Zuppi: o Papa não se habitua com a guerra, proximidade, não "equidistância"
Salvatore Cernuzio – Pope
Não a "equidistância", mas a proximidade com todos, de modo a "impulsionar e encontrar todas as oportunidades" para alcançar a justiça e a paz. E que se chegue a ela "juntos", por meio do diálogo que "não é fraqueza", mas um instrumento "para que os conflitos não sejam decididos pelas armas ". Com essas palavras, o cardeal Matteo Maria Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), resumiu o pensamento, a posição e a estratégia do Papa Francisco sobre as guerras que estão ocorrendo no mundo. Em particular, o purpurado - falando esta sexta-feira em conexão vídeo com o Fórum Internacional sobre Agricultura e Alimentação organizado em Roma por Coldiretti e The European House-Ambrosetti - se deteve sobre as palavras do Papa a cerca do drama que está destruindo o Oriente Médio desde 7 de outubro, também à luz do apelo do Pontífice no final da audiência geral de quarta-feira (22).
Francesco, recém-chegado de seu encontro algumas horas antes com os familiares dos reféns israelenses e com um grupo de palestinos parentes de pessoas que estão atualmente em meio à guerra em Gaza, disse: "Eles sofrem muito e senti como ambos sofrem: as guerras fazem isso, mas aí fomos além das guerras, isso não é guerrear, isso é terrorismo". Com relação à polêmica sobre o fato de o Papa, segundo alguns, ter colocado o Hamas e Israel no mesmo nível, o cardeal Zuppi quis esclarecer: "O Papa é cuidadoso e não está colocando todos no mesmo nível. O que ocorreu no 7 de outubro foi uma tragédia, ponto final. Foi uma tragédia". Da parte do Papa, há "atenção" e há "condenação".
Terrível sofrimento em Gaza
Olhando para o que está acontecendo em Gaza, "por que o Papa está pedindo um cessar-fogo?", perguntou Zuppi ainda, "porque há um sofrimento terrível e, olhando para o futuro, parece-me que (o Papa Francisco) está impulsionando por outra solução para que realmente se combata o terrorismo, removendo tudo o que, de certa forma, paradoxalmente, pode justificá-lo".
"7 de outubro, ponto. Essa é a posição do Papa", insistiu novamente o presidente da CEI. E lembrou o exemplo da Ucrânia, aonde foi enviado pelo Pontífice em junho passado para iniciar uma missão de diálogo visando a uma solução pacífica que também teve sucessivas etapas em Moscou, Washington e Pequim. "Na Ucrânia, não é que o Papa tenha tido ou tem o Plano B ou C", disse Zuppi. "O Papa não se habitua com a guerra, alguns dizem que ele é equidistante. Não, a expressão que ele mesmo usou é proximidade com todos e isso nunca significa confundir responsabilidades, é tentar encontrar todos os espaços possíveis".
Impulsionar na direção da justiça e da paz
O objetivo é, em primeiro lugar, mitigar as consequências da guerra, mas depois "impulsionar e encontrar todas as oportunidades para que as várias convergências, as muitas alianças possam avançar na mesma direção, ou seja, encontrar a justiça e a segurança da paz" por meio do diálogo. Diálogo que nunca é "fraqueza", esclareceu o cardeal. "Às vezes – observou -, pensamos que o diálogo é um meio termo... Não, o diálogo deve ser cada vez mais a forma indispensável para que as armas não sejam o instrumento para resolver os conflitos e, compreensivelmente, o recurso à autodefesa e, em seguida, como diz o Catecismo da Igreja católica, para colocar o agressor em uma condição de não agredir. Porém - acrescentou Zuppi -, depois disso, é preciso encontrar os caminhos da paz".
Esse é o plano do Papa, aliás, observou o presidente dos bispos italianos, "não é um plano, é um impulso", porque "somente juntos" chegaremos a "encontrar uma saída".
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