Dom Pedro Casaldaliga: compromisso, luta e fé
Cristiane Murray - Cidade do Vaticano
Padre Paulo Gabriel é agostiniano, nasceu na Espanha, mas está no Brasil há 45 anos. Viveu 20 anos na mesma casa de Dom Pedro Casaldaliga e integrou a equipe pastoral da Prelazia de São Félix do Araguaia. A poucos dias do nonagésimo aniversário do bispo poeta-profeta, abrimos o microfone do Pope ao seu testemunho.
Padre Paulo, ‘cantor popular de história simples’, autor de inúmeras obras, entre outros, de Em desnuda oração - Salmos da rua, começa pelo início: revela como ouviu pela primeira vez falar em Dom Pedro Casaldaliga e o que isso representou para o jovem sonhador que era e ainda é.
Dom Pedro, a Igreja que o jovem padre sonhava
“A primeira vez que ouvi falar de Pedro foi em 1971, por motivo de sua ordenação episcopal. Eu vivia na Espanha, no Mosteiro do Escorial. Tinha terminado os estudos de Filosofia e vi na revista Vida Nueva uma reportagem de Teofilo Cabestrero que tinha como capa ‘Um bispo poeta, um bispo profeta’ e narrava a sagração episcopal de Pedro em São Félix do Araguaia”.
“Vim para o Brasil em 1972, me ordenei no Rio de Janeiro e em 1980 cheguei à Prelazia. Vivi com Dom Pedro na mesma casa por 20 anos, com a Irmã Irene Franceschini e formando, com vários leigos e leigas, uma equipe pastoral. Deus me concedeu a graça de viver com um homem extraordinário em todos os sentidos. Graça que não mereço”.
Radical no bom sentido e coerente na trajetória
“Pedro é um homem radical, no melhor sentido da palavra. Radical no seguimento de Jesus ao pé da letra, como dizia São Francisco. Radical na pobreza, radical na fé, radical na esperança, e na coerência absoluta entre o que diz e o que faz. Isto lhe dá uma autoridade moral extraordinária. É um homem que testemunha aquilo em que acredita e pelo que vive. Seu compromisso político nasce de sua fé em Jesus e vive este compromisso nas causas concretas”.
“Pedro é um homem extremamente inteligente, com uma capacidade para captar a realidade de forma extraordinária. A defesa das mulheres pisadas, excluídas, dos peões…”.
“Ele tem uma capacidade enorme para traduzir, no concreto, as grandes causas. Ajudou a criar o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e a CPT (Comissão Pastoral da terra) e como grande artista e criador, poeta extraordinário, fez a Missa da Terra sem Males, a Missa dos Quilombos, e muitos poemas onde mistura o compromisso, a luta e a fé”.
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