V Encontro da Igreja na Amaz?nia Legal: ¡°ser cada vez mais uma Igreja inserida¡±
Padre Modino ¨C Regional Norte 1 da CNBB
Com o tema, ¡°A Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: Memória e Esperança¡±, o encontro é organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil).
O fato de ¡°nos encontrarmos é sempre importante, para criarmos mais comunhão, para pensarmos juntos a evangelização, permanecermos fiéis ao espírito missionário da nossa Igreja na Amazônia, revermos a nossa caminhada¡±, segundo o cardeal Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1). Uma caminhada missionária, sinodal da Igreja da Amazônia, com horizontes muito bonitos e significativos, afirma o purpurado. Isso se concretiza em ¡°sermos cada vez mais uma Igreja mais inserida¡±, lembrando a encarnação proposta em Santarém, que hoje deve acontecer em realidades que são outras.
O presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) destacou a necessidade de ¡°cada vez mais inserirmos a vida dos povos indígenas¡±, falando sobre a situação muito difícil em termos de meio ambiente em que vive a Amazônia. O cardeal Steiner destacou o incentivo do Papa Francisco a levarmos em consideração toda a realidade, uma perspectiva que ¡°nos anima, mas é uma perspectiva exigente, porque não podemos deixar ninguém para trás. Queremos caminhar todos juntos, mas levando em consideração as realidades que estamos a viver¡±.
Um encontro iniciado com uma celebração marcada pela vida da Igreja e dos povos da Amazônia, seguida da abertura oficial do encontro, que representa uma alegria muito grande para a arquidiocese de Manaus, segundo seu arcebispo. O cardeal Steiner pediu que ¡°seja um encontro onde podermos continuar a sonhar, para sermos uma Igreja profundamente encarnada, levando em consideração os sonhos do Papa Francisco¡±, e a partir daí ¡°sermos uma Igreja que realmente canta a liberdade, e ao cantar a liberdade, se encarnar nas culturas que aqui existem, para que possamos realmente ser sinal de esperança¡±.
Uma alegria partilhada pelo arcebispo emérito de Huancayo (Peru) e presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), cardeal Pedro Barreto, que lembrou que ¡°é um fruto do processo sinodal vivido nesta região tão querida¡±. Ele destacou a larga história da Igreja na Amazônia, ressaltando a necessidade de ¡°sermos conscientes que recolhemos uma sagrada herança dos nossos antecessores que trabalharam na Amazônia¡±. O cardeal Barreto agradeceu ¡°todo o esforço que estão fazendo para caminhar em comunhão, participando todos na única missão de Cristo¡±.
Em nome da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, lembrou a longa história de encontros da Igreja da Amazônia, iniciado com o primeiro encontro inter-regional em 1952, destacando que ¡°a perseverança nos ensina que vale a pena continuar esse processo com todo entusiasmo¡±. Ele refletiu sobre os retrocessos que acontecem cada dia na Amazônia, citando os desmatamentos, e mostrando a preocupação do episcopado brasileiro para com os povos originários, ¡°esses são os que mais sofrem¡±, denunciando ¡°a gravidade das coisas que estão acontecendo em nosso país¡±, algo que lhes preocupa e que buscam dar respostas. Ele mostrou a apertura da CNBB a todos, e lembrou o tema da Campanha da Fraternidade de 2025, sobre a ecologia integral, ¡°uma oportunidade para sensibilizar a todo o Brasil¡±.
A Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), que está completando 10 anos, o fato de estar presente no território a leva a mostrar suas alegrias e preocupações, segundo sua vice-presidente, a irmã Carmelita Conceição. A religiosa citou a realidade da seca, que desafia a ¡°dar um sinal de vida e esperança na Amazônia¡±, vendo o encontro como uma ajuda para ¡°vermos o que fazer e como nos posicionar diante de tantos desafios¡±.
A representante do Governo Brasileiro, Kenarik Boujikian, Secretária Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Secretaria Geral da Presidência da República, afirmou que o papel da instituição que representa é manter o diálogo da sociedade civil e os movimentos sociais com o Governo, lembrando a importância dos movimentos populares para o Papa Francisco. Ela destacou a importância das messas de diálogo, apresentando um caderno de respostas às demandas da Igreja brasileira, que não pretende dar soluções, mas ele é uma ferramenta de trabalho, dividido em quatro eixos: emergência climática; direitos dos povos das águas, do campo e das florestas; regularização fundiária: denúncias e violações de direitos nos territórios. Um caderno para fazer novas construções, pequenas coisas que na realidade podem impactar.
Diante dessa realidade, ¡°a REPAM-Brasil quer ser um serviço eclesial, articulado com muitos movimentos e muitas organizações da sociedade civil, em busca de preservar os direitos dos nossos povos, dos nossos territórios e da nossa Amazônia como um todo¡±, segundo se presidente, o bispo de Roraima, dom Evaristo Spengler. Respondendo ao caderno, o bispo afirmou que ¡°as nossas ações apoiam e visibilizam as iniciativas das comunidades, pastorais e organizações eclesiais, a partir de uma espiritualidade encarnada, na defesa da vida dos povos e da biodiversidade amazônica para construir o bem viver¡±, algo feito com fé e esperança.
Ele lembrou a visita realizada a 13 ministérios e outras entidades, levando os resultados da escuta aos povos, que tem como consequência o caderno de respostas. Diante de uma situação que tende a se agravar, dom Evaristo Spengler agradeceu as respostas, destacando a importância das políticas públicas necessárias ao cuidado com a casa comum, com a Criação e com a nossa querida Amazônia.
O arcebispo de São Luis e presidente da Comissão Especial Episcopal para a Amazônia, dom Gilberto Pastana, lembrou os membros da comissão desde sua criação em 2003, que hoje é formada pelos presidentes dos regionais da Amazônia Legal. Um encontro de ¡°muita convivência, partilha da vida e da missão, e comprometimento com a causa do Reino¡±, para dar continuidade às conclusões assumidas no IV Encontro, realizado em Santarém em 2022. Lembrando o tema e o lema, ressaltou a importância do processo de escuta feito em preparação ao encontro, em busca de ¡°construir novos caminhos para a Igreja na Amazonia, para a ecologia e para o território¡±.
Insistindo em que ¡°a missão nos desafia¡±, ele disse que ¡°queremos ser fiéis aos desafios do Senhor¡±, chamando a ¡°dar continuidade a toda essa riqueza colhida e observada nos avanços, dificuldades e desafios em nossas ações evangelizadoras¡±. Igualmente, ele pediu ¡°fortificar o nosso compromisso missionário¡±, e ¡°identificar os passos concretos que o Espírito Santo revela à Igreja na Amazônia para realizar e crescer a comunhão, a missão e a participação.¡±
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