Transi??o energ¨¦tica na arquidiocese de Manaus: avan?o na convers?o ecol¨®gica
Padre Modino ¨C Regional Norte 1 da CNBB
A Arquidiocese de Manaus, através da Comissão Arquidiocesana de Ecologia Integral, está promovendo uma transição energética, que pretende ser uma contribuição para a descarbonização. Uma proposta que nasce da Laudato Si´, que afirma que ¡°tudo está conectado", e que a proteção da natureza está ligada à proteção do ser humano.
Na Laudato Si aparece o chamado à humanidade a tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater este aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuam. Uma situação que demanda o desenvolvimento de políticas capazes de fazer com que, nos próximos anos, a emissão de dióxido de carbono e outros gases altamente poluentes se reduzam drasticamente.
Na cidade de Manaus, existem 11 usinas termelétricas distribuídas por toda a cidade, operando com combustíveis fósseis, como gasolina e diesel. Pensando na urgente questão climática, a Arquidiocese de Manaus está empenhada em tornar-se sustentável no que diz respeito ao consumo energético. O projeto visa à mudança da matriz energética, com foco na descarbonização.
A proposta consiste na colocação de placas solares, uma fonte de energia limpa e renovável. O projeto busca aproveitar o alto grau de incidência solar e a luz natural que a região possui, tirando proveito ambiental dessa situação naturalmente privilegiada. Junto com isso, a Igreja de Manaus pretende avançar na conversão ecológica, promovendo uma mudança de mentalidade que leve em consideração o cuidado com a vida, a criação, o diálogo e a conexão com os problemas climáticos que afetam a humanidade.
Assumir as propostas da Laudato Si e da Laudate Deum sobre a questão da transição energética é um passo fundamental, segundo a Comissão de Ecologia Integral da arquidiocese de Manaus. O coordenador da comissão, Frei Paulo Xavier Ribeiro, destaca a parceria com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e os aportes dos professores e professoras na comissão.
Igualmente, o frei capuchinho lembra o trabalho que existe dentro da Família Franciscana, com o departamento de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC). Os franciscanos e franciscanas são chamados ¡°a serem proféticos ao reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em suas fraternidades, escolas, paróquias, centros de estudos, etc., partilhando suas histórias de transição energéticas no âmbito local¡±, como atitude que nasce do legado franciscano, e que deve lhes levar a ¡°exigir aos governos locais uma política adequada de transição de energia, porque o que importa é a mudança estrutural¡±.
Frei Paulo Xavier relata a existência de diversos projetos em andamento, que estão em fase de captação de recursos. ¡°O desafio é imenso, a causa é nobre, precisamos nos converter¡±, afirma o frei capuchinho. Ele reconhece que ¡°há muita resistência entre nós¡±, o que faz com que ¡°não se consegue mudar o modo de ser e fazer na proposta de evangelização¡±.
A professora da UFAM y membro da Comissão de Ecologia Integral da arquidiocese de Manaus, Rosana Barbosa destaca a preocupação da Igreja de Manaus com a Casa Comum e a importância do passo dado em relação à mudança na transição energética. A professora reflete sobre os impactos negativos da ação humana com relação à natureza, especialmente as emissões de dióxido de carbono, que considera um elemento crucial para as mudanças climáticas. Em Manaus, 16 % da energia consumida é proveniente da queima de combustíveis fósseis nas termoelétricas. ¡°Quando a Igreja se propõe a mudar sua matriz energética, ela não está pensando na questão económica, mas está pensando que a Igreja vai deixar de emitir gases de efeito estufa¡±, ressalta a professora, que destaca a importância dos primeiros passos dados.
Rosana Barbosa lembra o pedido do Papa Francisco de um consenso em vista da transição energética e no combate a outros fatores que contribuem com as mudanças climáticas, como é o desmatamento, o uso inapropriado dos recursos hídricos. Um empenho da Comissão de Ecologia Integral da Arquidiocese de Manaus, que mesmo com o apoio dos bispos e de muita gente, ¡°falta informação para chegar em toda a comunidade da arquidiocese¡±, segundo a professora. Isso porque é ¡°um assunto ainda desconhecido de muitos¡±, para muitas pessoas a ecologia integral é um assunto distante da fé, mas ela tem que caminhar junto, insiste. Para isso a comissão tem realizado atividades, cartilhas, em vista de uma mudança de comportamento mais sustentável, em que as pessoas tenham cuidado com a Casa Comum a partir de nossas pequenas ações.
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