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S¨ªnodo sobre a sinodalidade, outubro de 2024 S¨ªnodo sobre a sinodalidade, outubro de 2024  ( foto Ag¨ºncia Ecclesia)

Rede Sinodal e Universidade Cat¨®lica querem estudar a aplica??o do S¨ªnodo

Uma parceria de colabora??o entre a Rede Sinodal em Portugal e o Centro de Investiga??o em Teologia e Estudos de Religi?o (CITER) da Universidade Cat¨®lica Portuguesa abre caminho a um estudo a ser realizado pela Equipa de Trabalho ¡°Igreja Cat¨®lica e Sinodalidade em Portugal¡±.

Rui Saraiva ¨C Portugal

Desde a publicação do Documento Final do Sínodo em outubro de 2024 e a sua confirmação pelo Papa Francisco que teve inicio o processo de receção e aplicação das conclusões do Sínodo que decorreu entre 2021 e 2024.

É nesse espírito que a Rede Sinodal em Portugal e o Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião (CITER) da Universidade Católica Portuguesa (UCP) decidiram colaborar com vista ao desenvolvimento de um estudo sobre o processo de aplicação das conclusões do Sínodo. 

Igreja Católica e Sinodalidade em Portugal

Será, assim, constituída a Equipa de Trabalho ¡°Igreja Católica e Sinodalidade em Portugal¡± que numa primeira fase, neste ano de 2025, fará uma análise compreensiva dos materiais recolhidos e criados pela Rede Sinodal.

Estudar o envolvimento das comunidades e de todo o Povo de Deus na receção das conclusões do Sínodo em Portugal é o principal objetivo desta parceria e do estudo que se seguirá, tal como está bem plasmado no número 87 do Documento Final do Sínodo onde se pode ler que ¡°favorecer a participação mais ampla possível de todo o Povo de Deus nos processos de decisão é a forma mais eficaz de promover uma Igreja sinodal¡±.

Esta parceria é um dos vetores de trabalho da Rede Sinodal em Portugal que desde finais de 2024 está a realizar a iniciativa ¡°No coração da esperança¡± com entrevistas em vídeo a várias personalidades, com publicação no YouTube e que refletem sobre o Documento Final do Sínodo e a sua aplicação.

No âmbito desta iniciativa foram já entrevistados Tomás Halik, sacerdote e teólogo, João Duque, leigo, teólogo e pró-Reitor da UCP e Sérgio Leal, sacerdote e especialista em sinodalidade.

Recordemos que este trabalho da Rede Sinodal em Portugal tem sido desenvolvido em parceria com Diário do Minho, Voz Portucalense, Correio do Vouga, Correio de Coimbra, A Guarda, 7Margens, Rede Mundial de Oração do Papa e Folha do Domingo.

Na entrevista que concedeu a esta iniciativa, João Duque afirmou que no Documento Final do Sínodo há aspetos que vão despoletar alterações inevitáveis, que vão passar pelo Direito Canónico. ¡°O Direito Canónico pode ser libertador na medida em que institui estruturas que são exigidas às comunidades¡±, declarou.

¡°Neste documento há alguns aspetos que eu penso que inevitavelmente vão ter algumas alterações e que são aqueles aspetos que mexem sempre mais com estruturas, que na prática acaba por passar sempre um pouco pelo Direito Canónico.

O Direito Canónico pode ser um peso para a comunidade, enquanto é simplesmente um conjunto de normas, mas o Direito Canónico pode ser libertador na medida em que institui estruturas que são exigidas às comunidades, que são exigidas aos líderes das comunidades e que ficam instituídas mesmo juridicamente. Depois cumprem-se mais ou menos, de acordo com o que se cumpre mais ou menos do direito, pois já há lá muita coisa que não é cumprida, muitas vezes. Seja como for, as estruturas ficam constituídas.

Por exemplo, está-se a trabalhar nas estruturas paroquiais, que é sempre o nível de base. Estruturas paroquiais e estruturas diocesanas são sempre as mais significativas, sem dúvida, para a vida da Igreja Católica, pelo menos na forma como a temos organizada agora. Portanto, se houver transformações, diríamos obrigatórias, institucionalizadas na vida das paróquias, podem os líderes depois ligar mais ou ligar menos a esses órgãos, o certo é que têm que os ter, em princípio, e têm que os ouvir também. Em princípio. Muitos já os têm, felizmente. Em Portugal, menos um bocadinho. Noutros países há mais. Noutros, nalguns, ainda há menos do que em Portugal, diríamos.

