ʲܾã: um dia de oração após os ataques às igrejas
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No próximo domingo, 20 de agosto, será celebrado um dia especial de oração em todas as comunidades católicas do Paquistão: com este anúncio, a Conferência Episcopal do Paquistão coloca nas mãos do Senhor os episódios de violência contra edifícios sagrados e famílias de batizados, ocorrido em 16 de agosto na localidade de Jaranwala, perto de Faisalabad, no Punjab paquistanês.
"Rezemos pela paz, pela harmonia inter-religiosa, para dizer 'Não' a todas as formas de violência e ódio, que são sempre injustificadas, um veneno para a sociedade. Invocamos Deus, o doador de todo bem, e pedimos a todos os homens de boa vontade, cristãos e muçulmanos, que estejam ao nosso lado, unidos por um Paquistão pacífico, livre do ódio, onde os direitos e as liberdades de todos os cidadãos sejam respeitados, independentemente de seu credo", disse à Agência Fides dom Sebasian Shaw, arcebispo de Laore, capital da província de Punjab, palco dos incidentes.
O estopim da violência foi a suposta acusação de blasfêmia, completamente infundada, contra Saleem Masih, um cristão analfabeto que trabalha no saneamento de ruas, acusado de ultrajar o Alcorão. De acordo com alguns muçulmanos da região, foram encontradas páginas do livro sagrado com escritos blasfemos e a acusação recaiu sobre Masih. Após um apelo de um líder religioso islâmico local, uma multidão desencadeou uma violência em massa que teve como alvo principal as igrejas e as casas dos cristãos na área de Jaranwala.
A polícia paquistanesa prendeu 129 muçulmanos depois que uma multidão enfurecida por uma suposta profanação do Alcorão vandalizou e incendiou 21 igrejas e 35 casas de cristãos em Jaranwala, entre as quais a residência de um pastor. Centenas de Bíblias foram queimadas.
Presos dois cristãos
A polícia também prendeu dois homens cristãos, acusados por muçulmanos locais de rasgar páginas de um Alcorão, escrever comentários insultuosos em outras páginas e depois jogar o livro no chão. Para Amir e Raki Masih, a acusação é de terem "profanado o Alcorão, insultado o Profeta e os muçulmanos", diz a nota da polícia. Eles foram indiciados por blasfêmia e estão atualmente sob custódia do departamento de antiterrorismo, informou o primeiro-ministro da Província de Punjab, Mohsin Naqvi.
O padre Khalis Mukhtar, pároco da Igreja Católica de São Paulo, reduzida a escombros, contou que, às 5h30 da manhã, uma multidão invadiu a igreja, espancou um catequista e "começou a destruí-la e a incendiá-la, tendo também como alvo o bairro onde vivem as famílias cristãs, que foram ameaçadas e forçadas a fugir". Deve-se dizer, por outro lado, que muitas famílias que fugiram foram acolhidas e ajudadas por outras famílias muçulmanas da região, que também ficaram chocadas com a súbita e injustificada onda de violência.
No dia seguinte aos eventos, muitos policiais e guardas florestais foram enviados à área para restabelecer a segurança. As instituições políticas garantiram uma investigação e a responsabilização para identificar aqueles que instigaram e realizaram o ataque aos cristãos.
O presidente da Conferência Episcopal do Paquistão, arcebispo Joseph Arsad, de Islamabad-Rawalpindi, esperava que "a primazia da lei e da justiça fosse restabelecida e que uma sociedade melhor fosse construída", enquanto o bispo anglicano Azad Marshall pediu ao governo que "garantisse justiça e segurança para todos".
Akmal Bhatti, um líder católico que dirige o fórum "Minorities Alliance Pakistan", observou que "mais uma vez as acusações de blasfêmia são o pretexto para justificar ataques em massa contra pessoas inocentes e locais cristãos".
Comissão Nacional de Justiça e Paz (NCJP) condena os espisódios
Assim como vários representantes religiosos e civis, cristãos e muçulmanos, a Comissão Nacional de Justiça e Paz (NCJP), da Conferência dos Bispos Católicos do Paquistão, condenou os episódios, expressando "preocupação com esse grave ataque aos cristãos" e evocando lembranças de "falsas acusações de blasfêmia" do passado que provocaram incidentes semelhantes. Em nome de toda a Igreja Católica no Paquistão, ela expressou solidariedade às famílias cristãs afetadas, encorajou-as a "permanecerem unidas em oração" e expressou otimismo sobre a resposta do governo para reconstruir as igrejas e casas destruídas.
"O incidente em Jaranwala", conclui, "nos lembra da necessidade urgente de promover a harmonia, a unidade e a compreensão entre as comunidades religiosas", expressando a esperança de que todos os componentes da sociedade "trabalhem pela justiça, pela paz e pela coexistência".
Fonte: Agência Fides
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