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Igreja queimada no povoado de Helroklam, distrito de Senapati, Índia. (AFP/Arun Sankar) Igreja queimada no povoado de Helroklam, distrito de Senapati, Índia. (AFP/Arun Sankar)  (AFP or licensors)

Portas Abertas divulga Lista Mundial da Perseguição 2024

Foi apresentada a World Watch List ("Lista Mundial da Perseguição 2024"), uma lista dos 50 países onde são registrados os maiores níveis de discriminação contra os ãDz: 365 milhões os mais afetados no mundo, número em aumento a partir de 2023. A Coreia do Norte permanece estável no primeiro lugar. Para a Ásia, seguem-se o Iêmen, o Paquistão, o Irã e o Afeganistão. Na Índia, o aumento dos atos hostis às vésperas das eleições preocupa.

Em escala global, há mais de 365 milhões de cristãos perseguidos (1 em cada 7), o número mais elevado dos últimos 31 anos. Os atos hostis incluem agressões, tortura, sequestros; em casos extremos, assassinatos. Mas não se trata apenas de violência física: há também maus tratos e pressões diárias no local de trabalho, no acesso aos cuidados de saúde, à educação e aos locais de culto, e uma burocracia muitas vezes debilitante.

Na Ásia, 2 em cada 5 cristãos sofrem elevados níveis de perseguição e discriminação por razões de fé. Trata-se da macrorregião do mundo mais afetada por esta chaga, seguida pela África (1 em cada 5) e pela América Latina (1 em cada 16).

Este é o triste quadro que emerge do sobre a perseguição contra os cristãos no mundo (World Watch List 2024) divulgado nesta quarta-feira, 17, referente ao período de outubro de 2022 a setembro de 2023.

Na Itália, o relatório foi apresentado na sala de imprensa da Câmara dos Deputados, a convite do Intergrupo para a Proteção da Liberdade Religiosa dos Cristãos no Mundo, representado na ocasião pelo Exmo. Emanuel Loperfido. Também estiveram presentes Timothy Cho, ativista norte-coreano, e Cristian Nani, diretor Portas Abertas/Open Doors desde 2015. “Em 31 anos de pesquisa registramos um aumento constante na perseguição anti-cristã em termos absolutos. 2023 foi um ano recorde”, afirmou Cristian.

A Lista Mundial de Perseguição do Portas Abertas é criada todos os anos seguindo uma metodologia específica. A organização conta com o apoio “de cristãos perseguidos em mais de 70 países”, lê-se no relatório, realizando pesquisas de campo graças a numerosas “redes locais”. A estes somam-se investigadores, especialistas e analistas, num total de cerca de 4 mil pessoas envolvidas.

Existem cerca de 100 países “potencialmente afetados pelo fenômeno da perseguição” e destes surge todos os anos uma lista de 50, representando as situações mais preocupantes de perseguição e discriminação contra cristãos pertencentes a todas as denominações e confissões.

Na lista divulgada nesta quarta-feira, a Coreia do Norte, como acontece há anos, mantém-se estável no primeiro lugar, seguida em segundo e terceiro pela Somália e pela Líbia. Os países que registam um “nível extremo” de perseguição aumentaram de 11 para 13 em comparação com o último relatório.

Olhando para a Ásia e o Médio Oriente, além de Pyongyang, há também Iêmen, Paquistão, Irã, Afeganistão, Índia, Síria e Arábia Saudita.

A nível global, existe uma instabilidade crescente na região da África Subsariana, com um aumento da violência perpetrada por razões religiosas. No entanto, os assassinatos de cristãos diminuíram, passando dos 5.621 do ano passado para os 4.998 registados neste relatório. A razão é o declínio detectado na Nigéria, mas o país continua a ser o mesmo “epicentro de massacres” como infelizmente também aconteceu no Natal.

Preocupante o número, crescente e difícil de recolher, das vítimas de “abusos, estupros e casamentos forçados” é preocupante: 3231 pessoas. Houve também um aumento “sem precedentes” de ataques contra igrejas: de 2.110 para 14.766.

A agravar o quadro, a exportação do “modelo de perseguição digital” chinês e as violências na Índia, aumentadas à medida que as eleições se aproximavam. A isto se soma a rápida difusão do fenômeno da Igreja “refugiada”, acelerada pela influência da China e da Rússia. Além disso, no Médio Oriente e no Norte de África, “os cristãos sentem-se cada vez menos em casa”, sublinha o relatório de 2024.

Olhando de forma geral para a situação na Ásia e no Médio Oriente, a Coreia do Norte mantém a primeira posição devido à política de “tolerância zero para os cristãos” adotada pelo regime de Pyongyang. Entre os atos de perseguição mais relevantes estão “as repatriações forçadas de fugitivos norte-coreanos pela China”, explica Portas Abertas, que o configuram como um país em que “ser descoberto como cristão é, em todos os aspectos, uma sentença de morte”.

Segue-se o Iêmen, na quinta posição. Trata-se como a Somália e a Líbia, uma nação rigidamente islâmica onde a "intolerância anti-cristã", alimentada por dinâmicas tribais, "extremismo ativo" e "instabilidade endêmica", força os cristãos a viverem a sua fé muitas vezes em segredo.

O sétimo lugar é o Paquistão, um país que se manteve estável no topo da lista durante muitos anos: depois da Nigéria, é "a segunda nação do mundo onde ocorre mais violência anti-cristã", explica WWL. O ataque em Jaranwala é indicativo disso em agosto de 2023.

Segue o Irã em nono lugar, que cai uma posição face ao relatório de 2023. Aqui os cristãos, “cidadãos de segunda classe”, são obrigados a “reunir-se em pequenos grupos em casa”. De fato, o regime islâmico vê as igrejas como “ameaças”,  sublinha Portas Abertas.

Em décimo lugar está o Afeganistão, onde se verifica uma diminuição da "pontuação relativa à violência contra os cristãos", devido à atenção dedicada pelos talibãs à consolidação do seu poder.

A Índia, porém, permanece estável na décima primeira posição. “Há anos que denunciamos o declínio das liberdades fundamentais da minoria cristã, alvo de violência e discriminação”, comunica Portas Abertas.

Segue-se a Síria em décimo segundo lugar, país onde “os desafios que os cristãos enfrentam continuam a ser numerosos e graves” e, por último, a Arábia Saudita, em décimo terceiro. Aqui, “o pequeno número de cristãos sauditas cresceu lentamente”, explica o relatório, mas “com um custo”: o dos maus-tratos e do assédio, mesmo contra os mais jovens, porque a conversão do Islão ao Cristianismo é amplamente considerada “inaceitável”.

*Com Asianews

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17 janeiro 2024, 15:14