Alguns párocos já têm o hábito de trabalhar, sem dúvida, muito com os paroquianos e, portanto, de escutar muitos fiéis. Não só escutar: trabalhar em conjunto, que é diferente de escutar apenas. Isso já existe, mas não existe em todos os casos. E, como nós sabemos, precisamente os casos mais delicados, que são aqueles que depois podem resultar em abuso de poder, em abuso de poder espiritual, que é um aspeto que certamente teremos que ter muito em atenção para além de outro tipo de abusos, são precisamente aqueles casos mais graves em que, diríamos, as coisas ficam entregues à boa vontade ou má vontade do líder. E isso não. Tem que haver de facto uma estrutura.

Se aí houver alterações significativas que, para além dos conselhos económicos, os conselhos pastorais, paroquiais, etc., sejam estruturas exigidas e estruturas a que o clero, que ainda são os líderes principais das comunidades e mesmo a formação do futuro clero, leve muito em conta e se habitue a trabalhar assim, haverá logo um impacto muito rápido e imediato nas comunidades¡±, afirmou.

Por sua vez, o padre Sérgio Leal na entrevista à iniciativa ¡°No coração da esperança¡± assinalou que o ¡°processo de aplicação¡± deverá ter ¡°a mesma amplitude que teve o processo de escuta¡±. Um ¡°processo de mudança¡± que deve ¡°partir de uma fidelidade criativa ao Evangelho¡±, salientou.

¡°No processo de aplicação deste documento final, eu creio que devemos ter em conta, em primeiro lugar, que é um processo, evitando duas tentações: a tentação do imediatismo de querermos já no imediato, um conjunto de transformações e de mudanças, até porque temos que ter algum cuidado com esta precipitação para a mudança. Quando é preciso mudar tudo é porque não temos nada de essencial e nós temos. Temos que fazer este processo de mudança a partir de uma fidelidade criativa ao Evangelho, uma fidelidade criativa à tradição eclesial. E, portanto, há que evitar esta tentação do imediatismo, mas também a tentação de prolongarmos indefinidamente este processo de aplicação. Que se abra um verdadeiro discernimento, que é pastoral e que é evangélico, um discernimento que implica oração, reflexão, mas também operatividade. Um discernimento, que implica decisões corajosas e ousadas para o nosso tempo. E, por isso, é necessário evitar esta tentação do imediatismo e é necessário fazermos deste processo de aplicação um processo também de discernimento, tal como ele aconteceu desde a escuta até à reflexão sinodal nas duas assembleias que aconteceram em Roma. Não podemos querer que um processo que demorou três anos agora seja aplicado em três meses. É necessário um processo de aplicação que há de ser descentralizado, como propõe o documento final.

E eu diria, porque já o disse antes, durante o processo sinodal, de que gostaria que este processo de aplicação tivesse a mesma amplitude que teve o processo de escuta. Agora já não para levantar e fazer um diagnóstico da realidade, mas aplicar, tornar operativo, tornar operativos todos estes desafios, mas optando pelo mesmo pela mesma metodologia. Portanto, voltar às comissões sinodais diocesanas, às comissões paroquiais. Isto é, voltar aqui, voltar à base, como temos dito, voltar às bases e a partir daí, gerar um processo de discernimento localizado onde a pergunta fundamental há de ser esta: o que é que o Espírito Santo nos está a pedir aqui agora. E este aqui agora evita-nos um saudosismo do passado, de um passado, porventura que nunca existiu, por isso é que às vezes, existem tantos saudosos dele. Mas pensarmos e repensarmos a ação eclesial, à luz do aqui agora neste lugar concreto e neste tempo que o Senhor nos chama a viver¡±, sublinhou.

¡°Igreja Católica e Sinodalidade em Portugal¡± é o desafio de estudo que a Rede Sinodal e a Universidade Católica assumem a partir de agora. Um trabalho para acompanhar aqui na Rádio Vaticano e no Pope.

Laudetur Iesus Christus

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17 fevereiro 2025, 16:19