Repam em defesa da vida dos povos ind¨ªgenas isolados
Cristiane Murray - Cidade do Vaticano
A Rede Eclesial Panamazônica-REPAM, em conjunto com comunidades e organizações indígenas, entidades sociais e acadêmicas, está promovendo uma iniciativa de articulação em defesa da vida e dos direitos dos povos indígenas em situação de isolamento voluntário na região amazônica.
Declaração em defesa da vida dos Povos Indígenas em Isolamento
Nos dias 05 a 08 de julho de 2018, na cidade de Puerto Maldonado-Madre de Dios (Peru), reuniram-se representantes dos povos indígenas Matsigenka, Harakbut, Nahua y Yine e da Coordenação de Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira-COIAB, do Vicariato de Madre de Dios (Peru), do Centro Amazônico de Antropologia e Aplicação Prática ¨C CAAAP e do Vicariato de Aguarico (Equador), professores da Universidade Federal do Amazonas ¨C UFAM, representantes do Conselho Indigenista Missionário ¨C CIMI e do Secretariado Executivo da REPAM, com o objetivo de avançar em estratégias coletivas e regionais de defesa dos direitos destes povos. Na conclusão, foi emitida a .
As ameaças aos Povos Voluntariamente Isolados
Na região amazônica, há informações da existência de cerca de 150 povos, ou segmentos de povos, que não mantêm contatos sistemáticos ou permanentes com a sociedade envolvente.
Como consequência desta violência, muitos povos indígenas foram exterminados. Outros se viram obrigados a dispersar-se e, a partir desse momento, seus diversos grupos passaram a viver experiências muito diferentes. Alguns aceitaram as relações permanentes, decorrentes do contato, e outros se protegeram em lugares de mais difícil acesso, procurando preservar sua autonomia e optando por limitar ou evitar relações com terceiros.
Estes povos, chamados com diversos nomes como ¡°isolados¡± ou ¡°em isolamento voluntário¡±, ¡°livres¡± ou ¡°autônomos¡±, continuam hoje tendo sua vida gravemente ameaçada pela invasão de seus territórios. A retirada ilegal de madeira, a mineração, a exploração petrolífera e de gás, o narcotráfico, o desmatamento e o agronegócio, bem como os grandes projetos de infraestrutura (estradas, ferrovias, ductos ou hidroelétricas, dentre outros), a serviço de uma economia de acumulação e descarte, continuam avançando de forma acelerada sobre os territórios mais remotos onde estes povos haviam conseguido uma vida autônoma e livre.
Acolher o pedido do Papa
A Rede Eclesial Pan-amazônica, encorajada pelas palavras do Papa Francisco em Puerto Maldonado (Peru) em janeiro de 2018, convida toda a Igreja Católica, que se prepara para o Sínodo da Amazônia, e particularmente a Igreja presente nesta região, a acolher o chamado do Papa, assumindo com ousadia e esperança a opção pela defesa da vida destes povos, sensibilizando a toda a comunidade cristã e fortalecendo, com generosidade e criatividade, formas de presença profética e solidária.
Para o Presidente do Conselho Indigenista Missionário, CIMI, e arcebispo de Porto Velho, Dom Roque Paloschi, o Sínodo será uma oportunidade para os povos indígenas serem os protagonistas, ¡°ouvidos e acima de tudo respeitados¡±.
Para nós, ocasião de iniciar um processo de descolonização
Segundo Dom Roque, os anseios dos povos indígenas devem aparecer no Sínodo, ditos por eles mesmos: ¡°o direito de serem respeitados, de serem vez e voz dentro da Igreja e da sociedade, o direito à autodeterminação, e de terem reconhecidos seus costumes, línguas e tradições: a sua espiritualidade¡±.
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