Amizade Social para uma Cultura do Encontro
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo Diocesano de Campos
Seguindo a reflexão do texto-base encontramos na primeira parte que constitui o Ver, a realidade interpelada pela pergunta bíblica: “Onde está o teu irmão?†(Gn 4,9).
Esta questão apresenta na pergunta de Deus, o chamado síndrome de Caim, que matara a seu irmão Abel, num processo que vai da inveja, ao ódio e finalmente ao homicídio. Esta experiência de estranhamento, leva a inimizade, divisão, exclusão e cultura da morte e do ódio, atuais no Brasil de hoje e no mundo afora.
Sombras de um mundo fechado, marcado pela desigualdade, violência e polarização. Mostra as claras a emergência de um hiper individualismo e uma subjetivação radical, segmentada que aniquilam a vida social e levam a identidades alterofóbicas (que não conseguem conviver mais).
Diante disso é preciso revigorar a consciência de que somos uma única família humana, vocacionada à fraternidade e comunhão gerando e fomentando a amizade social. Na segunda parte o Iluminar tratamos de aprofundar a proposta de Jesus: “Vós sois todos irmãos e irmãs†(Mt 23, 8). O ensino do Evangelho sobre a vida fraterna, nos situa diante de um único Mestre Jesus, um único Pai do Céu, e um único Guia o Espírito que gera diversidade de carismas e ministérios. Nos são assinalados os exemplos de José do Egito e Rute e Noemí que vivenciaram a procura do irmão e a permanência do vínculo fraterno.
Com o Evangelista São João se revela plenamente o sentido profundo e verdadeiro da amizade do amor de Deus como ágape e partilha. Os testemunhos dos Santos como São Francisco, Santa Clara, frei Ângelo , Rufino, Masseo e Jacoba de Settesoli (fra Jacoba) transparecem que na santidade não há ódio, indiferença nem exclusão de ninguém, mas fraternidade e amizade sem fronteiras. No Agir somos desafiados por um lema sinodal “Alarga o espaço da tua tenda†(Is 54,2). A nível pessoal alargar a tenda significa viver o diálogo, a escuta, a cultura do encontro e do respeito, tornar-se ponte e canal aberto.
Em nível comunitário tornar-se uma comunidade familiar, acolhedora, próxima, sendo Casa e Escola de comunão, vivendo como as ESPERE o perdão e a reconciliação, motivando e realizando a Coleta Nacional da Solidariedade.
Finalmente alargar a tenda a nível social investir no voluntariado, trabalhar à mediação reconciliação e arbitragem de conflitos nas comunidades, cultivar a cultura de paz e não violência, promover o ecumenismo e diálogo interreligioso, nas eleições levantar princípios e valores éticos centrados no bem comum, e na melhor política, a favor da vida, do bom viver e conviver, e da paz e amizade social. Deus seja louvado!
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