Cardeal Poola: não sejam ignoradas as partes sobre os pobres na Dignitas infinita
Pope
Deter-se apenas nas questões bioéticas é oferecer uma leitura parcial (e muito conveniente) da declaração doutrinária sobre direitos humanos , divulgada na segunda-feira, 8 de abril, pelo Dicastério para a Doutrina da Fé. É o que afirma o cardeal Anthony Poola, arcebispo de Hyderabad, neste comentário compartilhado com a agência AsiaNews sobre as reações despertadas na Índia (e não somente) pelo documento vaticano. "Devemos confrontar os padrões de pensamento socioculturais e religiosos que estão na base do motivo pelo qual muitos na Índia ainda vivem em condições subumanas" e que a Dignitas infinita questiona. É importante lembrar que o cardeal Poola é o primeiro indiano de uma família dalit (ou seja, dos chamados "sem casta") a receber a púrpura, no Consistório convocado em 2022 pelo Papa Francisco. Também por causa desse conhecimento direto de uma forma de negação da dignidade das pessoas, seu testemunho assume um significado particular.
Testemunho do cardeal indiano
O documento vaticano sobre a dignidade humana reflete de forma abrangente o entendimento enriquecido da Igreja católica sobre a dignidade da pessoa, à luz dos ensinamentos bíblicos e da tradição, e as implicações de respeitá-la em diferentes esferas da vida.
A mídia global e os jornais indianos têm se concentrado principalmente na teoria de gênero, na mudança de sexo e na maternidade sub-rogada, mas o ensinamento doutrinário abrange um terreno mais amplo que precisa ser explorado. Questões como pobreza, migração, violência, tráfico de pessoas e abusos são questões candentes que precisam de atenção urgente no contexto indiano.
Não há dúvida de que a dignidade humana hoje é negada a milhões de pessoas em todo o país que lutam contra a pobreza, a exploração, a discriminação, a falta de acesso à saúde e à educação primária, a negação de direitos...
A Dignitas infinita nos desafia, sobretudo como Igreja, a nos engajarmos em uma discussão sobre o crescente fosso social entre os ricos e aqueles que são privados até mesmo do essencial, sobre aqueles que migram para fugir e sobreviver, sobre a normalização da violência, sobre aqueles que vivem nas periferias e cujas vidas não contam.
À luz dos valores do Evangelho, devemos confrontar os padrões de pensamento socioculturais e religiosos que estão na base do motivo pelo qual muitas pessoas na Índia ainda vivem em condições subumanas e encontrar maneiras de garantir que sua saúde e dignidade sejam reconhecidas e mantidas.
Falar sobre questões importantes, mas distantes, pode ser fácil, mas discutir os problemas dos quais todos nós fazemos parte não é. Refletir sobre a dignidade da vida (ou sua negação) de um migrante que vive ao nosso lado ou dos pobres da vizinhança não é fácil, mas a declaração vaticana nos lembra que isso também deve ser colocado no centro de nossas conversas.
A declaração também pede que a Igreja indiana discuta as causas estruturais da pobreza, da injustiça e da violência e busque maneiras de defender a dignidade de milhões de pessoas em nossos contextos.
(com AsiaNews)
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