Ataque a um semin¨¢rio menor no Haiti: ¡°a Igreja mais do que nunca ¨¦ v¨ªtima"
Jean-Benoît Harel - Cidade do Vaticano
Bandidos armados invadiram o complexo do seminário menor Collège Saint Martial na capital haitiana por volta das 17h de segunda-feira, 1º de abril.
Depois de"neutralizar os dois guardas", os assaltantes "começaram a queimar veículos estacionados no pátio e a vandalizar as instalações". Os quatro padres e quatro funcionários presentes só foram salvos se escondendo e fugindo a pé para a rua ou para a catedral próxima. Apesar dos repetidos apelos, a polícia "atualmente muito enfraquecida" já estava lidando com um ataque violento ao Palácio Nacional, próximo à faculdade, e não pôde intervir.
Grandes danos à estrutura
O comunicado de imprensa afirma que "por mais de 6 horas, os bandidos continuaram a saquear, incendiar, roubar...". Ninguém ficou ferido, mas "os danos materiais foram consideráveis: quatro carros foram queimados, os outros foram vandalizados, a administração do colégio foi incendiada, a diretoria foi saqueada, assim como a residência da comunidade e as instalações da escola: geladeiras, painéis solares, baterias, inversores, sistemas de purificação de água, colchões, computadores e equipamentos eletrônicos, etc.".
O superior provincial, através do comunicado, expressa sua preocupação com a possibilidade de que esse tipo de ataque ocorra novamente: "é provável outras invasões nas próximas horas ou dias se a escola, de uma forma ou de outra, não for protegida".
Reação da Conferência Haitiana dos Religiosos
Por sua vez, a Conferência Haitiana dos Religiosos juntou-se aos "incessantes clamores da Igreja, tanto universal quanto local, para expressar sua profunda tristeza pela situação de caos em que nosso belo povo está vivendo". Assegurou sua solidariedade com os religiosos espiritanos e convocou "aqueles que detêm autoridade política, civil e religiosa a trabalharem juntos com perseverança para restaurar a paz e construir a justiça nesta terra que viu o nascimento de heróis da liberdade".
"Uma situação fora de controle"
Desde o final de fevereiro, poderosas gangues haitianas uniram forças para atacar delegacias de polícia, prisões, o aeroporto e o porto marítimo em uma tentativa de destituir o primeiro-ministro Ariel Henry. Este último anunciou que renunciaria em 11 de março para dar lugar a um conselho de transição. No entanto, esse conselho ainda não está em vigor, em meio a divergências políticas e dúvidas sobre sua legalidade. Em uma declaração emitida na segunda-feira, 1º de abril, o gabinete do governo disse que o conselho ainda não havia sido formado porque a constituição haitiana não autoriza sua criação.
A situação política parece estar em um impasse, enquanto as gangues continuam a se espalhar e a impor a lei da violência na capital haitiana. "A situação em Porto Príncipe está saindo do controle e nós somos mais vítimas do que nunca", lamenta o padre Raynold Joseph.
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