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Sala Paulo VI  - S¨ªnodo 2023 Sala Paulo VI - S¨ªnodo 2023  (Vatican Media)

S¨ªnodo: bispos de Portugal promovem reflex?o sobre Relat¨®rio de S¨ªntese

Em comunicado, a Confer¨ºncia Episcopal Portuguesa pede ¨¤s dioceses para darem especial aten??o a alguns dos 20 n¨²meros do Relat¨®rio de S¨ªntese. Focamos aqui a nossa aten??o sobre 3 desses assuntos indicados pelos bispos portugueses

Rui Saraiva ¨C Portugal

¡°Cada Diocese deve enviar à Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) o fruto da sua reflexão até final de março de 2024¡±, é com esta frase que o Conselho Permanente da CEP define o horizonte temporal para ser promovida a reflexão nas dioceses de Portugal nesta fase do Sínodo. Uma reflexão que deve ser ¡°orientada pela seguinte questão fundamental: Como ser Igreja Sinodal em Missão?¡±

¡°O Conselho reiterou as orientações práticas para as dioceses, cuja reflexão deve incidir nos capítulos 8-12, 16 e 18 do Relatório de Síntese da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos¡±, pode-se ler no comunicado da CEP, do passado dia 9 de janeiro, referindo o documento da primeira sessão do Sínodo em Roma que teve lugar em outubro de 2023.

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A Igreja precisa de escutar todos

Recordemos que os participantes na primeira sessão do Sínodo publicaram também uma Carta ao Povo de Deus, na qual pedem que todos devem ser escutados. ¡°Para progredir no seu discernimento, a Igreja precisa absolutamente de escutar todos¡±, escrevem os participantes da XVI Assembleia Ordinária do Sínodo dos bispos, salientando que essa escuta deve ¡°começar pelos mais pobres¡±.

O texto da Carta ao Povo de Deus refere e importância de ¡°escutar as pessoas que são vítimas do racismo¡±, ¡°os povos indígenas cujas culturas foram desprezadas¡± e, em particular, ¡°as ¡°vítimas de abusos cometidos por membros do corpo eclesial¡±.

¡°A Igreja precisa de escutar os leigos, mulheres e homens, todos chamados à santidade em virtude da sua vocação batismal: o testemunho dos catequistas, que em muitas situações são os primeiros anunciadores do Evangelho; a simplicidade e a vivacidade das crianças, o entusiasmo dos jovens, as suas interrogações e as suas chamadas; os sonhos dos idosos, a sua sabedoria e a sua memória¡±, lê-se na Carta ao Povo de Deus.

Os participantes no Sínodo assinalam também a importância da ¡°escuta das famílias, as suas preocupações educativas, o testemunho cristão que oferecem no mundo de hoje¡±.

Especial destaque na Carta ao Povo de Deus para a escuta dos ¡°ministros ordenados: os sacerdotes, primeiros colaboradores dos bispos, cujo ministério sacramental é indispensável à vida de todo o corpo; os diáconos, que com o seu ministério significam a solicitude de toda a Igreja ao serviço dos mais vulneráveis¡±.

O Relatório de Síntese ¡°recolhe as convergências, as questões a aprofundar e as propostas que surgiram do diálogo¡± desenvolvido na primeira sessão do Sínodo em Roma.

Em comunicado, a CEP pede às dioceses para darem especial atenção a alguns dos 20 números do Relatório de Síntese. Focamos aqui a nossa atenção sobre 3 desses assuntos indicados pelos bispos portugueses.  

As mulheres na vida e na missão da Igreja

¡°Em Cristo mulheres e homens são revestidos da mesma dignidade batismal e recebem em igual medida a variedade dos dons do Espírito¡±, refere a reflexão sobre o papel das mulheres na vida e na missão da Igreja, no texto da primeira sessão do Sínodo.

¡°Homens e mulheres são chamados a uma comunhão caraterizada por uma corresponsabilidade não competitiva, que deve ser encarnada em todos os níveis da vida da Igreja¡±, pode-se ler nas convergências sobre este assunto.

Segundo o documento ¡°as mulheres constituem a maioria das pessoas que frequentam as igrejas e são, muitas vezes, as primeiras missionárias da fé na família¡±.

No entanto, é referido que ¡°clericalismo, machismo e um uso inapropriado da autoridade continuam a deturpar o rosto da Igreja e causam dano à comunhão¡±. ¡°É necessária uma profunda conversão espiritual como base para qualquer mudança estrutural¡±, diz o Relatório nas convergências assumidas sobre este assunto.

No âmbito das questões a aprofundar, que necessitam de mais reflexão, o Relatório de Síntese assume que a Assembleia formulou ¡°com clareza o pedido de um maior reconhecimento e valorização do contributo das mulheres e de um crescimento das responsabilidades pastorais que lhes são confiadas em todas as áreas da vida e da missão da Igreja¡±.

Em especial, sobre o acesso das mulheres ao diaconado, o texto revela que foram ¡°expressas diferentes posições acerca do acesso das mulheres ao ministério diaconal¡±. ¡°Alguns consideram que este passo seria inaceitável, na medida em que se encontra em descontinuidade com a Tradição. Para outros, porém, conceder às mulheres o acesso ao diaconado recuperaria uma prática da Igreja das origens¡±.

Como propostas de trabalho, o Relatório declara que é ¡°urgente garantir que as mulheres possam participar nos processos de decisão e assumir papeis de responsabilidade na pastoral e no ministério¡±.

