei aos hospitais. Infelizmente algumas famílias perderam todos: pai, mãe, filhos… todos mortos no mesmo atentado. Estas coisas são muito tristes. Não se sabe o que dizer a essas pessoas porque tinham ido rezar, tinham ido ao encontro do Senhor.

O que a comunidade internacional pode fazer?

Acredito que a melhor ajuda que a comunidade internacional possa dar é a de compreender a situação, ajudar o governo local e os líderes religiosos a encontrarem a solução sem interferir muito na política interna do país.

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22 abril 2019, 15:20