Dom Martinelli: Educa??o inter-religiosa, um ato de esperan?a e investimento no futuro?
Dom Paolo Martinelli ofmCap, Vigário Apostólico da Arábia Meridional
Recentemente, o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, afirmou que o ato de educar é sempre um ato de esperança. Investir na educação das novas gerações significa investir no futuro. Todos os pais, de fato, desejam transmitir a seus filhos não apenas comida e abrigo, mas, acima de tudo, o sentido último da vida, os valores éticos e espirituais que podem guiar seu futuro e torná-los verdadeiros cidadãos capazes de enfrentar o futuro com coragem e serenidade.
Nessa perspectiva, a dimensão religiosa é uma parte absolutamente constitutiva da experiência educacional. A religião, de fato, penetra no coração da experiência antropológica, pois diz respeito ao relacionamento de cada pessoa com Deus, a fim de colaborar com todas as pessoas de boa vontade para uma sociedade mais humana e fraterna.
Falar de educação inter-religiosa introduz um novo conceito que está crescendo na consciência dos povos e das religiões. Nesse sentido, é fundamental mencionar o documento sobre fraternidade humana assinado aqui em Abu Dhabi por Sua Santidade, o Papa Francisco e o Grande Imã de Al-Azhar, Sua Eminência, o Dr. Ahmad Al-Tayyeb. Esse documento, sem dúvida, marca um novo capítulo na história das relações inter-religiosas e representa uma ferramenta valiosa para a educação inter-religiosa. Com o mais profundo respeito pela diversidade, as religiões são chamadas a um caminho compartilhado no qual os fiéis de diferentes crenças aprendem a conhecer e respeitar reciprocamente, promovendo juntos valores éticos e espirituais para o bem da humanidade.
A educação inter-religiosa implica, antes de tudo, o reconhecimento de que todo ser humano é um ser religioso, criado para se relacionar com Deus e com os outros na busca do bem comum. Uma experiência educacional autêntica deve formar no sentimento religioso, ou seja, na referência constitutiva ao Deus transcendente, todo-poderoso, misericordioso e criativo, que deseja que todos os fiéis se tratem como irmãos e irmãs. As escolas públicas que o Vicariato Apostólico administra nos Emirados Árabes Unidos pretendem ser uma humilde contribuição para essa educação inter-religiosa que treina as novas gerações na colaboração e na solidariedade entre todos.
As religiões têm a tarefa comum de lembrar a humanidade da necessidade de cuidar das dimensões religiosas e éticas da vida. Sem Deus, o ser humano se torna desumano. Como afirma o documento de Abu Dhabi: "A forte convicção de que os verdadeiros ensinamentos das religiões nos convidam a permanecer ancorados nos valores da paz; a defender os valores do conhecimento mútuo, da fraternidade humana e da coexistência comum; a restabelecer a sabedoria, a justiça e a caridade; e a despertar um senso de religiosidade entre os jovens, a fim de defender as novas gerações do domínio do pensamento materialista, do perigo das políticas de ganância, do lucro desmedido e da indiferença, baseadas na lei da força e não na força da lei".
Em conclusão, se toda experiência educacional autêntica é um ato de esperança e um caminho para o futuro, a educação inter-religiosa comunica uma esperança ainda maior para toda a humanidade: a possibilidade de criar uma sociedade mais fraterna e humana, onde haja tolerância, coexistência, solidariedade e amizade social. As novas gerações pedem aos adultos que sejam testemunhas de que um mundo de paz é possível. Renovamos nosso compromisso de sustentar a esperança das novas gerações. Que Deus Todo-Poderoso abençoe nossos esforços por uma educação mais inter-religiosa e por um mundo mais fraterno.
* Fonte: Agência Fides
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