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Sergipe: romeiros conscientizam comunidades às margens do Rio São Francisco a proteger a casa comum

A 45ª Romaria da Terra e das Ãguas da diocese de Propriá terminou no último domingo (25/08) após 9 dias de visitas aos ribeirinhos, quilombolas e indígenas que vivem às margens do São Francisco. Foram dias de acolhimento e multiplicação do discurso sobre os cuidados da casa comum, como prega a Laudato si' do Papa, "o que tem ajudado muito na conscientização da defesa da natureza", disse dom Vitor de Menezes. "Somos colaboradores de Deus nos cuidados da criação", reforçou Isaías Nascimento.
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Andressa Collet - Pope

O São Francisco, o quarto maior rio do Brasil e da América do Sul, acolheu a 45ª Romaria da Terra e das Águas da diocese de Propriá, no Sergipe, com o tema: 'Igreja em missão, cuidando da casa comum". Durante 9 dias, duas equipes de missionários percorreram cerca de 200 km do leito e visitaram as populações de ribeirinhos, quilombolas e indígenas em encontros que promoveram momentos de escuta, reflexão e também de conscientização no cuidade da casa comum.

Os colaboradores de Deus no cuidado da criação

Segundo Almir Fernando Zanforlin Minozi, que estava numa das embarcações, um grupo desceu do município de Canindé, divisa com a Bahia, e o outro subiu do município de Brejo Grande para se encontrarem no último domingo (25/08) no Mirante da Orla em Propriá. A diocese local promoveu um dia de caminhada por terra, apresentações culturais e testemunhos de romeiros, terminando com a missa na catedral, presidida pelo bispo diocesano, dom Vitor de Menezes. Neste ano, além do envio dos missionários com a celebração eucarística de encerramento, cada romeiro ganhou uma muda de árvore "com o compromisso de cuidar da casa comum: cada um terá que escolher um local para plantar e cuidar dela", comentou Almir. 

A romaria é promovida há 45 anos pela diocese de Propriá, que fica às margens do Rio São Francisco, e busca conscientizar o cuidado com a casa comum, além de fazer memória daqueles que tanto lutaram pelo direito às terras. Durante os 9 dias deste ano, as equipes missionárias também promoveram visitas a escolas para repassar orientações sobre educação ambiental, fizeram rodas de conversas com a população local e promoveram celebrações com foco na ecologia integral.

Lucas Lamonier, missionário leigo e membro de uma das equipes misssionárias, voltou a participar da romaria depois de 20 anos. Em 2004 ele fez esse mesmo trajeto e, hoje, ele percebeu que as comunidades ribeirinhas cresceram, com grande atuação do povo indígena de Xocó na defesa da reserva florestal, e a pobreza diminuiu. No entanto, constatou ele, ainda muito o que se fazer na proteção da casa comum em relação ao esgoto e ao lixo encontrado nas margens do rio.

O encontro dos romeiros com os moradores que vivem às margens do São Francisco]
O encontro dos romeiros com os moradores que vivem às margens do São Francisco]

O acolhimento dos romeiros pelos ribeirinhos

Uma das comunidades que acolheram os romeiros foi do Assentamento Borda da Mata, na cidade de Canhoba. Marinete Martins, catequista e membro da comissão de projetos missionários da Paróquia São Jesus dos Pobres, comentou que a equipe missionária foi reforçar sobre os cuidados para preservar o meio ambiente com um dia inteiro de atividades de conscientização, além de celebração eucarística. Com a visita, as próprias crianças puderam aprender - se divertindo - sobre a história do Rio São Francisco e, em mutirão, fizeram limpeza de dejetos às marges do rio. E Marinete acrescentou:

"A romaria é de suma importância para nós, já que nos lembra, mais uma vez, qual é a nossa responsabilidade com a nossa casa comum. Somos um ponto turístico, mas não devemos culpar só os nossos turistas pelas ações poluidoras de nossa comunidade. Nós também temos uma parcela de culpa: no uso abuso de agrotóxico e no jogar o lixo também. E, como as nossas mentes adultas são mais difíceis de aderirem a uma mudança, nosso projeto missionário é para mudar a mente das nossas crianças, para que consigam mudar as dos pais."

Claudiane Aragão, leiga consagrada, da Associação Missionária de Jesus no meio dos Pobres, que participou visitando as comunidades ribeirinhas, destacou o acolhimento dos indígenas Xocó, na Ilha de São Pedro, em Porto da Folha, em Sergipe. Em especial, Maria José Faustino, missionária consagrada da mesma associação que Claudiane. Na aldeia, "houve celebração da santa missa, presidida por Pe. Isaías, e a dança do toré, em agradecimento ao Deus da vida". 

Na Ilha de São Pedro, em Porto da Folha, em Sergipe, romeiros encontraram Maria José Faustino, missionária consagrada  da aldeia indígena de Xocó
Na Ilha de São Pedro, em Porto da Folha, em Sergipe, romeiros encontraram Maria José Faustino, missionária consagrada da aldeia indígena de Xocó

Defesa da casa comum continua todo ano

Isaías Nascimento, coordenador da Caritas local, reforçou o sobre o objetivo da romaria que foi "sensibilizar todos os cristãos e moradores das marges do São Francisco que nós somos colaboradores de Deus nos cuidados da criação. Nós todos somos corresponsáveis". Dom Vitor, por sua vez, enalteceu a importância de se criar essa consciência da defesa do meio ambiente e do próprio Rio São Francisco, tão importante para as comunidades ribeirinhas:

“Mas a luta continua porque, além da romaria, durante todo o ano a gente procura fazer encontros para falar da encíclica Laudato si' do Papa Francisco, o que tem ajudado muito na conscientização da defesa da natureza.â€

Dom Vitor de Menezes que presidiu a missa de encerramento da romaria
Dom Vitor de Menezes que presidiu a missa de encerramento da romaria

Colaboração: Almir Fernando Minozi e Ruan Bezerra A. Santos

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29 agosto 2024, 08:00