É sublinhado que deve ser dado ¡°seguimento à pesquisa teológica e pastoral sobre o acesso das mulheres ao diaconado, beneficiando dos resultados das comissões propositadamente instituídas pelo Santo Padre e dos estudos teológicos, históricos e exegéticos já realizados¡±.

O bispo na comunhão eclesial

O Relatório de Síntese da primeira sessão do Sínodo aborda o papel do bispo na comunhão eclesial. Desde logo, sublinhando que ¡°na perspetiva do Concílio Vaticano II, os bispos, enquanto sucessores dos Apóstolos, são postos ao serviço da comunhão que se realiza na Igreja local, entre as Igrejas e com a Igreja universal.¡±

¡°O bispo é, na sua Igreja, o primeiro responsável pelo anúncio do Evangelho e pela liturgia. Guia a comunidade cristã e promove o cuidado dos pobres e a defesa dos últimos¡±, diz o documento sublinhando que o bispo ¡°enquanto princípio visível de unidade, tem de modo particular a tarefa de discernir e coordenar os diferentes carismas e ministérios suscitados pelo Espírito para o anúncio do Evangelho e o bem comum da comunidade¡±.

¡°O bispo tem um papel insubstituível¡±, assinala o texto salientando que na Igreja local é o bispo que deve dar ¡°início ao processo sinodal¡±.

O Relatório apresenta propostas claras de trabalho que deverão ser objeto de reflexão nas dioceses, apontando, logo em primeiro lugar, que sejam ¡°ativadas, em formas a definir juridicamente, estruturas e processos de averiguação regular da ação do bispo, fazendo referência ao estilo da sua autoridade, à administração económica dos bens da diocese, ao funcionamento dos organismos de participação e à tutela em relação a todos os tipos de abuso¡±.

¡°A cultura da prestação de contas é parte integrante de uma Igreja sinodal, que promove a corresponsabilidade, bem como uma possível salvaguarda contra os abusos¡±, declara o texto.

É pedido que sejam considerados obrigatórios os conselhos episcopal e diocesano de pastoral ¡°e que se tornem mais ativos, também a nível de direito, os organismos diocesanos de corresponsabilidade¡±, pode-se ler ainda na síntese.

No documento da XVI Assembleia do Sínodo é abordado o tema dos critérios de seleção dos candidatos ao episcopado, sendo pedido ¡°que se verifiquem os critérios de seleção dos candidatos ao episcopado, equilibrando a autoridade do Núncio Apostólico com a participação da Conferência Episcopal.¡±

¡°Pede-se também para ampliar a consulta do Povo de Deus, escutando um maior número de leigos e leigas, consagradas e consagrados e tendo o cuidado de evitar pressões inoportunas.

Organismos de participação

Sobre a participação do Povo de Deus na vida da Igreja, o Relatório de Síntese sublinha a sua corresponsabilidade e a importância de ¡°decidir passos de reforma das comunidades cristãs¡±.

¡°Enquanto membros do Povo fiel de Deus, todos os batizados são corresponsáveis pela missão, cada um de acordo com a sua vocação, com a sua experiência e competência; assim, todos contribuem para imaginar e decidir passos de reforma das comunidades cristãs e de toda a Igreja¡±, diz o documento.

O texto sinodal salienta que ¡°a sinodalidade, na composição e no funcionamento dos organismos em que ganha corpo, tem como finalidade a missão. A corresponsabilidade é para a missão: isto atesta que estamos verdadeiramente reunidos em nome de Jesus¡±.

¡°À luz do magistério recente (particularmente a Lumen gentium e a Evangelii gaudium), esta corresponsabilidade de todos na missão deve ser o critério que está na base da estruturação das comunidades cristãs e de toda a Igreja local com todos os seus serviços, em todas as suas instituições, em cada um dos seus organismos de comunhão¡±, escreve a Assembleia Geral do Sínodo.

Este texto de síntese assinala que ¡°a composição dos vários Conselhos para o ato de discernir e de decidir de uma comunidade missionária sinodal deve prever a presença de homens e mulheres que tenham um perfil apostólico¡±.

Nas questões a aprofundar sobre este assunto, tem especial destaque aquela que se refere ao modo de unir os aspetos consultivo e deliberativo nos organismos de participação. ¡°Na perspetiva da originalidade evangélica da comunhão eclesial: como podemos unir o aspeto consultivo e o deliberativo da sinodalidade? Com base na configuração carismática e ministerial do Povo de Deus: como integramos nos vários organismos de participação as ações de aconselhar, discernir, decidir?¡±, revela o documento.

Como propostas de trabalho sobre os organismos de participação, o Relatório de síntese apresenta duas: a obrigatoriedade dos Conselhos Pastorais e a prestação de contas.

Sobre a primeira o documento refere que ¡°com base na compreensão do Povo de Deus enquanto sujeito ativo da missão de evangelização, codifique-se a obrigatoriedade dos Conselhos Pastorais nas comunidades cristãs e nas Igrejas locais¡±.

Sobre a prestação de contas, o texto sinodal declara que ¡°os organismos de participação representam o primeiro âmbito para viver a dinâmica de prestar contas de quem exerce serviços de responsabilidade¡±.

A CEP aguarda os contributos das dioceses de Portugal até final de março de 2024, para que na primeira semana de abril a sua Equipa Sinodal possa sintetizar a reflexão de todas as Dioceses. Depois de aprovado pela Assembleia Plenária da CEP de 8 a 11 de abril, o texto final será enviado para a Secretaria Geral do Sínodo até 15 de maio de 2024.

Laudetur Iesus Christus

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17 janeiro 2024, 16:41