Custódio da Terra Santa: Maria profecia de um mundo novo onde viver em paz
Adriana Masotti - Cidade do Vaticano
Maria assunta ao céu como profecia do mundo novo, aquele “que Deus deseja realizarâ€, um mundo onde os humildes “possam viver em paz e os reféns e prisioneiros possam voltar às suas famíliasâ€, onde ninguém tenha que sofrer injustiça e fome e a terra, ao invés de ser um “objeto de discórdia e de guerraâ€, seja acolhida como um dom a ser cuidado.
A homilia do padre Francesco Patton, na Missa celebrada nesta Solenidade da Assunção na Basílica da Agonia no Monte das Oliveiras, em Jerusalém, não pode ignorar as dramáticas circunstâncias em que está mergulhada a sua terra há dez meses. A súplica dirigida a Maria é pela paz e por “uma humanidade finalmente reconciliadaâ€.
O custódio da Terra Santa recorda o trecho do Apocalipse que a Igreja repropõe todos os anos nesta ocasião: a visão no céu da Mulher que está prestes a dar à luz ao seu filho no deserto, "que é contrastada por um dragão, dotado de uma violenta força destrutiva e terrível, ainda que limitada", pronto para devorar o recém-nascido.
As interpretações são muitas, diz padre Patton: a Mulher é uma imagem da Igreja, mas também da Virgem Maria, enquanto na figura do dragão se pode ver “o Mal em todas as suas personificações e com todos os nomes com os quais foi chamado". A luta descrita por João entre a Mulher e o dragão nada mais é do que a descrição da "tentativa contínua - embora frustrada - que o Maligno faz para sabotar o nascimento daquele novo mundo desejado por Deus", o nascimento de uma humanidade não mais escrava “da violência, da guerra, do mercado, da colonização cultural, da mercantilização das pessoasâ€.
Maria, profecia sobre nosso destino final
Em Maria assunta de corpo e alma ao céu, continua o custódio da Terra Santa, lemos também o nosso destino último, que não é o de "ser arrastados para baixo e oprimidos pelos conflitos", mas de ser elevados para o alto para Deus e para a nova Jerusalém onde há espaço para todos os povos, línguas e culturas.
Neste sentido, afirma Patton, Maria é profecia e assim o foi nos vários momentos da sua vida em que viveu apenas a vontade do Pai, desde o momento em que se entregou a Deus até ao anúncio do anjo, até ao seu "estar de pé junto à Cruz, sem ser dominada pelo escândalo do mal gratuito, do sofrimento inocente, da morte injusta".
Que a terra não seja mais objeto de discórdia e guerra
Ao cantar o Magnificat, Maria foi profecia também para a nossa história, continua o franciscano, quando pediu "que os corações dos soberbos sejam desconcertados, que os poderosos sejam derrubados de seus tronos e por fim exaltados os humildes...", assim como profecia foi Jesus nas bem-aventuranças.
Pedir hoje o dom da paz é pedir que se cumpra aquela profecia, ou seja, que não tenham mais poder aqueles que “querem impor aos outros com violência a sua política, a sua economia, a sua cultura, a sua religiãoâ€, mas que “as crianças possam viver em paz e os reféns e prisioneiros voltarem às suas famílias".
Que não exista mais “quem usa a economia para reduzir os outros à escravidão†e “que aqueles que trabalham pela paz não sejam mais considerados ingênuos e iludidosâ€. Por fim, que a terra "não seja mais objeto de discórdia e de guerra, mas que a possam recebê-la como um dom os mansos, que saibam acolhê-la como um dom e estejam dispostos a cuidar dela em vez de ocupá-la e conquistá-la ".
O convite para recitar a Súplica pela Paz à Assunção
No passado dia 10 de agosto, com uma carta dirigida aos frades da Custódia, padre Patton convida a dedicar o dia da Solenidade da Assunção de Maria à súplica pela paz no Médio Oriente e no mundo inteiro, “utilizando também o fórmula de oração para a qual – escreve ele – pedi a aprovação eclesiásticaâ€.
O mesmo texto que, em concomitância, o cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca Latino de Jerusalém, convidou a recitar nesta quinta-feira e que ele próprio utilizará para pedir o dom da paz em vista das conversações de cessar-fogo que se realizam no Qatar precisamente na data de 15 de agosto.
Em uma carta dirigida aos fiéis da Terra Santa, Pizzaballa escreve: "Parecemos todos esmagados por este presente misturado com tanta violência e, certamente, também com raiva. (...) Depois de tantas palavras e depois tendo feito todo o possível para ajudar e estar perto de todos, especialmente daqueles que são mais atingidos, tudo o que nos resta a fazer, é rezarâ€.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp