São Sebastião: Testemunha de Cristo
Cardeal Orani João Tempesta, O. Cist. - Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
No dia 20 de janeiro, temos a graça de celebrarmos o padroeiro de nossa catedral, arquidiocese, cidade e estado: o glorioso Mártir São Sebastião. São Sebastião é um dos santos mais queridos e invocado entre o povo brasileiro. Por causa de sua poderosa intercessão e incontáveis milagres obtidos, ele se tornou padroeiro de muitas cidades e outras tantas cidades e bairros por todo o Brasil receberam o nome de São Sebastião. Temos muitos oratórios, capelas e paróquias que o invocam como patrono. Ele é, também, o padroeiro da agricultura e da pecuária e de tantos quantos trabalham no agronegócio, além da ligação com os militares. A Nossa Arquidiocese do Rio de Janeiro já está quase terminando a celebração da Trezena de São Sebastião, considerado o Padroeiro da cidade e dos fiéis cariocas.
Sebastião nasceu em Narbonne; os pais eram oriundos de Milão, na Itália, do século terceiro. São Sebastião, desde cedo, foi muito generoso e dado ao serviço. Recebeu a graça do santo batismo e zelou por ele em relação à sua vida e à dos irmãos.
Ao entrar para o serviço no Império como soldado, tinha muita saúde no físico, na mente e, principalmente, na alma. Não demorou muito, tornou-se o primeiro capitão da guarda do Império. Esse grande homem de Deus ficou conhecido por muitos cristãos, pois, sem que as autoridades soubessem – nesse tempo, no Império de Diocleciano, a Igreja e os cristãos eram duramente perseguidos –, porque o imperador adorava os deuses do império. Enquanto os cristãos não adoravam as coisas, mas as três Pessoas da Santíssima Trindade.
Esse mistério o levava a consolar os cristãos que eram presos de maneira secreta, mas muito sábia; uma evangelização eficaz pelo testemunho que não podia ser explícito.
São Sebastião tornou-se defensor da Igreja como soldado, como capitão e, também, como apóstolo dos confessores, daqueles que eram presos. Também foi apóstolo dos mártires, os que confessavam Jesus em todas as situações, renunciando à própria vida. O coração de São Sebastião tinha esse desejo: tornar-se mártir. E um soldado denunciou-o para o Império e lá estava ele, diante do imperador, que estava muito decepcionado com ele por se sentir traído. Mas esse santo deixou claro, com muita sabedoria, auxiliado pelo Espírito Santo, que o melhor que ele fazia para o Império era esse serviço; denunciando o paganismo e a injustiça.
São Sebastião, defensor da verdade no amor apaixonado a Deus. O imperador, com o coração fechado, mandou prendê-lo num tronco e muitas flechadas sobre ele foram lançadas até o ponto de pensarem que estava morto. Mas uma mulher, esposa de um mártir, o conhecia, aproximou-se dele e percebeu que ele estava ainda vivo por graça. Ela cuidou das feridas dele. Ao recobrar sua saúde depois de um tempo, apresentou-se novamente para o imperador, pois queria o seu bem e o bem de todo o Império. Evangelizou, testemunhou, mas, dessa vez, provavelmente no ano de 288 foi duramente martirizado.
São Sebastião é um exemplo de coragem ante os obstáculos da vida e fidelidade mesmo diante das contrariedades e perseguições. É interessante notar o seu empenho em fazer o bem ocultamente, aproveitando todas as circunstâncias para semear alegria, consolo e ânimo para as pessoas próximas, mesmo sabendo que quando fosse descoberto poderia ter complicações. São Sebastião também pode ser reconhecido por sua prontidão em fazer a Vontade de Deus e enorme espírito de serviço, pois após recobrar a saúde ele se volta para os outros e quer continuar fazendo o bem, sem achar que já fez muito na vida e que agora precisa repousar. Ele é um peregrino da esperança!
A vida de São Sebastião nos mostra que tudo ele venceu com muito amor, tanto que o tema da nossa trezena e da nossa festa neste ano é: “São Sebastião peregrino de esperança”. Olhando para vida deste grande santo, percebemos que só foi possível ser corajoso devido ao seu grande amor pelo Evangelho e por Jesus. Ah, como temos que aprender com São Sebastião. Ter amor à Deus ao próximo e a vontade sempre de se doar. São Sebastião compreendeu que sua permanência em Milão seria insignificante. Era preciso dialogar com o que parecia hostil. A ação de São Sebastião não foi tanto aquela de buscar aos que estão fora, mas sim de levar o que carregava dentro: o amor gratuito de Deus por cada homem e mulher que vem a esse mundo. Ao dirigir-se à Roma, decidiu dedicar-se a esses.
Observamos em nossas peregrinações por todos os cantos e recantos da Arquidiocese com a imagem peregrina (de esperança) de São Sebastião que nós podemos e devemos, dentro do ano jubilar, seremos peregrinos de esperança a exemplo do Glorioso Mártir São Sebastião. Deus nos ajude neste bom propósito!
Que o testemunho de São Sebastião nos ensine a ser um exemplo de cristão. Amando sempre a Deus e ao nosso próximo. Queremos pedir a intercessão do nosso padroeiro para que reine em nossa Arquidiocese o dom do serviço e de se colocar em favor do outro, sempre sendo peregrinos de esperança, construtores de fraternidade e promotores da paz! Tudo ele fez por causa de Jesus Cristo. E deve ser sempre por Cristo a nossa vida. Ó glorioso São Sebastião, dai-nos a graça de sempre buscar a justiça e o reino de Deus anunciando Jesus Cristo, o Senhor e Salvador.
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