Pizzaballa sobre ³¾¨¢°ù³Ù¾±°ù±ð²õ de Damasco: exemplos de perd?o na viol¨ºncia
Beatrice Guarrera - Pope
¡°Estes nossos irmãos, os frades menores e os irmãos Massabki, deram o sangue por Jesus, não por heroísmo, mas por amor¡±. Com essas palavras, o Patriarca de Jerusalém dos Latinos, cardeal Pierbattista Pizzaballa, resumiu o significado do sacrifício dos ¡°mártires de Damasco¡±, na homilia da missa de ação de graças pela canonização, que presidiu na manhã desta segunda-feira (21/10) em Roma, na Basílica de Santo Antônio de Pádua.
Durante a celebração - que também contou com a presença do Custódio da Terra Santa, Pe. Francesco Patton, juntamente com uma grande delegação de religiosos - Pizzaballa se deteve no significado do martírio, que ¡°não é a expressão de um desejo de morte, mas uma escolha que expressa um profundo amor e uma suprema fidelidade ao que nos é mais caro¡±. É por isso, disse ele, ¡±que é o maior testemunho de fé. Os mártires nos mostram, por meio de suas vidas, o poder da fidelidade a Deus, que permanece inabalável mesmo diante da morte¡±. O martírio, entretanto, também é profecia, porque ¡°indica uma maneira nova e diferente de se posicionar em meio à violência e ao mal¡±: ¡°a maneira cristã de confrontar o poder do mal no mundo é a cruz. Estar com Cristo na cruz significa não ter medo da morte, mas manter vivo o desejo de doação, de amor livre, de perdão¡±.
Lembrando o gesto de um dos irmãos que, antes de ser morto, tentou salvar as espécies eucarísticas no tabernáculo, Pizzaballa acrescentou que ¡°o martírio também pode ser entendido como um ato eucarístico. Se a Eucaristia é a celebração do mandamento do amor, é o memorial da morte e ressurreição de Cristo, o martírio mostra seu cumprimento na realidade do mundo¡±. Aqueles que deram a vida pelo Evangelho ajudam ¡°a manter sempre viva a originalidade crist㡱, que diante da lógica do mundo, dominada pela força, pelo senso de superioridade, pela vitória, pela riqueza e pelo poder, ¡°responde com o dom de si, o desejo do bem, a coragem do perdão, a fidelidade à verdade e à justiça, o amor gratuito¡±.
¡°É a força dos mansos que herdam a terra¡±, observou o cardeal. Para o mundo, os mártires são perdedores, assim como Jesus foi um perdedor na cruz. Mas para nós, crentes, eles tornam visível o poder de Deus (cf. 1 Cor 2, 5)¡±.
O cardeal Pizzaballa, então, reservou um pensamento para o Oriente Médio de hoje, ¡°invadido pelo ódio, pelo fanatismo religioso, pelo desejo de vingança e retaliação, que são a causa da violência brutal não apenas física, mas em tantas outras formas¡±, ¡°um contexto no qual tantos cristãos têm oportunidades negadas, direitos negados, são maltratados ou simplesmente esquecidos, apenas porque continuam a seguir Cristo¡±. Em certo sentido, enfatizou, "isso também é uma forma de martírio".
Neste momento, acrescentou o Patriarca, ¡°testemunhamos a ilusão de acreditar que as perspectivas de paz podem ser construídas com o uso de armas. Há um sentimento de desconfiança, falta de esperança e indiferença em relação à morte e à dor dos outros. Vimos o que isso produziu: escombros por toda parte. A destruição, antes de ser material, é moral, humana¡±. Embora ¡°a interferência externa, seja ela política ou não, tenha certamente desempenhado um papel nessa deriva, como na época de nossos mártires¡±, ela não pode, entretanto, justificar tudo o que aconteceu. ¡°Deveríamos realmente fazer penitência¡±, disse o Patriarca, ¡±e pedir perdão a Deus por tudo isso. E reconhecer que mesmo as religiões, em suas formas institucionais, não demonstraram grande liberdade e capacidade de profecia¡±.
Nesse contexto, a pequena comunidade cristã no Oriente Médio é continuamente provada, como foi na época dos ¡°mártires de Damasco¡±, lembrou Pizzaballa: ¡°de Gaza ao Líbano, da Síria ao Iraque, do Egito ao Sudão, há muitos de nossos irmãos e irmãs na fé que sofrem todos os dias. Mas, junto com essas tragédias, também devemos nos lembrar da maravilhosa fidelidade a Cristo que eles sabem oferecer. Devemos reconhecer a força e a beleza do testemunho de não poucos jovens cristãos, por exemplo, que nas paredes das igrejas destruídas por bombas, há não muitos anos, queriam escrever: 'Mas nós os perdoamos!' Essa é a maneira cristã de estar no Oriente Médio¡±.
Mesmo hoje, portanto, o poder da cruz pode ser ¡°luminoso¡± e dar conforto: ¡°não permitiremos que a lógica da violência tenha a última palavra¡±, exortou o Patriarca, ¡°ou que seja a única voz no Oriente Médio¡±. Esta, portanto, é a beleza do testemunho cristão e o significado de sua presença nessas terras, marcadas pela vida de Jesus e banhadas em todas as épocas pelo sangue dos mártires cristãos, a presença luminosa de Cristo: ser, com palavras e ações, a força da vida, a oferta de fraternidade e acolhimento, o desejo de bem para todos, a coragem do perdão¡±.
Em seguida, o cardeal lembrou e saudou os fiéis da Síria, agradecendo-os ¡°por sua serena tenacidade ao longo desses anos difíceis de guerra e pobreza. O sangue dos mártires de Damasco foi para vocês uma semente que fortaleceu sua comunidade cristã que, apesar de tudo, hoje não desiste, mas continua a dar testemunho de vida e fraternidade¡±.
Uma oração também foi dirigida ¡°aos irmãos e irmãs libaneses que perderam suas vidas sob as bombas nos últimos dias¡± e ¡°aos irmãos e irmãs da Terra Santa, de Gaza a Belém, até Nazar顱: ¡°como no passado¡±, concluiu Pizzaballa, ¡°estou certo de que também hoje, apesar da tempestade furiosa da guerra, nossa pequena comunidade cristã saberá trabalhar pela verdade e pela justiça, colaborando com aqueles homens e mulheres de todas as religiões que não têm medo de se comprometer a construir juntos perspectivas de paz¡±.
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