Crian?as que fogem da Venezuela expostas a novos riscos na Col?mbia
Cidade do Vaticano
Tráfico de seres humanos, recrutamento por grupos armados e organizações criminosas, riscos à saúde. Estes são alguns dos perigos que ameaçam os menores que entram na Colômbia fugindo da fome na Venezuela, onde 300 mil crianças estão ameaçadas pela desnutrição.
A denúncia é da organização internacional ¡°Save the Children¡±, que desde 1919 luta para salvar a vida de crianças ameaçadas, procurando garantir a elas um futuro.
Na atual crise humanitária, a organização trabalha para oferecer às crianças e suas famílias acampadas ao longo da fronteira entre os dois países, locais seguros onde possam brincar e aprender, além de oferecer apoio psicossocial, kit para higiene e material educativo.
A espiral da crise política e social na Venezuela provocou uma hiperinflação, desemprego e falta de alimentos e remédios, uma combinação que resultou no aumento da taxa de desnutrição, a maior em 25 anos.
No país, que hoje conta com 1,3 milhões de pessoas desnutridas, a cada semana morrem de 5 a 6 crianças por desnutrição. Neste contexto, aumenta dramaticamente o número de indivíduos que abandonam a Venezuela. Em 2017, mais de 500 mil pessoas cruzaram a fronteira com a Colômbia, ali permanecendo.
Há crianças que entram no país vizinho desacompanhadas, o que aumenta o risco de raptos e exploração, como explica Jenny Gallego, coordenadora para a Proteção da organização:
¡°Indo em direção às áreas povoadas, estas crianças que atravessam a fronteira ilegalmente percorrem um campo minado imaginário. A sua total invisibilidade para os serviços de apoio e agências governamentais, torna-as extremamente vulneráveis para aqueles que querem explorá-las ou abusar delas, como os traficantes ou recrutadores dos grupos armados ou gangues¡±.
Mesmo as crianças que entram na Colômbia legalmente, ao lado de seus pais, correm riscos ligados às difíceis situações em que são obrigadas a viver: muitas crianças passam a ter diarreia, doenças de pele ou do sistema respiratório devido à falta de condições higiênico-sanitárias adequadas, e com a chegada da estação das chuvas, é prevista uma maior propagação de tais patologias. Nos acampamentos, ademais, existe epidemia de sarampo.
A Diretora da ¡°Save the Children¡± Colômbia, Maria Paulo Martinez, explica que após decênios de guerra civil, a Colômbia acolhe o maior número de deslocados internos no mundo, mais de sete milhões, mais da metade dos quais crianças¡±.
¡°Chegam às centenas de milhares da Venezuela. E continuarão, porque a crise lá não dá sinais de retroceder. O governo colombiano e o resto do mundo devem reconhecer a situação por aquilo que é: uma emergência humanitária prolongada, que provavelmente irá piorar muito¡±.
¡°Apoiamos o apelo do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados ao governo colombiano, para que continue a mostrar generosidade aos venezuelanos, reconhecendo a eles os direitos essenciais e a presença legal no país, para assegurar que as crianças e as suas famílias sejam protegidas¡±.
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