Jornada realizada na PUC-Rio discutiu temas relacionados ¨¤ Amaz?nia
Carlos Moioli ¨C Arquidiocese do Rio de Janeiro
¡°Amazonizar é um verbo que fala de um método. Primeiro nós precisamos nos amazonizar, ou seja, conhecer as lógicas da floresta, a população local e suas necessidades, para depois procurar ajudar a Amazônia. Amazonizar é um verbo que pede, primeiro, uma transformação nossa, para depois oferecer ajuda, estar e construir juntos¡±, disse o reitor da PUC-Rio, padre Anderson Antônio Pedroso.
A Jornada Amazonizar faz parte da vocação da PUC-Rio, que prima pela produção e transmissão do saber, baseando-se no respeito aos valores humanos e na ética cristã, visando acima de tudo o benefício da sociedade.
Celebrando os 10 anos da Laudato si¡¯
O cardeal Peter Turkson, prefeito emérito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e relator da Encíclica Laudato Si¡¯, fez a primeira conferência, ¡°Uma década de reflexão e ação pelo Planeta¡±, sobre o marco de 10 anos do documento do Papa Francisco.
Tendo a oportunidade de apresentar o documento do Santo Padre em muitos eventos de âmbito internacional, o Cardeal Turkson explicou que faz parte de sua missão, por meio da Plataforma de Ação Laudato Si', de incentivar as pessoas a colocar o documento em prática.
¡°Convidamos igrejas, congregações, escolas, grupos religiosos para uma conversão ecológica, como a colocação de painéis solares nos telhados, plantar árvores, entre outras iniciativas¡±, disse o cardeal ganaense.
Segundo o Cardeal Turkson, ¡°a educação ecológica é fazer com que as pessoas se tornem sensíveis às questões ecológicas ao seu redor. Não é algo para ser dado como garantido, mas a ser completamente desenvolvido.¡±
¡°Incentivamos as pessoas a reconhecerem que todos somos cidadãos ecológicos, porque causamos impacto na criação e a criação causa um impacto em nossas vidas. O Papa Francisco fez um alerta com a Laudato Si¡¯, mas muitas pessoas dizem que as mudanças climáticas, o aquecimento global não são reais. Temos que começar de novo. É o trabalho que a Academia de Ciências procura fazer¡±, disse o Cardeal Turkson, que também exerce o ofício de chanceler da Pontifícia Academia das Ciências.
Durante sua conferência, o Cardeal Turkson dividiu a mesa com o ministro Antonio Herman Benjamin, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Foi uma oportunidade para aprofundar a discussão sobre os desafios ambientais e o papel da sociedade nesse contexto.
¡°A Laudato Si¡¯ é um documento que abre os olhos das pessoas e entre as pessoas os olhos dos juízes. Ela já foi citada duas vezes em acórdãos do Superior Tribunal de Justiça. Do início ao fim temos na Laudato Si¡¯ mensagens éticas, ecológicas, econômicas, mas também jurídicas¡±, disse o ministro Antonio Herman Benjamin.
Responsabilidade pela Casa Comum
O evento foi aberto pelo arcebispo do Rio de Janeiro e grão-chanceler da PUC-Rio, Cardeal Orani João Tempesta, que também presidiu Santa Missa na Igreja Sagrado Coração de Jesus, situada no campus da PUC-Rio, na Gávea, na qual destacou a Amazônia como um dos tesouros da criação, e o compromisso da Igreja pelo cuidado da Casa Comum.
Segundo Dom Orani, a Encíclica Laudato Si¡¯, lançada pelo Papa Francisco em maio de 2015, que tem como inspiração o Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis, ¡°é um documento que transcende fronteiras religiosas e sociais ao abordar com profundidade e clareza a crise ecológica e suas implicações éticas, econômicas e espirituais, e convida a Humanidade a louvar a Deus pela criação e a reconhecer sua responsabilidade de cuidar dela¡±.
Para Dom Orani, a Encíclica Laudato Si¡¯, que está às portas de completar 10 anos, ¡°continua sendo uma fonte de inspiração para iniciativas concretas que promovam a sustentabilidade e a justiça social.¡± O texto profético ¡°apresenta uma visão integral, que une o cuidado com o meio ambiente à promoção da dignidade humana, especialmente dos mais vulneráveis¡±. Esta conexão é mais evidente na Amazônia, na qual ¡°a destruição ambiental ameaça não apenas a biodiversidade, mas também as populações indígenas e comunidades tradicionais, que são guardiãs de saberes preciosos e vivem em profunda harmonia com a criação¡±.
¡°A Amazônia, com sua exuberante biodiversidade e rica diversidade cultural, ocupa um lugar especial no coração da Igreja. Durante o Sínodo para a Amazônia, em 2019, ficou claro que o cuidado com esta região é uma responsabilidade global. Ela não é apenas uma instância vital para o planeta, mas também um território sagrado, onde a criação manifesta de maneira única a grandeza de Deus¡±, disse Dom Orani.
COP 30
À tarde, como parte da ¡°Série Diálogos¡±, iniciativa que promove reflexões sobre temas cruciais para o futuro do planeta, houve discussões sobre os desafios e oportunidades da COP 30, que será realizada no ano de 2025, em Belém do Pará. Sob a mediação do reitor da PUC-Rio, padre Anderson Pedroso, a mesa-redonda com o título ¡°COP 30 na Amazônia: perspectivas para a liderança do Brasil¡± contou com a presença do embaixador André Aranha Corrêa do Lago, especialista em questões climáticas, e de Rafaela Guedes, senior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
Pensando a Amazônia
A segunda mesa-redonda ¡°Pensando a Amazônia: os desafios da sustentabilidade socioambiental¡± reuniu vozes experientes e engajadas na construção de um futuro sustentável para a floresta, com a participação de Beto Veríssimo, pesquisador associado e cofundador do Imazon, e André Trigueiro, jornalista e professor da PUC-Rio.
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