Dia Mundial da Fotografia: a Igreja católica e a 𱹲Բçã pela imagem
Renan Dantas - Diocese de Juína
É comum ouvirmos sobre a evolução da fotografia, mas você já se perguntou qual é a conexão entre a fotografia e a Igreja Católica? Qual a importância dessa arte para a fé católica? E, afinal, será que os fotógrafos têm algum padroeiro?
Santa Verônica: a padroeira dos fotógrafos
Na tradição católica, encontramos Santa Verônica como a padroeira dos fotógrafos. Verônica, a mulher que, durante a Paixão de Cristo, enxugou o rosto de Jesus com um véu, viu os traços de Sua face milagrosamente impressos no tecido. Essa imagem, conhecida como Sudário, é considerada a primeira "fotografia" sagrada. Santa Verônica e o Sudário representam, de certa forma, a ideia de “aura”, um conceito que Walter Benjamin definiu em sua obra Pequena História da Fotografia como "a aparição de algo distante, que se faz próximo". Através da fotografia, do lenço de Verônica e do Sudário, somos trazidos mais perto do Sagrado, revelando que o que parece distante está, na verdade, muito próximo.
A fotografia, como o lenço de Verônica e o Sudário, é uma imagem aquiropoética, ou seja, uma imagem criada sem o auxílio da mão humana, um verdadeiro milagre. A partir desse fato, a fotografia passou a desempenhar um papel significativo no culto moderno do sagrado. O Santo Sudário, por exemplo, ganhou uma importância teológica e litúrgica após ser fotografado por Secondo Pia em 1898. A fotografia não apenas revelou o rosto e o corpo de Cristo, mas também se tornou um meio para a compreensão espiritual desses objetos sagrados.
Philippe Dubois, renomado fotógrafo francês, descreve o Sudário como a primeira "fotografia de crime". Ele explica que o Sudário, impregnado pela presença de Cristo, tornou-se a marca negativa do corpo de Jesus, fazendo dele uma fotografia única e histórica.
A Igreja e a adoção da fotografia
A fotografia sacra, em especial, tem desempenhado um papel fundamental na evangelização da Igreja ao longo dos séculos. A Igreja sempre valorizou a arte como meio de expressar o divino e de comunicar a fé, e a fotografia veio se somar a essa tradição. Imagens sacras, como as de santos, relíquias, igrejas e momentos litúrgicos, têm ajudado a difundir a mensagem cristã de maneira visual, tocando o coração dos fiéis e aproximando-os do mistério da fé.
Além disso, a Igreja foi pioneira na adoção da fotografia em suas práticas. Os primeiros Papas a serem fotografados foram Pio IX, em 1846, e Leão XIII, em 1877, cujas imagens ajudaram a eternizar suas presenças e aproximaram os fiéis das figuras papais. São João Bosco, canonizado em 1934, foi o primeiro santo a ser fotografado, o que nos permite ter um vislumbre real de sua presença e espiritualidade.
A fotografia na evangelização
A fotografia, assim como na missão de evangelização, ajuda a revelar o sagrado e a eternizar momentos históricos. Seja na vida pastoral, no cotidiano do povo ou na trajetória da Igreja, a fotografia desempenha um papel essencial. Ela captura a essência da fé, perpetuando-a através das imagens e permitindo que as gerações futuras também possam vivenciar esses momentos. Através da fotografia, a Igreja tem conseguido levar a beleza do sagrado para além dos limites físicos das igrejas, alcançando pessoas em todo o mundo, especialmente em tempos de globalização e internet.
Outro santo apaixonado pela comunicação e que poderia ter abraçado a fotografia se vivesse em tempos modernos é São Maximiliano Kolbe. Conhecido por sua devoção à Imaculada Conceição e por sua incansável dedicação ao apostolado através dos meios de comunicação, ele fundou a "Milícia da Imaculada" e utilizou os meios disponíveis em sua época, como a imprensa e o rádio, para difundir o Evangelho. Se tivesse acesso à fotografia, é provável que Kolbe também a usasse para evangelizar, capturando e compartilhando a beleza da fé.
Eternizando o sagrado
Para ilustrar a importância da fotografia na Igreja e na vida dos fiéis, conversamos com João Marcos, um fotógrafo católico dedicado à fotografia e à evangelização através da arte visual: "a fotografia para mim é mais do que uma profissão; é uma vocação. Quando estou atrás das lentes, sinto que tenho a responsabilidade de capturar não apenas imagens, mas momentos de fé e graça que podem tocar o coração das pessoas. Através da minha câmera, busco eternizar o sagrado, seja nos detalhes de uma celebração litúrgica, no semblante devoto de um fiel, ou na simplicidade de uma igreja. Eu vejo a fotografia como uma extensão da missão evangelizadora da Igreja, pois uma imagem tem o poder de transcender palavras e levar a mensagem de Deus a lugares onde eu mesmo não poderia chegar. É um privilégio poder usar meu dom para glorificar a Deus e inspirar outros a verem o divino no cotidiano".
O futuro da fotografia na Igreja
À medida que a tecnologia avança, a fotografia continua a ser uma poderosa aliada na missão da Igreja. Com o advento das redes sociais e plataformas digitais, as imagens sacras agora alcançam ainda mais pessoas, ultrapassando barreiras geográficas e culturais. As celebrações, as devoções e o dia a dia da vida eclesial podem ser compartilhados instantaneamente, levando a mensagem do Evangelho a todos os cantos do mundo.
A fotografia não só documenta a história da Igreja, mas também a constrói. Ao capturar a beleza do culto, a fé dos fiéis e os milagres cotidianos, os fotógrafos católicos continuam a desempenhar um papel vital na evangelização. Assim, a Igreja Católica mantém viva a tradição de valorizar a imagem como meio de conexão com o divino, e a fotografia sacra se consolida como uma ferramenta indispensável na missão de comunicar o amor de Deus a todas as nações.
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