Confisco da UCA: "Acusa??es falsas", diz Superior dos Jesu¨ªtas
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Em mensagem endereçada ao Pe. José Domingo Cuesta, S.J., Cúria Provincial da América Central, San Salvador, o Superior Geral da Companhia de Jesus, Pe. Arturo Sosa, manifesta sua "grande surpresa e maior dor pelas consequências para a juventude e para todo o povo da Nicarágua", ao saber da notícia da "injusta medida de apreensão e confisco dos bens da Universidade Centro-Americana, UCA, de Manágua, pelas instituições que compõem o atual regime de governo na Nicarágua."
Em seu nome e de toda a Companhia de Jesus, Pe. Sosa expressa ao Provincial e a todos os membros da universidade sua solidariedade, recordando o trabalho realizado desde 1960, de modo particular os avanços nos últimos anos.
O jesuíta recorda ainda que o serviço prestado pela UCA sempre esteve em consonância com a missão da Companhia de Jesus e da Igreja Católica, "defendendo a causa da justiça e da verdade; promovendo o direito ao pensamento e a uma educação aberta, democrática e gratuita" e comprometido "socialmente com a qualidade da formação e com a defesa dos direitos e a vida dos mais desfavorecidos", como atestam todos os reconhecimentos nacionais e internacionais recebidos pela UCA nestes 63 anos.
Acusações falsas e infundadas
Sabe-se - reitera Pe. Sosa - que as acusações contra a UCA são totalmente falsas e desprovidas de qualquer fundamento e que diante de uma justiça imparcial, viria à tona "toda a trama que o governo vem executando, desde os protestos juvenis de 2018, contra a UCA, contra tantas outras obras da Igreja Católica e contra milhares de instituições da Sociedade Civil, com o objetivo de sufocá-las, fechá-las ou apropriar-se delas. Com calúnias semelhantes, também ultrajaram os direitos de tantas pessoas, sua reputação, suas vidas e seus bens".
E em consonância com o comunicado da Província da América Central da Companhia de Jesus, Pe. Arturo Sosa afirma:
Uno-me à reivindicação de que essa medida judicial contra a UCA seja revertida e corrigida, para que cessem as agressões governamentais contra ela e seus integrantes, para que sejam abertos caminhos de diálogo pautados na verdade, na liberdade e no direito à educação de qualidade para os juventude e para todo o povo da Nicarágua.
Em particular neste momento da cruz, por permanecerem fiéis a Jesus de Nazaré, o Superior Geral reitera seu apoio e o de toda a Companhia de Jesus à missão realizada pela Província da América Central na UCA em Manágua. "Continuo muito em comunhão convosco, com todos os nossos companheiros Jesuítas, e com todos aqueles com quem partilhamos a missão e que puseram a sua alma, a sua vida e o seu coração para tornar possível o que a UCA é hoje, arriscando para que pode continuar fazendo isso para a maior glória de Deus."
O comunidado da Província da América Central
A também emitiu uma nota onde reitera serem totalmente falsas e infundadas as graves acusações contra a Universidade Jesuíta descrita como "Centro de terrorismo", e acusada de ter "traído a confiança do povo nicaraguense" e de ¡°ter transgredido a ordem constitucional, a ordem legal e a ordem que rege o Instituições de Ensino Superior do país¡±.
O confisco - afirma a nota - é o preço a ser pago pela busca de uma sociedade mais justa, pela proteção da vida, da verdade e da liberdade do povo nicaraguense.
Essa nova agressão do governo contra a Universidade não é um evento isolado, mas faz parte de uma série de ataques injustificados contra a população nicaraguense e outras instituições educacionais e sociais da sociedade civil que estão gerando um clima de violência e insegurança e agravando a crise sociopolítica do país.
A Província da América Central da Companhia de Jesus, além da imediata suspensão da medida judicial do confisco, solicita ao Governo da Nicarágua a biusca de uma solução racional em que prevaleçam a verdade, a justiça, o diálogo e a defesa da liberdade acadêmica.
Guterres: confisco da UCA viola Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
Durante um briefing na quinta-feira, 17, o porta-voz de António Guterres assegurou que o secretário-geral está acompanhando com preocupação os desdobramentos da situação na Nicarágua, "particularmente o aumento das tensões entre o Governo da Nicarágua e a Igreja Católica, incluindo o recente fechamento da Universidade Centro-Americana".
O secretário-geral recorda que o encerramento em curso de um centro educativo, alegando preocupações de segurança nacional, deve ser feito em conformidade com as obrigações internacionais decorrentes do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Mais especificamente, o Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais enfatizou que um Estado Parte que fecha uma universidade ou outra instituição educacional por motivos como segurança nacional ou preservação da ordem pública tem o ônus de justificar uma medida tão grave em relação à cada um dos elementos identificados no artigo 4 do Pacto.
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